Fed vai parar de reduzir carteira de 4 trilhões neste ano, diz Powell
Investidores avaliam que medida caminha em conjunto com pausa na elevação dos juros dos Estados Unidos
Reuters
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 17h54.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 17h58.
Washington - O Federal Reserve vai parar de reduzir sua carteira de 4 trilhões de dólares neste ano, disse o chairman da instituição, Jerome Powell, nesta quarta-feira, encerrando um processo que investidores afirmam que trabalha em conjunto com a atual pausa na elevação dos juros dos Estados Unidos .
"Nós consideramos o esboço de um plano que esperamos poder anunciar em breve e que vai dar clareza para o caminho de normalização do balanço até o final do ano", disse Powell a membros da comissão de serviços financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA.
"Vamos estar em uma posição... de interromper a redução do balanço neste ano", disse Powell, nos mais amplos comentários sobre o assunto feitos até agora pela autoridade monetária. Ele acrescentou que isso fará com que o balanço do Fed corresponda a cerca de 16 ou 17 por cento do PIB dos EUA, alta de cerca de 6 por cento em relação ao período da crise financeira internacional de uma década atrás.
O PIB dos EUA é de cerca de 20 trilhões de dólares, o que indica que o balanço do Fed será de entre 3,2 trilhões e 3,4 trilhões de dólares.
O Fed tem reduzido sua carteira, atolada por trilhões de dólares de compra de bônus durante o período seguinte à crise para ajudar a manter o juro dos EUA baixo, impulsionando a economia. O ritmo de redução tem sido de até 50 bilhões de dólares por mês desde outubro de 2017. Até alguns meses atrás, a expectativa era que o Fed continuaria reduzindo o balanço por mais alguns anos.
Mas em uma série de reuniões que começaram em novembro, o Fed tem considerado uma nova estratégia. Com o aumento da demanda por moedas ao redor do mundo, e com bancos norte-americanos interessados nas reservas mantidas pelo Fed, os formuladores de política da autoridade monetária acreditam agora que uma carteira maior é necessária para assegurar um controle apropriado das taxas de juro de curto prazo.
Inflação
Powell, disse ainda que a instituição não está considerando elevar sua meta de inflação. "Não estamos olhando para uma meta de inflação mais alta", afirmou Powell, mas sim procurando maneiras de "atingir com mais credibilidade" o objetivo já existente, de 2%.
A autoridade também disse que a instituição terá três reuniões para discutir o fim da normalização de seu balanço patrimonial. O dirigente concluiu repetindo, como disse antes, que espera anunciar algo em breve a esse respeito. Segundo ele, o o balanço da instituição deve equivaler a 16% a 17% do Produto Interno Bruto (PIB) americano, após o fim de seu processo de redução, previsto para ocorrer ainda neste ano. Antes da crise, ele era de 6% do PIB.
O presidente do Fed fez também uma defesa dos testes de estresse no setor bancário, que segundo ele são provavelmente a inovação regulatória mais bem-sucedida após a crise. "Queremos preservar esses testes, especialmente sobre os grandes bancos", afirmou.
Powell foi também perguntado sobre a possibilidade de haver mais de uma taxa básica de juros nos EUA. Nesse ponto, ele defendeu a manutenção de apenas uma em nível nacional, para todos os setores da economia.