Fed lança luz sobre retomada americana em meio à pandemia de covid-19
Expectativa do mercado é de manutenção dos juros, mas Jerome Powell deve trazer pistas para os próximos meses
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de julho de 2020 às 06h34.
Última atualização em 29 de julho de 2020 às 19h35.
Nesta quarta-feira (29), as atenções do mercado estarão voltadas para o Federal Reserve , o banco central americano, que encerra sua reunião de dois dias. A expectativa é que não haja alteração na taxa de juros, hoje na faixa entre 0% e 0,25%. No entanto, a coletiva de imprensa do seu presidente Jerome Powell pode trazer pistas sobre os próximos meses.
Ninguém espera que os juros subam no futuro próximo, mas o Fed pode deixar mais claro para quais indicadores olha com mais atenção e quais medidas estão sendo consideradas. Isso tem influência sobre a curva futura de juros, inflação e câmbio – tanto lá quanto no resto do mundo, incluindo o Brasil.
“O encontro do Comitê provavelmente envolverá um debate sobre a caixa de ferramentas com uma discussão sobre como mudar o eixo de políticas de ‘estabilização’ para ‘acomodação’”, diz um relatório do Bank of America Merrill Lynch assinado por Michelle Meyer, Mark Cabana e Ben Randol.
O Fed, que vem atuando intensamente na oferta de liquidez e de crédito desde o início da crise, precisa considerar vários pontos em movimento. Um deles é a trajetória da própria pandemia, indissociável da recuperação econômica.
Na época da última reunião do Fed, no início de junho, a situação do coronavírus parecia estabilizada nos EUA , mas desde então vários estados populosos como Flórida e Texas encaram um repique de infecções que levou a novos fechamentos de atividades.
Outro fator a ser considerado é a resposta de outros atores. No começo da semana, o Partido Republicano apresentou um novo pacote de estímulos de 1 trilhão de dólares que ainda precisa ser negociado dentro do partido e com os democratas e pode até crescer de tamanho.
Uma das medidas mais polêmicas é a redução do pagamento semanal de 600 dólares a desempregados, que expira no final do mês, para 200 dólares, como forma de incentivar que as pessoas voltem ao trabalho. Para qual trabalho exatamente, e sob qual risco de contágio, isso nem o Fed saberia responder. Mais imprevisível que a economia, só a pandemia.