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Europa teme sanções contra suas empresas no Irã

Com a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear, países europeus temem que o Irã aplique sanções contra suas empresas

Irã: os intercâmbios entre a União Europeia e o Irã triplicaram após acordo nuclear (Leonhard Foeger/Reuters)
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AFP

Publicado em 9 de maio de 2018 às 13h19.

Última atualização em 9 de maio de 2018 às 13h24.

Esse é o cenário que todos temiam. O restabelecimento das sanções americanas a Teerã põe as empresas europeias que apostaram no Irã em uma situação delicada.

No dia seguinte ao anúncio de Donald Trump da saída do acordo nuclear com o Irã e do restabelecimento das sanções americanas contra a República Islâmica, a Presidência francesa garantiu que os europeus "farão tudo que for possível para proteger os interesses de suas empresas" no Irã.

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Assinado em Viena em julho de 2015, o acordo levantava parte das sanções internacionais contra Teerã, dando às empresas europeias novas perspectivas nesse mercado promissor, com cerca de 80 milhões de habitantes.

Airbus, Siemens, Total, PSA (Peugeot Citroen), Fincantieri... Diversas multinacionais lançaram imediatamente projetos no Irã.

Avaliados em 7,7 bilhões de euros em 2015, os intercâmbios entre a União Europeia e o Irã se triplicaram, chegando aos 21 bilhões de euros em 2017.

As exportações europeias decolaram: as da Alemanha chegaram a 3 bilhões de euros em 2017, enquanto as da Itália alcançaram 1,7 bilhão. As vendas francesas praticamente triplicaram entre 2015 e 2017, a 1,5 bilhão de euros.

Contudo, a decisão americana põe esses projetos em risco. Washington deu um prazo de 90 a 180 dias para as empresas interromperem seus contratos com o Irã e proibiu novos negócios.

A Casa Branca se baseia no princípio da extraterritorialidade das leis americanas, que permite a Washington sancionar empresas estrangeiras que trabalhem em países sob embargo, se elas também tiverem vínculos comerciais com os Estados Unidos, ou usarem dólares em suas transações.

Clareza jurídica

Este tipo de sanção já foi usado no passado, como em 2014, quando os Estados Unidos aplicaram uma multa de 8,9 bilhões de dólares ao banco francês BNP Paribas por ter violado sanções contra o Irã e outros países.

"Para as empresas europeias que têm negócios nos Estados Unidos, é impossível escapar deste gendarme [econômico] mundial", disse à AFP Jacque Hogard, presidente de um escritório de conselho internacional.

"Pode-se tentar driblá-las, mas é impossível para as grandes empresas", acrescentou.

A decisão de Trump coloca vários grupos internacionais em uma situação difícil. Entre eles, está a Total, que, com a chinesa CNPC, assinou um acordo para investir 5 bilhões de dólares em South Pars, uma enorme jazida de gás iraniana.

Em abril, seu diretor tinha dito que pediria uma isenção às autoridades americanas.

Para Mahasti Razavi, advogada da empresa, a decisão de Trump "não apaga o que já foi feito", mas deve esclarecer o que pode acontecer, caso um país mantenha relações comerciais com o Irã.

Com isso em mente, as empresas se mantêm prudentes.

"Estamos analisando com cuidado o anúncio e avaliaremos as próximas etapas a seguir conforme nossas políticas internas e em respeito total às sanções e às regras de controle das exportações", apontou um porta-voz da Airbus.

Siemens e a automotiva PSA também compartilham a mesma posição. Essa última disse que espera que a União Europeia adote uma posição oficial.

"Os representantes das empresas europeias, seja qual for seu tamanho, precisam de clareza jurídica, e contamos com o apoio das instituições europeias dos Estados-membros, para ajudar as empresas a enfrentarem a incerteza atual e suas consequências negativas", disse Emma Marcegaglia, presidente da BusinessEurope, a associação patronal europeia, e presidente do grupo Eni.

O ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, indicou que se reunirá "até o fim de semana" com o secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, para analisar com ele "as possibilidades de evitar sanções".

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