Economia da Alemanha não beneficiará sócios europeus
Conservadores de Merkel e os social-democratas alemães concordaram com programa de governo que permitirá à maior economia do continente continuar crescendo
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 08h32.
Berlim - Os conservadores da chanceler Angela Merkel e os social-democratas alemães concordaram nesta quarta-feira com um programa de governo que permitirá à maior economia do continente continuar crescendo, apesar de não beneficiar seus sócios europeus.
Nesse terceiro governo dirigido por Merkel, os especialistas apostam em um status quo, destacando que os estímulos sob forma de investimentos públicos continuarão sendo muito limitados para haver um crescimento espetacular ou beneficiar as economias dos países vizinhos.
O programa de governo "a favor do investimento não é suficiente", lamentou Peter Bofinger, professor da Universidade de Wurtzburgo (sul). Para Gustav Horn, do Instituto de pesquisa IMK, próximo aos sindicatos, é apenas uma "gota de água no oceano".
Contrariamente aos cenários catastróficos levantados nessas últimas semanas pela imprensa econômica alemã, as concessões de Merkel aos social-democratas não vão pôr em risco o crescimento do país, dizem os especialistas.
"As decisões adotadas não vão fazer a recuperação alemã descarrilar", considera o analista Christian Schulz, do Berenberg Bank, enquanto Jörg Kramer, do Commerzbank, prevê que "a economia alemã vai crescer mais rápido que o restante da zona do euro nos próximos anos". E isso, apesar de o acordo "deteriorar o entorno econômico a longo prazo", disse.
O programa de governo acordado na noite de terça para quarta-feira assume algumas das exigências social-democratas, especialmente no âmbito do mercado de trabalho: a introdução, a partir de 2015, de um salário mínimo generalizado, endurecimento das regras aplicáveis às subcontratações e contratos interinos e flexibilização da lei sobre as aposentadorias.
Trata-se de "passos para trás em relação às reformas de 2004", opina Schulz, aludindo à Agenda 2010 do ex-chanceler Gerhard Schroeder, que flexibilizou o mercado de trabalho.
Estas medidas não somente "põem em perigo o milagre do emprego alemão", mas também geram um problema de credibilidade para uma Alemanha que defende em toda a Europa reformas estruturais, disse.
Para Carsten Brzeski, do banco ING, "o governo quer antes de tudo redistribuir os frutos das reformas passadas, ao invés de utilizar os períodos de vacas gordas para realizar novas reformas".
Em uma zona do euro em crise, vários países sócios de Berlim haviam pedido à Alemanha que fizesse mais pelo crescimento.
Contudo, com 23 bilhões de euros em gastos suplementares - e somente uma parte em investimentos - a margem de manobra é limitada. O novo governo mantém seu objetivo de equilíbrio orçamentário para 2015, já que manter as finanças públicas sólidas é "indispensável", segundo o programa de coalizão.
Em um momento em que o país é objeto de investigação pela Comissão Europeia pelos superávits de suas contas correntes, a Alemanha não se importou com as recomendações do comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, que pediu a Berlim para liberalizar seu mercado de serviços e reduzir impostos para estimular a demanda interna.
O único consolo para os europeus é que o acordo alcançado para governar em coalizão - ainda condicionado ao voto dos aderentes ao partido social-democrata, SPD - permitiria avanços em alguns assuntos, como a união bancária.
Berlim - Os conservadores da chanceler Angela Merkel e os social-democratas alemães concordaram nesta quarta-feira com um programa de governo que permitirá à maior economia do continente continuar crescendo, apesar de não beneficiar seus sócios europeus.
Nesse terceiro governo dirigido por Merkel, os especialistas apostam em um status quo, destacando que os estímulos sob forma de investimentos públicos continuarão sendo muito limitados para haver um crescimento espetacular ou beneficiar as economias dos países vizinhos.
O programa de governo "a favor do investimento não é suficiente", lamentou Peter Bofinger, professor da Universidade de Wurtzburgo (sul). Para Gustav Horn, do Instituto de pesquisa IMK, próximo aos sindicatos, é apenas uma "gota de água no oceano".
Contrariamente aos cenários catastróficos levantados nessas últimas semanas pela imprensa econômica alemã, as concessões de Merkel aos social-democratas não vão pôr em risco o crescimento do país, dizem os especialistas.
"As decisões adotadas não vão fazer a recuperação alemã descarrilar", considera o analista Christian Schulz, do Berenberg Bank, enquanto Jörg Kramer, do Commerzbank, prevê que "a economia alemã vai crescer mais rápido que o restante da zona do euro nos próximos anos". E isso, apesar de o acordo "deteriorar o entorno econômico a longo prazo", disse.
O programa de governo acordado na noite de terça para quarta-feira assume algumas das exigências social-democratas, especialmente no âmbito do mercado de trabalho: a introdução, a partir de 2015, de um salário mínimo generalizado, endurecimento das regras aplicáveis às subcontratações e contratos interinos e flexibilização da lei sobre as aposentadorias.
Trata-se de "passos para trás em relação às reformas de 2004", opina Schulz, aludindo à Agenda 2010 do ex-chanceler Gerhard Schroeder, que flexibilizou o mercado de trabalho.
Estas medidas não somente "põem em perigo o milagre do emprego alemão", mas também geram um problema de credibilidade para uma Alemanha que defende em toda a Europa reformas estruturais, disse.
Para Carsten Brzeski, do banco ING, "o governo quer antes de tudo redistribuir os frutos das reformas passadas, ao invés de utilizar os períodos de vacas gordas para realizar novas reformas".
Em uma zona do euro em crise, vários países sócios de Berlim haviam pedido à Alemanha que fizesse mais pelo crescimento.
Contudo, com 23 bilhões de euros em gastos suplementares - e somente uma parte em investimentos - a margem de manobra é limitada. O novo governo mantém seu objetivo de equilíbrio orçamentário para 2015, já que manter as finanças públicas sólidas é "indispensável", segundo o programa de coalizão.
Em um momento em que o país é objeto de investigação pela Comissão Europeia pelos superávits de suas contas correntes, a Alemanha não se importou com as recomendações do comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, que pediu a Berlim para liberalizar seu mercado de serviços e reduzir impostos para estimular a demanda interna.
O único consolo para os europeus é que o acordo alcançado para governar em coalizão - ainda condicionado ao voto dos aderentes ao partido social-democrata, SPD - permitiria avanços em alguns assuntos, como a união bancária.