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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.
Nesta semana, ministros da Economia de 25 países tentarão chegar a um acordo sobre o livre comércio mundial numa reunião em Genebra. Em setembro do ano passado, encontro semelhante fracassou em Cancún, devido a impasses como a recusa dos países desenvolvidos em rever seus subsídios agrícolas, alvo das queixas dos países em desenvolvimento.
As negociações integram a chamada Rodada de Doha, uma agenda de temas para estimular o livre comércio mundial, lançada em 2001. A sensação geral é de que um segundo fracasso pode encerrar a rodada e enfraquecer a própria Organização Mundial do Comércio (OMC). Muitos participantes acreditam que as atuais divergências impedem a conclusão dos trabalhos até o final deste ano, como estava programado inicialmente. As apostas são de que as discussões não terminarão antes de 2006.
Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, embora as diferenças persistam, os países desenvolvidos, sobretudo na União Européia, estão mais flexíveis sobre temas importantes, como o fim dos subsídios agrícolas à exportação e a redução dos programas nacionais de apoio à agricultura. Apesar dos avanços, questões específicas, como a cultura do arroz no Japão e na Coréia do Sul, devem merecer atenção especial.
Por parte dos países em desenvolvimento, também há sinais de maior disposição ao diálogo. As nações africanas, por exemplo, exigiram em Cancún que os subsídios à plantação de algodão nos Estados Unidos fossem discutidos à parte, despertando forte oposição de americanos e europeus. Agora, os africanos acenam com a possibilidade de rever sua posição, desde que os Estados Unidos garantam que reduzirão o apoio ao algodão.
Nos encontros da OMC, o Brasil também vem defendendo o fim dos subsídios agrícolas à exportação e a redução dos programas de incentivo ao setor mantido pelos países desenvolvidos em prol de seus próprios agricultores. "Com isso, os países mais pobres podem crescer e, com o crescimento da renda, exportar com mais facilidade", afirma o representante do Ministério da Agricultura, Lino Colsera, que está em Genebra para tratar dos pontos fundamentais de um futuro acordo sobre o tema.
Americanos e europeus estão incomodados com a concentração dos debates em torno de temas agrícolas, porque isto reduz o espaço para discutir a progressiva redução de taxas e tarifas sobre produtos manufaturados. Não avançar na abertura de mercados para bens de consumo pode ser um retrocesso para os países desenvolvidos, gerando pressões internas bastante fortes.