Economia brasileira cresce 0,4% no 2º tri puxada por indústria e serviços
Resultado veio na ponta mais otimista das previsões de mercado; construção tem primeiro resultado anual positivo após 20 quedas seguidas
Ligia Tuon
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 09h03.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 13h36.
São Paulo - O Produto Interno Bruto ( PIB ) brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2019 em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ).
Na comparação com o mesmo período de 2018, o PIB subiu 1%. No ano, a alta é de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
O resultado veio na ponta mais otimista das previsões de mercado, que variavam de 0,2 a 0,5% em sua maioria.
"É uma surpresa extremamente positiva e irá forçar revisões em nossas projeções", diz André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.
A Agropecuária teve queda de 0,4% no trimestre enquanto os Serviços subiram 0,3%. A surpresa foi a Indústria, que registrou a maior alta entre os segmentos, de 0,7%.
O resultado chama a atenção porque dados anteriores do próprio IBGE indicavam que o setor havia encerrado o segundo trimestre com contração, e não alta, da ordem de 0,7%.
O avanço da Indústria vem apesar de quedas nas indústrias extrativas (-3,8%), ainda afetada pelo desastre de Brumadinho. A queda na base anual foi a pior da série histórica.
Também houve recuo nas atividades deEletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,7%), mas o resultado foi compensado por uma alta de 2% na Indústria de Transformação.
A construção cresceu 2% em comparação com o mesmo período de 2018, o primeiro resultado positivo na base anualizada após 20 quedas consecutivas.
O IBGE destaca que, juntas, as indústrias de transformação e construção respondem por cerca de 70% do setor.
Nos serviços, os principais resultados positivos foram das atividades imobiliárias (0,7%), comércio (0,7%), informação e comunicação (0,5%) e outras atividades (0,4%).
Também foi registrada alta nas despesas de consumo das famílias (0,3%), que subiu pelo nono trimestre seguido em relação ao trimestre anterior com melhora no crédito e na massa familiar. Já as despesas de consumo do governo recuaram 1,0%.
O investimento também teve um resultado bastante positivo, com avanço de 3,2%. A taxa de investimento ficou em 15,9% do PIB, acima da observada no mesmo período de 2018 (15,3%).
As exportações caíram 1,6% enquanto as importações cresceram 1% em relação ao primeiro trimestre de 2019.
Os dados do PIB divulgados hoje afastam a possibilidade do Brasil ter entrado em uma recessão técnica, que se configura quando o PIB recua por dois trimestres seguidos.
O PIB já teve queda de 0,1% no primeiro trimestre, de acordo com dados atualizados hoje pelo IBGE, na primeira retração desde o fim da recessão de 2015 e 2016.
Antes, o IBGE havia informado recuo de 0,2% no período. A revisão é praxe, na medida em que os dados se consolidam ao longo do tempo.