Economia

FMI critica estratégia de crescimento em curto prazo na China

Para o Fundo Monetário Internacional, o país está apoiando artificialmente o crescimento sem lutar contra uma bolha financeira que ameaça o resto do mundo

China: o FMI revisou em alta o crescimento do gigante asiático e aposta agora em 6,6% em 2017, em comparação aos 6,5% que previa em janeiro (Qilai Shen/Site Exame)

China: o FMI revisou em alta o crescimento do gigante asiático e aposta agora em 6,6% em 2017, em comparação aos 6,5% que previa em janeiro (Qilai Shen/Site Exame)

A

AFP

Publicado em 18 de abril de 2017 às 15h44.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) criticou nesta política econômica da China por apoiar artificialmente seu crescimento no curto prazo, mas sem lutar contra uma bolha financeira que ameaça o resto do mundo.

Em suas previsões econômicas mundiais, o FMI revisou em alta o crescimento do gigante asiático e aposta agora em 6,6% em 2017, em comparação aos 6,5% que previa em janeiro. Para 2018, prevê 6,2%.

A recuperação chinesa dos últimos meses foi confirmada na segunda-feira com o anúncio de Pequim de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,9% no primeiro trimestre do ano.

Em 2016 a segunda economia mundial só cresceu um 6,7%, seu nível mais baixo em 26 anos.

Em seu relatório, o FMI adverte sobre o perigo de um crescimento alimentado unicamente com crédito, que põe em risco ao sistema financeiro.

A instituição dá a entender que as autoridades comunistas chinesas poderiam estar atuando desta manera com fins políticos, a poucos meses do congresso do Partido Comunista em que o atual presidente, Xi Jinping, aspira renovar seu mandato.

"Está previsto que as autoridades chinesas continuem ressaltando a preservação da estabilidade macroeconômica diante da transição da liderança do país mais para frente neste ano", afirmam os autores do relatório.

"A economia chinesa continua dependendo das medidas de reativação para manter um crescimento elevado e continua dependendo perigosamente de uma expansão rápida do crédito", acrescentam.

Repercussões "consideráveis"

O relatório critica o fato de a China ter adiado reforma do setor financeiro.

"Os avanços na redução do superendividamento das empresas e na desaceleração do crédito são limitados", lamenta o FMI, atribuindo ao fato de que as autoridades preferem "manter um crescimento relativamente elevado do PIB no curto prazo".

O sistema financeiro "cada vez menos transparente ecomplexo" que denuncia o FMI se trata de um sistema de créditos fora do sistema bancário oficial ao qual recorrem empresas ou particulares.

A instituição dirigida por Christine Lagarde pede que "se coloque um freio aos produtos alternativos" e reforce os dispositivos de controle, assegurando que os riscos do sistema financeiro chinês ameaçam todo o planeta.

Neste sentido, lembra que "como demostraram os sobressaltos dos mercados no segundo semestre de 2015 e começo de 2016, as repercussões das turbulências em China nos demais países podem ser consideráveis".

Entre os desafios para a economia do gigante asiático, o FMI se refere sem citar o presidente americano Donald Trump, que durante sua campanha eleitoral ameaçou com a imposição de tarifas proibitivas a produtos chinês.

"Fatores externos como a adoção de políticas protecionistas nos países avançados, ou choques internos poderiam provocar o endurecimento geral das condições financeiras para a China", adverte o relatório.

Consequentemente, o FMI pede a Pequim que "aceite" um crescimento mais lento e se decida a reduzir o crédito aumentando os jutos do Banco Central.

Por último, o FMI também pede uma restruturação "decidida" das empresas públicas que não sejam rentáveis assim como uma melhora das ajudas sociais, do sistema de saúde e dos seguros desemprego.

Acompanhe tudo sobre:ChinaFMI

Mais de Economia

G20 se compromete a 'cooperar' para taxar grandes fortunas

Olimpíada de 2024 pode movimentar até 11 bilhões de euros, diz estudo

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

Mais na Exame