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Fed pode perder chance de provar seus mantras preferidos

O Fed tem três mantras: toda reunião é uma possibilidade de modificar os juros, a política se baseia nos dados e as decisões não têm motivações políticas

Fed: um aumento dos juros na reunião que acontecerá nos dias 1 e 2 de novembro mostraria que há intenção por trás de suas palavras (Kevin Lamarque/Reuters)

Luísa Granato

Publicado em 28 de outubro de 2016 às 21h05.

Washington - Parece que o Federal Reserve vai deixar passar a chance de provar seus lemas preferidos.

As autoridades têm três mantras: toda reunião é “uma possibilidade válida” de modificar a taxa de juros, a política se baseia nos dados e as decisões não têm motivações políticas.

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E poderiam transformar essas palavras em atos elevando os juros na próxima semana, mas provavelmente não farão isso.

Um aumento dos juros na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) que acontecerá nos dias 1 e 2 de novembro mostraria que há intenção por trás de suas palavras.

Os dados econômicos estão fortes desde a reunião do mês passado. A decisão acontecerá poucos dias antes da eleição presidencial dos EUA.

E a presidente do Fed, Janet Yellen, não concederá uma entrevista coletiva -- comunicados que os investidores interpretaram como pré-requisitos para uma decisão, para que ela possa explicar o porquê.

Mesmo assim, economistas e investidores acham que é improvável que haja um aumento. A inflação está abaixo da meta de 2 por cento do Fed, o que reduz a urgência de uma medida.

Além disso, o comitê se reunirá em meados de dezembro, então as autoridades poderiam esperar para ver como os mercados vão reagir à vitória do republicano Donald Trump ou da democrata Hillary Clinton na Casa Branca e, ainda assim, poderiam realizar um aumento dos juros em 2016.

“Eles adorariam provar que podem agir em um mês sem entrevista coletiva, para mostrar que todas as reuniões são válidas e que são apolíticos, mas o problema é a eleição”, disse Gennadiy Goldberg, estrategista de taxa de juros da TD Securities em Nova York.

“É difícil transmitir que, embora sejam apolíticos, eles não são cegos aos riscos políticos.”

À espera de dezembro

As autoridades pretendem elevar a taxa básica em um quarto de ponto percentual antes do fim do ano da atual faixa alvo de 0,25 por cento a 0,5 por cento, de acordo com projeções trimestrais publicadas em setembro.

Se o banco central dos EUA afirmar que mantém os juros inalterados por causa da eleição, isso poderá gerar riscos de estabilidade, políticos poderiam facilmente distorcer essa afirmação para argumentar que a instituição tem intenções políticas.

Trump afirmou várias vezes que Yellen está mantendo os juros baixos para que o presidente Barack Obama, que é democrata, termine o mandato no auge.

Como não pode admitir que inclui a eleição em seus cálculos, o Fed poderia enfrentar um desafio de comunicação para explicar na próxima semana por que não agiu.

O comunicado de setembro do Fomc e a ata da reunião pintaram um retrato otimista da economia, e os dados desde então não fizeram muito para mudar essa visão.

Os ganhos do mercado de trabalho em setembro ficaram muito acima do patamar que a maioria dos economistas considera necessário para que o desempenho se mantenha estável ou em queda, e a inflação mostrou sinais de firmeza.

No entanto, Yellen deixou claro na entrevista coletiva de setembro que o comitê está disposto a manter os juros baixos por mais tempo para dar à economia “espaço para avançar”.

Como resultado, as autoridades poderiam defender mais um adiamento da política argumentando que estão esperando mais informações.

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