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E se todos os americanos recebessem salário sem trabalhar?

Grupo é criado nos Estados Unidos para investigar efeitos da "renda mínima", uma ideia que vem sido explorada em vários países

homem com dólares (g-stockstudio/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de dezembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 30 de dezembro de 2016 às 16h53.

São Paulo - Você já imaginou ter sua renda garantida sem precisar trabalhar?

Pois essa ideia é cada vez popular e acaba de ganhar um grupo nos Estados Unidos para avaliar sua possível implementação.

O "Projeto de Segurança Econômica" vai direcionar US$ 10 milhões em 2 anos para projetos que estudem o impacto da renda mínima sobre a economia.

Entre seus signatários está gente como Robert Reich, ex-secretário do Trabalho, e Chris Hughes, co-fundador do Facebook, assim como outros nomes do Vale do Silício.

Também estão representados ativistas, autores, executivos, pesquisadores e professores de faculdades importantes como Stanford, Harvard e Princeton.

Outro nome é de Michael Faye, um dos fundadores da GiveDirectly, ONG que envia dinheiro para o celular de beneficiários na África e que também será apoiada pelo projeto.

"Transferências de dinheiro foram avaliadas por um período mais longo do que a maioria das outras intervenções para o desenvolvimento, e a evidência mostra que ela causa o oposto da dependência. As pessoas não só continuam a ter um nível maior de renda, mas também parecem estar trabalhando mais e não menos", disse ele em entrevista para EXAME.com em 2014.

Outras organizações que terão apoio financeiro são o Center for Popular Democracy, que advogado políticas progressistas, e os think tanks Roosevelt Institute e Niskanen Center.

Histórico

Utrecht e outras cidades holandesas começaram no início deste ano seu experimento de renda mínima, e o valor vai de 900 euros por mês para uma pessoa sozinha a 1.300 euros por mês para um casal.

Na Finlândia, um projeto piloto vai começar em 2017, e o Canadá também está experimentando com a ideia.

Na Suíça, um projeto de renda mínima universal foi rejeitado em um referendo realizado em junho.

Do lado da esquerda, alega-se que esse tipo de programa elimina a pobreza, incentiva o estudo e dá segurança para as famílias no contexto de um mercado de trabalho cada vez mais complicado.

Não é por acaso que ela é defendida por especialistas em tecnologia que preveem desemprego maciço com a crescente automatização. A renda mínima também teria o efeito de puxar para cima os salários da economia como um todo, tal como faz o salário mínimo.

Mas também há defensores da renda mínima na direita. Segundo eles, o esquema elimina a burocracia e os custos de administração necessários para manter os diferentes tipos de créditos e benefícios já existentes.

Um dos defensores disso era Milton Friedman, papa do liberalismo e vencedor do Prêmio Nobel, no modelo de um “imposto negativo” que manteria o incentivo ao trabalho. A principal crítica é que a renda mínima faria as pessoas deixarem de trabalhar.

Veja Friedman falando sobre o assunto em 1968:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=xtpgkX588nM%5D

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