Economia

Eficiência energética cria mercado, diz Banco Mundial

O Banco Mundial divulgou nesta terça-feira (1/4) um programa para promover a busca pela eficiência energética no país. A idéia é fortalecer as empresas de serviços de conservação de energia -- as Escos - por meio da união de projetos. Segundo o diretor dos projetos de eficiência energética do Banco Mundial, Robert Taylor, essa é […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.

O Banco Mundial divulgou nesta terça-feira (1/4) um programa para promover a busca pela eficiência energética no país. A idéia é fortalecer as empresas de serviços de conservação de energia -- as Escos - por meio da união de projetos. Segundo o diretor dos projetos de eficiência energética do Banco Mundial, Robert Taylor, essa é a melhor forma de garantir financiamento para essas empresas. Em entrevista ao Portal EXAME, Taylor falou sobre o desafio assumido pela instituição e comentou que o uso eficiente da energia pode gerar novas oportunidades de mercado para as distribuidoras num momento em que muitas delas enfrentam dificuldades financeiras.

Como a busca da eficiência energética pode contribuir para que o Brasil não tenha uma nova crise no setor elétrico como a que tivemos há dois anos?

Taylor -
Para garantir uma maior oferta de energia, podem-se construir usinas de geração, uma nova infra-estutura de distribuição ou usar a energia com mais eficiência. Essa última solução, porém, é a menos cara e a mais rápida. Quando há uma crise no setor elétrico, as pessoas e as empresas se conscientizam de quanto gastam e passam a consumir menos eletricidade sem que isso prejudique a rotina. Isso é ótimo, mas não pode ser uma preocupação restrita a momentos de crise.

Como esse programa financiado pelo Banco Mundial pode contribuir para que essa consciência seja permanente?

Taylor -
Nosso objetivo é expandir o setor de eficiência energética, formado pelas empresas de serviços de conservação de energia, as Escos. Hoje, a fragmentação desse setor impede seu crescimento. O desafio é somar projetos, somar financiamentos e somar a prestação do serviço técnico. Como esses projetos são pequenos, eles não têm visibilidade. Por isso, é difícil para as Escos obter financiamento num banco, que gosta de ver grandes obras. Com esse programa, queremos ter um pacote de projetos de conservação de energia, garantindo o financiamento e a evolução do aspecto técnico do negócio. É só aumentando a escala que se obterá dinheiro. Enfim, as Escos e o setor financeiro podem ser tão decisivos para evitar uma nova crise como as geradoras e distribuidoras. O desafio é colocar esses dois setores juntos.

Qual o volume de recursos necessário para alavancar as Escos?

Taylor -
É impossível estimar essa quantia, pois esse setor é muito fragmentado. Mas com apenas 1 milhão de dólares já se pode ir longe. É claro que vamos obter bem mais que isso. Mas não dá para estruturar esse setor de uma vez. O primeiro passo é elaborar poucos projetos para mostrar aos bancos que eles são bem-sucedidos. Daí poderemos acertar qual o melhor mecanismo para financiar essas empresas.

Várias distribuidoras no país hoje enfrentam dificuldades financeiras. Se os clientes gastarem menos, a receita delas cairá. Haveria algum risco de a eficiência energética agravar a situação das distribuidoras?

Taylor -
Não sei até que ponto essa crise pode ser agravada pela queda na demanda. Mas é claro que, ao reduzir o consumo, você reduz a receita dessas empresas. Mas a eficiência energética também cria oportunidades de mercado para essas empresas. Na Europa, muitas distribuidoras, além de oferecer eletricidade, cuidam do sistema de aquecimento. Aqui, elas podem investir em projetos de co-geração e manter sistemas de ar-condicionado. Esse novo serviço pode ser feito sem queda nas receitas. É um negócio adicional.

Por que o Banco Mundial se interessa por ajudar o Brasil com o projeto de eficiência energética?

Taylor -
De um lado, estamos preocupados com o meio ambiente. Com a eficiência energética, pode-se reduzir a poluição e estudar a otimização das fontes de energia não renováveis, como petróleo e gás natural. Por outro lado, ao cortar gastos, promove-se crescimento. Se as empresas se tornam mais produtivas, ficam mais competitivas no mercado global. Essas são as duas razões gerais que explicam nosso interesse. E o programa não precisa ficar limitado às indústrias. Elas são os maiores clientes. Mas também os prédios comerciais e públicos podem ser mais eficientes em seu consumo de energia.

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