Em meados de 2001, o departamento de saúde e educação do International Finance Corporation -- braço de investimentos do Banco Mundial -- fez um estudo sobre investimentos privados em educação. O objetivo era mapear as áreas da indústria do ensino que mais devem crescer nos próximos anos para direcionar melhor os investimentos do órgão em diversos países.
O IFC está envolvido em projetos como a empresa carioca Escola24horas, a Universidad Peruana de Ciencias Aplicadas e o NIIT, principal empresa de treinamento em tecnologia da informação da Índia. Também já aprovou empréstimos para as faculdades catarinenses Univali e a Unisul, mas o acordo ainda não foi assinado em função da desvalorização do real. A seguir, alguns pontos do estudo do IFC:
Os investimentos privados em educação, nos próximos anos, tendem a ir para as seguintes áreas: educação para adultos, ensino à distância e treinamento vocacional e técnico de acordo com demandas específicas do mercado de trabalho. "Hoje mais e mais pessoas precisam trocar de emprego, aprender novas habilidades ou ter a oportunidade de tentar uma nova carreira", afirma o documento. "É principalmente o setor privado que responde a essa demanda".
À medida em que as áreas citadas acima se desenvolvem, aumenta a necessidade de criar programas para o financiamento dos alunos. Na Índia, o IFC trabalhou em parceria com o Citibank para a criação de bolsas de estudos para interessados em ingressar no NIIT. Segundo Guy Ellena, diretor de departamento de saúde e educação do IFC, a mesma tendência certamente será observada num futuro próximo no Brasil.
A demanda pela expansão de serviços privados em educação diz respeito também a uma demanda por ensino de qualidade. "Os alunos e suas famílias estão prestando mais atenção a isso", diz o estudo. "O resultado é que aumenta o desejo de ter professores mais bem preparados e comprometidos."
Com a globalização, será necessário desenvolver padrões internacionais que possibilitem validar o conteúdo de diversos cursos em países diferentes. Em resposta a isso, algumas instituições já estariam formando alianças virtuais para fortalecer essa interação e garantir o acesso a professores de alto nível tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.
O IFC acredita que a educação privada -- por criar oportunidades para camadas menos favorecidas da população -- pode contribuir para o crescimento e o fortalecimento da classe média. O acesso à educação seria um instrumento poderoso para fazer com que grupos de baixo poder aquisitivo cheguem a ela. Contribuiria também para que a classe média seja menos vulnerável ao impacto de choques econômicos externos em determinados países.