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Economia fraca agrava perseguição a albinos no Malauí

Muitos acreditam que os ossos de albinos são de ouro ou podem ser usados em poções para trazer sorte e riqueza, diz relatório da Human Rights Watch

Criança albina em Lesoto: superstição em relação a esse grupo é comum em países da África (Chris Jackson / Staff)

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de junho de 2016 às 16h02.

São Paulo - No Malauí, um pequeno país no sul da África sem saída para o mar, uma combinação entre superstição e economia fraca tem sido fatal para a população local de albinos.

"Desemprego alto, crescimento econômico limitado, desigualdade enraizada e pobreza massacrante dão as condições necessárias para crenças nocivas florescerem", diz um relatório da Human Rights Watch, uma das maiores ONGs de direitos humanos do mundo.

O albinismo é uma condição genética não contagiosa e incurável que causa perda de pigmentação da pele e por consequência, um maior risco de desenvolver câncer de pele, o que dificulta o trabalho no campo. Muitos albinos também tem problemas visuais.

Na África de maioria negra, eles são uma minoria facilmente identificada e que sofre todo tipo de discriminação e perseguição - inclusive sexual, por causa da crença de que sexo com uma albina pode curar um portador do HIV.

Outra ideia disseminada é que os ossos dessas pessoas são de ouro ou servem para poções de sorte e riqueza. Isso motiva sequestros, assassinatos e roubo de túmulos, inclusive por parte de conhecidos e familiares.

“As pessoas falam na minha cara que vão me vender. Um vez uma pessoa disse que eu valia 10 mil dólares. Doeu sentir que uma etiqueta de preço pode ser colocada em mim", diz Ishmael Rashid, que é albino, para a HRW.

A ONG nota que desde novembro de 2014, pelo menos 69 crimes com albinos foram reportados no Malauí, entre eles 18 mortes e 5 desaparecimentos - e isso em uma população da minoria estimada entre 7 mil a 10 mil.

O presidente condenou publicamente os ataques e houve medidas e prisões, mas "a maioria dos crimes continua sem resolução e as penalidades muitas vezes não foram proporcionais à gravidade do crime, criando um clima de impunidade", diz a HRW.

Some a isso altos níveis de analfabetismo, uma pobreza que atinge mais da metade dos malauianos e um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do mundo. 85% da população do país mora em áreas rurais, consideradas mais vulneráveis.

O problema é agravado pelo cenário econômico. No último ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial do biênio 2014/2015, o Malauí ficou na 13ª pior posição no quesito "desempenho econômico".

A moeda do país, o Kwacha, perdeu metade do seu valor desde 2012 e ajudou a pressionar o custo de vida, levando a inflação para mais de 20%.

Uma seca relacionada ao El Niño piorou a segurança alimentar e cerca de 2,8 milhões dos 16 milhões de malauianos precisaram de assistência na última estação.

O relatório da ONG sugere, entre outras coisas, que o governo busque assistência internacional para solucionar os crimes, policie melhor as áreas mais vulneráveis, puna os crimes com rigor e use a mídia e a educação para conscientizar a população sobre o albinismo.

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São Paulo - No Malauí, um pequeno país no sul da África sem saída para o mar, uma combinação entre superstição e economia fraca tem sido fatal para a população local de albinos.

"Desemprego alto, crescimento econômico limitado, desigualdade enraizada e pobreza massacrante dão as condições necessárias para crenças nocivas florescerem", diz um relatório da Human Rights Watch, uma das maiores ONGs de direitos humanos do mundo.

O albinismo é uma condição genética não contagiosa e incurável que causa perda de pigmentação da pele e por consequência, um maior risco de desenvolver câncer de pele, o que dificulta o trabalho no campo. Muitos albinos também tem problemas visuais.

Na África de maioria negra, eles são uma minoria facilmente identificada e que sofre todo tipo de discriminação e perseguição - inclusive sexual, por causa da crença de que sexo com uma albina pode curar um portador do HIV.

Outra ideia disseminada é que os ossos dessas pessoas são de ouro ou servem para poções de sorte e riqueza. Isso motiva sequestros, assassinatos e roubo de túmulos, inclusive por parte de conhecidos e familiares.

“As pessoas falam na minha cara que vão me vender. Um vez uma pessoa disse que eu valia 10 mil dólares. Doeu sentir que uma etiqueta de preço pode ser colocada em mim", diz Ishmael Rashid, que é albino, para a HRW.

A ONG nota que desde novembro de 2014, pelo menos 69 crimes com albinos foram reportados no Malauí, entre eles 18 mortes e 5 desaparecimentos - e isso em uma população da minoria estimada entre 7 mil a 10 mil.

O presidente condenou publicamente os ataques e houve medidas e prisões, mas "a maioria dos crimes continua sem resolução e as penalidades muitas vezes não foram proporcionais à gravidade do crime, criando um clima de impunidade", diz a HRW.

Some a isso altos níveis de analfabetismo, uma pobreza que atinge mais da metade dos malauianos e um dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do mundo. 85% da população do país mora em áreas rurais, consideradas mais vulneráveis.

O problema é agravado pelo cenário econômico. No último ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial do biênio 2014/2015, o Malauí ficou na 13ª pior posição no quesito "desempenho econômico".

A moeda do país, o Kwacha, perdeu metade do seu valor desde 2012 e ajudou a pressionar o custo de vida, levando a inflação para mais de 20%.

Uma seca relacionada ao El Niño piorou a segurança alimentar e cerca de 2,8 milhões dos 16 milhões de malauianos precisaram de assistência na última estação.

O relatório da ONG sugere, entre outras coisas, que o governo busque assistência internacional para solucionar os crimes, policie melhor as áreas mais vulneráveis, puna os crimes com rigor e use a mídia e a educação para conscientizar a população sobre o albinismo.

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