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Empresas têm se financiado com fontes mais caras

Os recursos mais baratos das captações externas encolheu no total dos financiamentos às principais empresas nacionais no governo Dilma

As sociedades brasileiras expandiram em R$ 672 bilhões seus financiamentos (Divulgação/Imovelweb)
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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2014 às 09h55.

Brasília - A fatia do crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) e dos recursos mais baratos das captações externas encolheu no total dos financiamentos às principais empresas nacionais no governo Dilma Rousseff, revelam dados inéditos do centro de estudos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Cemec/Ibmec) obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. A conta exclui holdings e instituições financeiras.

Oneradas com impostos mais altos nas operações financeiras, e mesmo diante das menores taxas de juros básicos (Selic a 7,25% ao ano), as empresas recorreram a fontes mais caras, como recursos livres dos bancos e o mercado de capitais, mostram os balanços patrimoniais das empresas neste período.

As sociedades brasileiras expandiram em R$ 672 bilhões seus financiamentos entre 2011 e 2013. Mas pagaram juros médios mais caros.

Cálculos do Cemec/Ibmec mostram que a taxa média passou de 12,4% ao ano em dezembro de 2012, quando a Selic atingiu seu nível mais baixo, para 14,7% no fim do ano passado. "O dinheiro mais barato rareou e o crédito encareceu", resume o superintendente do Cemec, Lauro Modesto.

O universo pesquisado pelo Cemec abrange 4,4 milhões de empresas nacionais, mas 80% do mercado de crédito é dominado por 320 companhias abertas e 1 mil empresas de capital fechado. A conta inclui Petrobras e Vale, que responderam por 14% dos financiamentos totais no ano passado.

Os impactos do crédito mais caro foram mais significativos no desempenho das SAs abertas do que nas empresas de capital fechado.

A fatia do dinheiro a juro subsidiado do BNDES no financiamento de um grupo de 308 empresas cotadas em bolsa recuou de 17% para 14% no período 2011-2013.

O banco elevou a oferta de crédito em R$ 11 bilhões, mas foi insuficiente para manter sua performance nesse nicho. "O BNDES passou a financiar mais empresas médias. Daí, o recuo nas abertas", analisa Lauro Modesto.

No conjunto das empresas nacionais, o recuo do BNDES foi mesmo menor: sua participação encolheu de 22% para 21% do total, com um crédito adicional de R$ 121 bilhões no período.

Mas a tendência de recuo do banco estatal deve seguir nos próximos anos, avalia a equipe econômica do governo. Há limitações de fontes de recursos, sobretudo do Tesouro Nacional, para elevar essa participação.

O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Andrew Storfer, afirma que o BNDES tem limite de exposição para emprestar mais recursos baratos. "O Tesouro tem dificuldade para fechar seu caixa e também não pode mais ajudar", diz.

Consultado, o banco estatal afirmou considerar que seu resultado "está em linha com objetivos perseguidos", como o aumento da participação do mercado de capitais sobre o total de financiamento. Junto com Fiesp, Cetip, Anbima e Fipecafi, o BNDES patrocina o Cemec.

Estagnação

Principal motivo alegado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no exterior, as captações externas das empresas estagnaram nos últimos três anos.

A fatia dessa modalidade no financiamento do conjunto das empresas permaneceu próxima de 22% desde 2011, embora o volume tenha crescido R$ 148 bilhões ao longo do governo Dilma.

A participação no mix de recursos das sociedades abertas aumentou, passando de 23% para 24% do total contratado no mercado - foram R$ 52 bilhões adicionais até 2013. Mas essa tendência de estagnação deve permanecer, avalia a equipe econômica.

Para compensar o espaço cedido pelo BNDES, as empresas passaram a usar mais fontes bancárias e do mercado de capitais, como emissões de debêntures, notas de crédito e outros recebíveis.

A fatia dos títulos de mercado saltou de 16% para 18,5% neste intervalo, ou R$ 170 bilhões. Nos recursos livres dos bancos, houve um recuo no conjunto das empresas, embora com recursos adicionais de R$ 173 bilhões, mas uma elevação de 20% para 21,3% nas SAs abertas.

Os bancos privados "tiraram o pé do acelerador", afirma Storfer. "O crédito encareceu, as garantias são mais altas, há mais exigências para elevação de capital e previsão de dificuldades à frente", diz.

A participação das chamadas linhas especiais no total, cujas taxas de juros também são subsidiadas, registrou um recuo de 10,4% para 9,4% no período. Os recursos direcionados registraram leve aumento, de 1,4% para 1,7%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Oneradas com impostos mais altos nas operações financeiras, e mesmo diante das menores taxas de juros básicos (Selic a 7,25% ao ano), as empresas recorreram a fontes mais caras, como recursos livres dos bancos e o mercado de capitais, mostram os balanços patrimoniais das empresas neste período.

As sociedades brasileiras expandiram em R$ 672 bilhões seus financiamentos entre 2011 e 2013. Mas pagaram juros médios mais caros.

Cálculos do Cemec/Ibmec mostram que a taxa média passou de 12,4% ao ano em dezembro de 2012, quando a Selic atingiu seu nível mais baixo, para 14,7% no fim do ano passado. "O dinheiro mais barato rareou e o crédito encareceu", resume o superintendente do Cemec, Lauro Modesto.

O universo pesquisado pelo Cemec abrange 4,4 milhões de empresas nacionais, mas 80% do mercado de crédito é dominado por 320 companhias abertas e 1 mil empresas de capital fechado. A conta inclui Petrobras e Vale, que responderam por 14% dos financiamentos totais no ano passado.

Os impactos do crédito mais caro foram mais significativos no desempenho das SAs abertas do que nas empresas de capital fechado.

A fatia do dinheiro a juro subsidiado do BNDES no financiamento de um grupo de 308 empresas cotadas em bolsa recuou de 17% para 14% no período 2011-2013.

O banco elevou a oferta de crédito em R$ 11 bilhões, mas foi insuficiente para manter sua performance nesse nicho. "O BNDES passou a financiar mais empresas médias. Daí, o recuo nas abertas", analisa Lauro Modesto.

No conjunto das empresas nacionais, o recuo do BNDES foi mesmo menor: sua participação encolheu de 22% para 21% do total, com um crédito adicional de R$ 121 bilhões no período.

Mas a tendência de recuo do banco estatal deve seguir nos próximos anos, avalia a equipe econômica do governo. Há limitações de fontes de recursos, sobretudo do Tesouro Nacional, para elevar essa participação.

O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Andrew Storfer, afirma que o BNDES tem limite de exposição para emprestar mais recursos baratos. "O Tesouro tem dificuldade para fechar seu caixa e também não pode mais ajudar", diz.

Consultado, o banco estatal afirmou considerar que seu resultado "está em linha com objetivos perseguidos", como o aumento da participação do mercado de capitais sobre o total de financiamento. Junto com Fiesp, Cetip, Anbima e Fipecafi, o BNDES patrocina o Cemec.

Estagnação

Principal motivo alegado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no exterior, as captações externas das empresas estagnaram nos últimos três anos.

A fatia dessa modalidade no financiamento do conjunto das empresas permaneceu próxima de 22% desde 2011, embora o volume tenha crescido R$ 148 bilhões ao longo do governo Dilma.

A participação no mix de recursos das sociedades abertas aumentou, passando de 23% para 24% do total contratado no mercado - foram R$ 52 bilhões adicionais até 2013. Mas essa tendência de estagnação deve permanecer, avalia a equipe econômica.

Para compensar o espaço cedido pelo BNDES, as empresas passaram a usar mais fontes bancárias e do mercado de capitais, como emissões de debêntures, notas de crédito e outros recebíveis.

A fatia dos títulos de mercado saltou de 16% para 18,5% neste intervalo, ou R$ 170 bilhões. Nos recursos livres dos bancos, houve um recuo no conjunto das empresas, embora com recursos adicionais de R$ 173 bilhões, mas uma elevação de 20% para 21,3% nas SAs abertas.

Os bancos privados "tiraram o pé do acelerador", afirma Storfer. "O crédito encareceu, as garantias são mais altas, há mais exigências para elevação de capital e previsão de dificuldades à frente", diz.

A participação das chamadas linhas especiais no total, cujas taxas de juros também são subsidiadas, registrou um recuo de 10,4% para 9,4% no período. Os recursos direcionados registraram leve aumento, de 1,4% para 1,7%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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