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Emissão de substâncias nocivas à camada de ozônio cai 61%

Avanço tecnológico das empresas de refrigeração e exportação para países desenvolvidos, entre outros motivos, força queda da emissão de CFC e similares

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

A indústria brasileira está, cada vez mais, priorizando o desenvolvimento sustentável. Os motivos não são apenas a maior consciência ecológica das empresas, mas também a pressão de consumidores brasileiros e estrangeiros, que rejeitam produtos que possam agredir o meio ambiente. O resultado é que, entre 1992 e 2003, o Brasil cortou em 61,1% a emissão de substâncias capazes de destruir a camada de ozônio, como o clorofluorcarbono (CFC) e o tetracloreto de carbono (CTC). No total, o país lançou para a atmosfera 11 198 toneladas dessas substâncias em 1992, contra 4 356 toneladas no ano passado.

As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (4/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no relatório Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. "Substâncias bastante agressivas, como o CFC, estão sendo substituídas por outras menos nocivas", diz Flávio Pinto Bolliger, pesquisador da diretoria de Geociências do IBGE. "O Brasil obteve uma redução excepcional na emissão desses produtos", afirma.

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O CFC continua sendo a substância mais lançada na atmosfera, mas seu uso está cada vez menor. Em 1992, o país emitiu 9 360 toneladas de CFC, o que representou 83,58% do total de emissões nocivas à camada de ozônio naquele ano. Em 2003, o volume baixou para 3 281 toneladas, uma queda de 65% sobre a quantidade de 1992.

Ao mesmo tempo, substâncias menos agressivas estão avançando. Os hidroclorofluorcarbonos (HCFC) subiram de 223 toneladas, em 1993, para 753 toneladas no ano passado. O poder destrutivo da camada de ozônio desses produtos equivale de 4% a 7% do poder do CFC. Segundo Bolliger, o avanço da indústria brasileira de refrigeração e a exportação dos produtos para países que também assinaram o Protocolo de Montreal em 1987 (que determina a redução das emissões de CFC e outras substâncias) contribuíram para a melhoria da qualidade do ar no país.

Reciclagem

Nos últimos dez anos, o Brasil também avançou na reciclagem de materiais, com destaque para as latas de alumínio. Em 1993, o país recuperava 50% de suas latas. No ano passado, a taxa chegou a 89%. As latas de aço também se destacaram, passado de 20% para 49,5% no mesmo período.

Segundo Bolliger, o avanço da reciclagem não significa que os brasileiros estão mais conscientes sobre a importância do meio ambiente. O maior indício é a pequena participação da coleta seletiva de lixo no país. Segundo o IBGE, em 2000, apenas 8% dos municípios brasileiros contavam com a coleta seletiva, o que equivale a 6% das residências do país e 2% do volume de lixo coletado.

O que explica o avanço da reciclagem, conforme Bolliger, é a deterioração das condições de vida de parte da população, que passa a recolher e vender esses materiais para obter uma fonte de renda. "A reciclagem revela uma condição perversa do país, porque mostra a falta de fontes alternativas de renda para muitas pessoas", diz o pesquisador.

Isso se reflete no tipo de material recolhido. Como o quilo de alumínio e aço reciclado é melhor remunerado, esses são os materiais com maior taxa de recuperação no país. Já o papel, vidros e embalagens PET, que rendem menos para os coletores, são também os que apresentam as menores porcentagens de reciclagem no país.

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