Economia

Exportação de veículos é recorde, mas montadoras criticam câmbio

Embarques ao exterior atingem 882 milhões de dólares em fevereiro, mas ritmo de expansão diminui devido à desvalorização do dólar. Álcool mais caro não prejudicou vendas no mercado interno, segundo a Anfavea

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

Apesar de o álcool continuar subindo nas bombas dos postos brasileiros, o combustível não está tirando a tranqüilidade dos líderes das montadoras brasileiras. A grande preocupação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está, sim, no mercado externo e na baixa cotação do dólar, que vem reduzindo o ritmo de crescimento das exportações.

Quem vê os números de fevereiro, divulgados nesta segunda-feira (6/3), poderia interpretar as reclamações como alarmistas demais. Afinal, o embarque de autoveículos e máquinas agrícolas somou 882,708 milhões de dólares, um recorde para o mês. O resultado foi 12,9% maior do que o de fevereiro de 2005 e ficou 19,3% acima do de janeiro de 2006. No acumulado do ano, as exportações somam cerca de 1,623 bilhão de dólares, cifra também recorde para o período de janeiro e fevereiro.

Segundo a Anfavea, no entanto, por trás dos números positivos, está a ação do dólar baixo, que vem prejudicando as vendas para o mercado externo. Enquanto os embarques brasileiros de veículos para outros países cresceram 39,7% de 2002 para 2003 - resultado acumulado no ano -, 56,8% de 2003 para 2004 e 45,85% de 2004 para 2005, os números de janeiro e fevereiro de 2006 mostram um incremento acumulado de 14,6% em relação aos mesmos meses de 2005. "O fôlego de crescimento está diminuindo de maneira acentuada. É óbvio que a tendência exportadora começa a se reverter", diz Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea. "Com esse nível de câmbio não podemos ter ilusão de que vamos exportar mais. Em algum momento vamos ter de pagar esse preço", continua. No total, foram vendidos ao exterior em fevereiro 54 827 veículos montados, 14 726 desmontados e 1 835 máquinas agrícolas.

Vendas internas

Já a produção não pára de acelerar. Fevereiro também foi mês de recorde de veículos fabricados: 201 889 entre montados e desmontados, 3,3% a mais do que em janeiro e 3,9% a mais do que em fevereiro de 2005. O resultado acumulado no primeiro bimestre de 2006, de 397 284 unidades, também é inédito para o período e ficou 10,7% acima do apresentado no mesmo bimestre de 2005 (359 010 unidade).

No mercado interno, as vendas de veículos novos somaram 127 881 unidades, resultado pouco abaixo do de janeiro (132 890) e 11,3% maior do que o de fevereiro de 2005. Segundo a Anfavea, a queda diante do mês anterior não é significativa, já que tem como causa apenas o menor número de dias úteis de fevereiro (19 dias) na comparação com janeiro (22 dias). "Teríamos um crescimento de 11,4% {em relação ao primeiro mês do ano] se contada essa diferença de 3 dias", afirma Golfarb.

Para a Anfavea, a escalada do preço do álcool não influenciou e nem deve influenciar as vendas no mercado interno. "Nossa posição é de preocupação, mas entendemos o que gerou essa volatilidade e esperamos que, com o tempo, isso se equacione. Nós temos todas as condições para que esses preços caiam", diz o presidente da associação, que destaca dois fatores pontuais para a disparada do combustível: a entressafra da cana e a venda dos bicombustíveis, que podem ser movidos tanto a álcool quanto a gasolina.

São justamente esses modelos, chamados de flex, que dominam as vendas de veículos no país. Em fevereiro, eles já atingiram 76,6% de todos os automóveis licenciados, contra 19,3% a gasolina, 3,9% a diesel e apenas 0,2% a álcool. Em fevereiro de 2005, a gasolina imperava com 65,2% das vendas, enquanto o flex ficava com 27,5% e o álcool com 3,3%.

A Anfavea segue com as metas de 11,5 bilhões de dólares em vendas para o mercado externo, o que representaria aumento de 2,7%, e de 1,84 milhão de veículos comercializados no mercado interno (crescimento de 7,1%) em 2006.

 

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