Economia argentina se contrai pela primeira vez desde 2012
A economia do país se contraiu mais do que o previsto depois de dar calote da sua dívida pela segunda vez em 13 anos
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2014 às 14h00.
Buenos Aires - A economia da Argentina se contraiu mais do que o previsto no terceiro trimestre depois que o país sul-americano deu calote da sua dívida pela segunda vez em 13 anos, obrigando o governo a reprimir importações em meio à escassez de dólares.
O PIB diminuiu 0,8 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, informou ontem o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
A média de estimativas de nove economistas consultados pela Bloomberg era de um declínio de 0,6 por cento, depois da estagnação do crescimento nos três meses anteriores.
A segunda maior economia da América do Sul se contraiu depois do calote que deu em 30 de julho após anos de disputas legais com credores.
No intuito de preservar reservas internacionais que caíram para seu mínimo em oito anos em abril, o governo aumentou os limites sobre as importações, dificultando aos fabricantes a obtenção de insumos.
“A economia está parada e não há sinais reais de recuperação”, disse Luciana Carcione, economista da Orlando Ferreres y Asociados, em entrevista por telefone de Buenos Aires. “O impacto do calote poderia ser maior no ano que vem no que tange a investimentos adiados”.
Foi a primeira contração interanual desde o segundo trimestre de 2012, segundo dados oficiais. O PIB também recuou 0,5 por cento em relação aos três meses anteriores, segundo o Indec.
Déficit
A Argentina registrou um déficit de US$ 736 milhões em conta-corrente no trimestre, comparado a um déficit de US$ 1,7 bilhão no mesmo trimestre do ano anterior.
As reservas internacionais caíram US$ 983 milhões no período, e a dívida externa total diminuiu para US$ 145,4 bilhões, segundo o relatório.
O Indec também disse que a produção industrial recuou 2,1 por cento em novembro em relação ao ano passado. As exportações caíram 12 por cento até novembro e as importações baixaram 11 por cento, disse o Indec.
O setor automotivo do país foi afetado por novos impostos, pelo declínio das importações e por uma queda na demanda dos consumidores que rejeitam preços mais altos.
As vendas caíram 45 por cento em novembro em relação a um ano anterior, segundo a associação de fabricantes de veículos, a Adefa.
Recessão no Brasil
A demanda pelas exportações argentinas no Brasil, seu maior sócio comercial, também decresceu neste ano porque a maior economia da América Latina caiu em uma recessão.
O Brasil superou a recessão no terceiro trimestre, expandindo-se 1 por cento em relação aos três meses anteriores.
O plano da presidente argentina Cristina Kirchner para resolver disputas pendentes por investimentos foi desbaratado pela decisão de um tribunal dos EUA de bloquear seus pagamentos de dívida.
Estes não podem ser feitos enquanto o governo não chegar a um acordo com credores, liderados pelo bilionário gerente de hedge funds Paul Singer, que possuem bonds do calote do país em 2001.
Cristina, cujo segundo mandato de quatro anos termina em dezembro de 2015, tinha supervisionado uma campanha para recompor as relações com investidores.
Ela melhorou as estatísticas oficiais, pagou a Repsol SA pela expropriação da sua unidade YPF e chegou a um acordo pela dívida pendente com o grupo de credores do Clube de Paris.
A Argentina tem problemas para atrair investimentos desde 2011, quando foram implementados controles de capital em meio a taxas estimadas de inflação anual superiores a 25 por cento.
O FMI, que censurou o país pelas alegações de que publicava dados econômicos duvidosos, espera que a economia se contraia 1,7 por cento neste ano e 1,5 por cento em 2015.
O déficit fiscal do país também está crescendo. Projeta-se um déficit total de 3,3 por cento do PIB neste ano, segundo o chefe de gabinete, Jorge Capitanich.
“A única coisa que está crescendo é o gasto público, mas chegamos a um ponto em que ele não está impactando no crescimento”, disse Carcione da Orlando Ferreres y Asociados. “O último trimestre será igual ou pior”.
Buenos Aires - A economia da Argentina se contraiu mais do que o previsto no terceiro trimestre depois que o país sul-americano deu calote da sua dívida pela segunda vez em 13 anos, obrigando o governo a reprimir importações em meio à escassez de dólares.
O PIB diminuiu 0,8 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, informou ontem o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
A média de estimativas de nove economistas consultados pela Bloomberg era de um declínio de 0,6 por cento, depois da estagnação do crescimento nos três meses anteriores.
A segunda maior economia da América do Sul se contraiu depois do calote que deu em 30 de julho após anos de disputas legais com credores.
No intuito de preservar reservas internacionais que caíram para seu mínimo em oito anos em abril, o governo aumentou os limites sobre as importações, dificultando aos fabricantes a obtenção de insumos.
“A economia está parada e não há sinais reais de recuperação”, disse Luciana Carcione, economista da Orlando Ferreres y Asociados, em entrevista por telefone de Buenos Aires. “O impacto do calote poderia ser maior no ano que vem no que tange a investimentos adiados”.
Foi a primeira contração interanual desde o segundo trimestre de 2012, segundo dados oficiais. O PIB também recuou 0,5 por cento em relação aos três meses anteriores, segundo o Indec.
Déficit
A Argentina registrou um déficit de US$ 736 milhões em conta-corrente no trimestre, comparado a um déficit de US$ 1,7 bilhão no mesmo trimestre do ano anterior.
As reservas internacionais caíram US$ 983 milhões no período, e a dívida externa total diminuiu para US$ 145,4 bilhões, segundo o relatório.
O Indec também disse que a produção industrial recuou 2,1 por cento em novembro em relação ao ano passado. As exportações caíram 12 por cento até novembro e as importações baixaram 11 por cento, disse o Indec.
O setor automotivo do país foi afetado por novos impostos, pelo declínio das importações e por uma queda na demanda dos consumidores que rejeitam preços mais altos.
As vendas caíram 45 por cento em novembro em relação a um ano anterior, segundo a associação de fabricantes de veículos, a Adefa.
Recessão no Brasil
A demanda pelas exportações argentinas no Brasil, seu maior sócio comercial, também decresceu neste ano porque a maior economia da América Latina caiu em uma recessão.
O Brasil superou a recessão no terceiro trimestre, expandindo-se 1 por cento em relação aos três meses anteriores.
O plano da presidente argentina Cristina Kirchner para resolver disputas pendentes por investimentos foi desbaratado pela decisão de um tribunal dos EUA de bloquear seus pagamentos de dívida.
Estes não podem ser feitos enquanto o governo não chegar a um acordo com credores, liderados pelo bilionário gerente de hedge funds Paul Singer, que possuem bonds do calote do país em 2001.
Cristina, cujo segundo mandato de quatro anos termina em dezembro de 2015, tinha supervisionado uma campanha para recompor as relações com investidores.
Ela melhorou as estatísticas oficiais, pagou a Repsol SA pela expropriação da sua unidade YPF e chegou a um acordo pela dívida pendente com o grupo de credores do Clube de Paris.
A Argentina tem problemas para atrair investimentos desde 2011, quando foram implementados controles de capital em meio a taxas estimadas de inflação anual superiores a 25 por cento.
O FMI, que censurou o país pelas alegações de que publicava dados econômicos duvidosos, espera que a economia se contraia 1,7 por cento neste ano e 1,5 por cento em 2015.
O déficit fiscal do país também está crescendo. Projeta-se um déficit total de 3,3 por cento do PIB neste ano, segundo o chefe de gabinete, Jorge Capitanich.
“A única coisa que está crescendo é o gasto público, mas chegamos a um ponto em que ele não está impactando no crescimento”, disse Carcione da Orlando Ferreres y Asociados. “O último trimestre será igual ou pior”.