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EUA: reaquecimento econômico com goteiras, diz IESE

Desde o final do ano 2000, os Estados Unidos vivem um fenômeno curioso. De um lado, os empresários norte-americanos manifestam um pessimismo crescente. Do outro, consumidores continuaram comprando a níveis incrivelmente altos. "Como é possível essa situação? Alguém parece não entender bem a situação", afirma o relatório de maio do IESE Business School, da Universidade […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

Desde o final do ano 2000, os Estados Unidos vivem um fenômeno curioso. De um lado, os empresários norte-americanos manifestam um pessimismo crescente. Do outro, consumidores continuaram comprando a níveis incrivelmente altos. "Como é possível essa situação? Alguém parece não entender bem a situação", afirma o relatório de maio do IESE Business School, da Universidade de Navarra.

Para a universidade, o consumo em alta é provocado pela baixa taxa de juros promovida pelo Federal Reserve (Fed), o banco central do país, que baixou ainda mais as taxas depois dos ataques terroristas de 11 de setembro.

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"Essa dualidade de comportamento e atitude reflete algo mais que uma simples caricatura da realidade: ela tem residido no centro de nossas dúvidas ao longo dos últimos meses", afirma o relatório. E completa: "A medida que o tempo passa, parece anunciar que os otimistas estão com a razão. Também a forte redução dos impostos federais e o compromisso do setor público com a contenção dos gastos tem ajudado a manter o ritmo da atividade econômica do país".

Por outro lado, avalia o IESE, o Fundo Monetário Internacional perdeu boa parte de sua compostura, alarmando a opinião pública com previsões pessimistas no final do ano passado. "Agora chega com sinto muito para poder dar um enfoque muito mais risonho", afirma o IESE.

Há, porém, algumas incertezas. O primeiro risco é proveniente do mercado de petróleo e outras matérias-primas. O segundo é a possibilidade de termos passado a dose correta de estímulo para que a economia mundial se reativasse depois de 11 de setembro. "Os principais bancos centrais aplicaram em suas economias uma grande injeção de moeda, 10,8% a mais apenas nos Estados Unidos. Como resultado, há fortes estoques de liquidez dos dois lados do Atlântico." Para o IESE, um excesso de consumo generalizado poderia elevar as taxas de inflação.

O terceiro fator de preocupação é as contínuas inquietudes a respeito dos desequilíbrios da economia norte-americana. Segundo o instituto, em outras crises, o país conseguiu controlar o problema com controle de consumo e dos gastos públicos. "Pela primeira vez, nem se controlou o consumo, nem foi feito um grande arrocho nas contas públicas. Pelo contrário, as famílias norte-americanas estão entrando em uma nova etapa de expansão, consumindo com um alto grau de endividamento." "Dessa forma, os números do déficit da balança dos EUA não podem ser, de modo algum, positivos", afirma o IESE.

Esse cenário só será possível se o resto do mundo estiver disposto a financiar o excesso de gasto norte-americano, afirma o IESE. "Não é impossível que essa situação se prolongue por mais algum tempo", diz o instituto em seu relatório de maio. "Mas a história demonstra que sempre há um limite para esse tipo de situação e que as saídas nunca deixam de contemplar aspectos traumáticos."

É por esses motivos que alguns analistas expressam certa inquietude diante da possibilidade de um "duplo mergulho" (uma alusão a tentativa de recuperação chamada de "pouso suave") na economia dos EUA, que aconteceria com uma desaceleração que colocaria um ponto final nesta nova fase expansiva do país. "Não é desejável, portanto, que a recuperação do país arranque com tanta intensidade."

"Seria oportuno que os Estados Unidos aproveitasse a ocasião para reduzir os desequilíbrios que tão claramente afetam a sua economia. Não há que chegar primeiro. É preciso saber chegar", conclui o IESE.

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