EUA tem sinais de recuperação, mas Tesouro e Fed estudam mais estímulo
Apesar de o FMI prever uma redução de 8% na economia dos EUA em 2020, há sinais encorajadores como a queda no desemprego e recuperação do varejo
AFP
Publicado em 30 de junho de 2020 às 17h36.
Última atualização em 30 de junho de 2020 às 17h42.
A economia americana dá sinais alentadores de recuperação após o duro impacto provocado pela pandemia do novo coronavírus, embora os titulares do Tesouro e do Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenham informado nesta terça-feira (30) que pode ser necessário mais estímulo para cimentar a reativação.
Depois que a economia americana registrou dados de emprego muito favoráveis em maio - atribuídos em grande parte aos programas de auxílio aprovados pelo Congresso - a confiança do consumidor, referente ao mês de junho e divulgada nesta terça, aumentou o otimismo.
"Entramos em uma nova fase muito importante e o fizemos antes do previsto", disse o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, durante uma audiência para discutir a implementação do grande pacote de ajuda financeira para a crise aprovado no final de março.
Em seu depoimento, Powell destacou que conter a disseminação do vírus e restaurar a confiança são as chaves para a recuperação da economia, juntamente com a implementação em todos os níveis do governo de políticas para "dar alívio e sustentar a economia enquanto for necessário".
"Uma recuperação total é improvável até que as pessoas sintam que é seguro retornar a múltiplas atividades", alertou Powell, em um momento no qual as regiões Oeste e o Sul dos EUA registram um aumento nos casos de coronavírus.
Apesar da magnitude do impacto, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que haverá uma redução de 8% na economia dos EUA, há alguns sinais encorajadores, como a queda no desemprego, registrada em maio, e uma recuperação nas vendas do varejo e nos gastos dos consumidores.
Somado a esses indicadores está a melhora da confiança do consumidor verificada em maio e junho.
Ainda assim, segundo dados dos auxílios semanais, as demissões causadas pela pandemia se mantêm, com cerca de 1,48 milhão de novos pedidos de seguro desemprego na semana passada.
Auxílio "direcionado"
O Congresso aprovou um enorme plano de ajuda emergencial de US$ 2 trilhões no final de março, chamado de CARES act, com o objetivo de reduzir o impacto da crise nas empresas e trabalhadores mais vulneráveis dos Estados Unidos.
A Câmara de Representantes (baixa) adotou em maio um enorme plano de ajuda de US$ 3 trilhões, mas os republicanos, que são a maioria no Senado, estão pedindo mudanças antes de revisá-lo.
O secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, declarou que a "enorme quantidade de fundos" já aprovada pelo Congresso vem ajudando a fortalecer a economia, que deve melhorar no segundo semestre do ano.
Mnuchin observou que os dados mostram que essa ajuda influenciou na recuperação econômica, e que 2,5 milhões de empregos foram criados em maio.
"Embora a taxa de desemprego permaneça em um nível historicamente alto, estamos vendo indicações adicionais de que as condições vão melhorar significativamente no terceiro ou quarto trimestre deste ano", acrescentou.
O secretário do Tesouro informou que as negociações para um plano de ajuda adicional irão começar.
"Esperamos trabalhar com o Congresso de uma forma bipartidarista em julho para qualquer outra aprovação necessária", ressaltou.
No entanto, ele acrescentou que qualquer ajuda adicional deverá ser "especialmente direcionada a certas indústrias que foram afetadas pela pandemia, com ênfase no emprego".