Esqueça Angry Birds: acerte investidores zangados neste game
É muito parecido com o Angry Birds, mas neste jogo de um parque de diversões estatal na Argentina, o alvo das crianças são abutres virtuais
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2015 às 20h52.
É muito parecido com o Angry Birds , aquele jogo do iPhone viciosamente bobo – só que, nesta versão, o alvo são detentores de bonds.
Em um parque de diversões estatal na Argentina, o governo está estimulando que o alvo das crianças seja abutres virtuais, uma referência não muito velada aos credores internacionais do país.
“Missão cumprida!”, proclama a tela quando os jogadores enxotam os bichos digitais de hospitais, fábricas e escolas. “Recuperamos juntos nossa soberania nacional!”.
É possível dizer com segurança que esse jogo nunca vai se tornar um fenômeno internacional como aqueles pássaros famosos da Finlândia. No entanto, ele destaca a que extremos a presidente Cristina Fernández de Kirchner está disposta a chegar enquanto seu governo luta contra os credores rejeitados.
A mensagem é clara: até as crianças da Argentina podem desempenhar um papel.
Em um recente dia de inverno, Lucila Aranda, 11, se aproximou do console, da altura do tórax, para lutar contra os abutres junto com um grupo de outras crianças. Usando estilingues digitais, elas arremessaram contra os pássaros esferas que representam distintos programas do governo.
“Foi divertido – os pássaros são engraçados”, disse Lucila depois. O pai dela, Joaquín, não tinha tanta certeza. “É claramente um doutrinamento”, disse ele.
Ao contrário da versão real do Angry Birds, todos ganham neste videogame.
Depois, os jogadores são levados a uma pequena sala para buscar seu prêmio: um vídeo psicodélico com abutres que cospem fogo, políticos gananciosos e notas de dólares dos EUA.
A tela de vídeo vai até o teto, e as imagens rebotam dos espelhos, visíveis para os frequentadores do parque de ambos os lados e transformam a sala sem janelas em um gigantesco caleidoscópio.
Cena surreal
A cena surreal, ocorrida em um atarracado edifício de concreto no parque, que fica nos arredores de Buenos Aires, é a mais recente curva do longo confronto entre o governo de Cristina e os investidores que recusaram um acordo depois que o país deu o calote nos bonds em 2001 (holdouts).
A Elliott Management, do bilionário Paul Singer, recusou as condições da reestruturação da dívida em 2005 e 2010. Embora um juiz dos EUA tenha concedido US$ 1,7 bilhão aos holdouts em uma decisão oficial, a Argentina decidiu dar o calote novamente na dívida em 2014 ao invés de pagar-lhes.
A porta-voz do Ministério da Economia, Jésica Rey, não respondeu a um e-mail enviado pela Bloomberg em busca de comentários. O porta-voz da Elliott Management, Stephen Spruiell, não respondeu a uma mensagem telefônica.
O videogame, junto com os jogos de tabuleiro e desenhos animados do governo, são parte de uma “iniciativa para difundir uma determinada visão de mundo”, disse Jorge Todesca, ex-vice-ministro da Economia que se tornou assessor político.
O governo quer “conquistar as crianças e os pais delas”.
É muito parecido com o Angry Birds , aquele jogo do iPhone viciosamente bobo – só que, nesta versão, o alvo são detentores de bonds.
Em um parque de diversões estatal na Argentina, o governo está estimulando que o alvo das crianças seja abutres virtuais, uma referência não muito velada aos credores internacionais do país.
“Missão cumprida!”, proclama a tela quando os jogadores enxotam os bichos digitais de hospitais, fábricas e escolas. “Recuperamos juntos nossa soberania nacional!”.
É possível dizer com segurança que esse jogo nunca vai se tornar um fenômeno internacional como aqueles pássaros famosos da Finlândia. No entanto, ele destaca a que extremos a presidente Cristina Fernández de Kirchner está disposta a chegar enquanto seu governo luta contra os credores rejeitados.
A mensagem é clara: até as crianças da Argentina podem desempenhar um papel.
Em um recente dia de inverno, Lucila Aranda, 11, se aproximou do console, da altura do tórax, para lutar contra os abutres junto com um grupo de outras crianças. Usando estilingues digitais, elas arremessaram contra os pássaros esferas que representam distintos programas do governo.
“Foi divertido – os pássaros são engraçados”, disse Lucila depois. O pai dela, Joaquín, não tinha tanta certeza. “É claramente um doutrinamento”, disse ele.
Ao contrário da versão real do Angry Birds, todos ganham neste videogame.
Depois, os jogadores são levados a uma pequena sala para buscar seu prêmio: um vídeo psicodélico com abutres que cospem fogo, políticos gananciosos e notas de dólares dos EUA.
A tela de vídeo vai até o teto, e as imagens rebotam dos espelhos, visíveis para os frequentadores do parque de ambos os lados e transformam a sala sem janelas em um gigantesco caleidoscópio.
Cena surreal
A cena surreal, ocorrida em um atarracado edifício de concreto no parque, que fica nos arredores de Buenos Aires, é a mais recente curva do longo confronto entre o governo de Cristina e os investidores que recusaram um acordo depois que o país deu o calote nos bonds em 2001 (holdouts).
A Elliott Management, do bilionário Paul Singer, recusou as condições da reestruturação da dívida em 2005 e 2010. Embora um juiz dos EUA tenha concedido US$ 1,7 bilhão aos holdouts em uma decisão oficial, a Argentina decidiu dar o calote novamente na dívida em 2014 ao invés de pagar-lhes.
A porta-voz do Ministério da Economia, Jésica Rey, não respondeu a um e-mail enviado pela Bloomberg em busca de comentários. O porta-voz da Elliott Management, Stephen Spruiell, não respondeu a uma mensagem telefônica.
O videogame, junto com os jogos de tabuleiro e desenhos animados do governo, são parte de uma “iniciativa para difundir uma determinada visão de mundo”, disse Jorge Todesca, ex-vice-ministro da Economia que se tornou assessor político.
O governo quer “conquistar as crianças e os pais delas”.