Exame Logo

Entenda a desconfiança do investidor sobre o risco fiscal do Brasil

Juros futuros continuam em alta como reflexo das incertezas sobre reequilíbrio fiscal do país, com gastos como o auxílio-emergencial

Paulo Guedes, Jair Bolsonaro e Rogério Marinho: indefinições sobre como bancar gastos com programas sociais (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
B

Bloomberg

Publicado em 1 de novembro de 2020 às 07h00.

Última atualização em 2 de novembro de 2020 às 11h01.

A preocupação de que a dívida pública do Brasil esteja saindo do controle deixa a curva dos swaps (de juros futuros ) mais inclinada, mesmo com o Tesouro inundando o mercado com títulos de curto prazo.

As taxas da ponta longa (referente aos juros futuros de longo prazo) e da barriga da curva (referente aos juros de médio prazo) subiram nos últimos dois meses devido ao ceticismo de que o presidente Jair Bolsonaro tenha disposição de controlar os gastos que aumentaram sua popularidade e reacenderam o crescimento. A tendência foi acentuada em setembro, quando governo sinalizou que poderia usar instrumentos fiscais criativos para financiar o programa social desejado por Bolsonaro, o Renda Cidadã.

Veja também

Embora a decisão do Tesouro de concentrar as vendas da dívida em títulos de curto prazo tenha ajudado a aliviar a pressão sobre a curva de juros futuros, isso não foi capaz de reverter a tendência. Mesmo as repetidas promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, de defender a regra do teto de gastos não conseguiram restaurar a confiança de que o governo controlará o peso da dívida.

Investidores têm a preocupaçãode que, com o número de mortos da Covid-19 aumentando, poderá ser difícil para Bolsonaro resistir à tentação de gastar mais.

A dívida pública do Brasil deve terminar o ano em patamar equivalente a cerca de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 76% apenas um ano antes.

O spread (a diferença entre as taxas) entre os rendimentos implícitos de dois e cinco anos nos contratos de NDF (Non Deliverable Forward, que são contratos a termo) em dólar é o mais alto do mundo e continua a aumentar. Também não há trégua imediata à vista, com os legisladores suspendendo o debate sobre as reformas fiscais até depois das eleições municipais de 15 de novembro.

O comunicado dovish (sinalizando afrouxamento da política monetária) do Banco Central nesta semana, que acompanhou sua decisão de manter inalterada a taxa básica de juro, adicionou tensão na curva de swaps. A perspectiva de que o juro permaneça em recorde de baixa por vários meses aumentou a inclinação da curva.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDívida públicaEXAME-no-InstagramJair BolsonaroJurosPaulo GuedesRenda CidadãTesouro Nacional

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame