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Economia e carga contra Severino e Maluf dão trégua a Lula

Sucessão de anúncios positivos na área econômica e denúncias de corrupção contra presidente da Câmara dos Deputados e contra Paulo Maluf dão semana um pouco mais tranqüila para governo. Mas a iniciativa política se perdeu, e só resta à classe política ant

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h06.

A inflação acumulada de janeiro a agosto (3,59% pelo IPCA) é a menor dos primeiros oito meses de um ano desde 1998. Uma pesquisa da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento traz o Brasil como quinto destino preferencial para investimentos estrangeiros. A Petrobras anuncia a descoberta da mais valiosa reserva de gás e petróleo já encontrada na Bacia de Santos. A Confederação Nacional da Indústria aponta expansão da massa real de salários em julho.

Nos mesmos jornais desta terça-feira (6/9) que trazem esses dados favoráveis da economia, a maioria dos destaques políticos está relacionada a acusações de corrupção contra Severino Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados, e ao pedido de prisão de Paulo Maluf pelo desvio de dinheiro público, que pode somar 250 milhões de dólares.

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Poderá essa combinação de boas novas na economia com a ligeira mudança de foco nos escândalos políticos resultar na primeira semana de real trégua para o governo Lula? "Pode ser até melhor que trégua", diz Rogério Schmitt, analista político da consultoria Tendências. "Está mais ou menos claro que dificilmente teremos um cenário de abertura de um processo de impeachment, que o governo é este que está aí até o final."

Para o sociólogo Emir Sader, ocorreu uma reacomodação de forças políticas. "Salvo alguma novidade, porque aquilo é uma caixa preta imensa, temos como resultante da crise a desqualificação do PT em termos éticos, a passagem da pauta para a direita e um jogo forte no interior do PSDB para definir seu candidato."

Controle de danos

A má notícia, diz Schmitt, é que a crise continua grave o suficiente para impedir que o governo, sem base parlamentar, apresente qualquer agenda de reformas. "O Congresso não vai votar mais nada de relevante, certamente nenhuma emenda constitucional será apreciada", diz o analista.

Sem votações importantes, e passada a onda das comissões de inquérito, não restará à classe política outra coisa a fazer senão antecipar a campanha eleitoral. "Viveremos uma situação sui generis na história recente do Brasil: um período eleitoral com um ano de duração", afirma Schmitt.

Em entrevista à rádio Cultura na manhã desta terça-feira (6/9), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou que um dos frutos dos escândalos foi a precipitação de um fenômeno comum ao final dos mandatos. "Quando as pessoas acreditam que o governo já não tem mais capacidade de agir, o governo perde as condições efetivas para agir."

Para FHC, a "melhor hipótese" -- que Lula não tenha nada que o envolva -- implica em um quase-governo. "Que idéia nova pode surgir aí, qual proposta criativa que possa melhorar o país? Nada. Teremos na melhor das hipóteses rotina e o controle dos danos provocados pela crise."

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