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EUA tomam a dianteira nas negociações da Alca

O secretário de comércio americano Robert Zoellick anunciou nesta terça-feira a intenção do governo do presidente George Bush de suspender no prazo máximo de cinco anos todas as tarifas sobre os produtos têxteis importados dos países pertencentes à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Zoellick também esteve reunido em Nova York com um comitê […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

O secretário de comércio americano Robert Zoellick anunciou nesta terça-feira a intenção do governo do presidente George Bush de suspender no prazo máximo de cinco anos todas as tarifas sobre os produtos têxteis importados dos países pertencentes à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Zoellick também esteve reunido em Nova York com um comitê de 14 empresários brasileiros da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham) para discutir os rumos e perspectivas da Alca.

De acordo com a Amcham, o fato de o comitê estar nos Estados Unidos justamente no dia em que o país divulgou as propostas para as transações comerciais do continente não passou de uma feliz coincidência. No Brasil a notícia pegou de surpresa os principais empresários do setor têxtil, o Itamaraty e até o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. O governo prefere não se pronunciar, afirmando não ter recebido oficialmente a posição americana. De qualquer forma, o significado das declarações de Zoellick é um só: os Estados Unidos não estão brincando em serviço e já começaram a negociar a Alca.

A proposta prevê ainda que cerca de 65% das importações americanas de bens de consumo e produtos industrializados do hemisfério ficariam isentas de impostos logo após a Alca entrar em vigor, com todas as taxas sobre bens de consumo e produtos industrializados eliminadas até 2015. A mesma regra se aplica a 56% das importações agrícolas, sendo que algumas tarifas cairiam na redução gradual, de 5 anos a mais de 10 ajustadas para cada país.

O anúncio oficial da proposta de Zoellick só deverá ser feito no próximo dia 15, quando os 34 países que fazem parte do bloco das Américas se reunirão, no Panamá, para apresentar as respectivas propostas para o cronograma de eliminação das tarifas alfandegárias. Nesta reunião, o Brasil apresentará propostas elaboradas em conjunto com os países do Mercosul. O receio dos principais negociadores e analistas brasileiros é que os americanos tentem dividir os países latino-americanos em dois blocos: o dos países andinos, caribenhos e da América Central (que gozariam imediatamente da isenção de tarifas) e os do Mercosul (que supostamenente teriam de aceitar um prazo mais longo para desfrutar a benesse).

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Aparentemente a idéia americana é ótima. Irá aumentar a competitividade dos nossos produtos no mercado americano, mas é preciso estudar o conteúdo completo da proposta para saber o que eles vão querer em troca , diz o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Companhia de Tecidos Coteminas. O receio de Gomes da Silva e da indústria têxtil brasileiro se justifica. Os Estados Unidos sempre intervieram nas transações do setor. Por isso, é preciso que a indústria nacional não se deixe levar por um excesso de euforia.

Uma das condições para que a isenção de impostos realmente venha a acontecer Zoellick já deixou clara: reciprocidade. Ou seja: os Estados Unidos exigem que os demais países participantes do acordo também isentem os produtos têxteis estrangeiros das tarifas de importação. Temos muitas linhas de produtos que já poderiam estar isentas de impostos, como o segmento de cama, mesa e banho por exemplo , afirma Paulo Skaff, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis. Mas há outras, como a linha de tecidos sintéticos, que precisam dispor de um prazo mais longo para se tornar competitivas no mercado internacional . Skaff lembra também que a proposta americana ainda está muito incipiente e deixa dúvidas quanto a forma e em que tempo se dará a eliminação da tarifas alfandegárias no decorrer desses cinco anos.

As linhas gerais da proposta americana já estão delineadas. Resta agora aguardar até sábado para conhecer o conteúdo completo. E também a posição das demais nações que participarão do encontro do Panamá. Sobretudo a do Brasil, uma incógnita desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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