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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual na primeira reunião de 2007. Com isso, os juros básicos da economia baixaram para 13% ao ano, sem viés. Nas últimas cinco reuniões do BC, o corte havia sido de 0,5 ponto. A decisão dividiu o colegiado de diretores do BC. Cinco membros do Copom votaram pelo corte de 0,25 ponto. Outros três integrantes defenderam uma queda maior, de 0,5 ponto.
A nota divulgada ao final do encontro mostra que o BC não está totalmente seguro sobre os efeitos da política monetária na inflação futura. "Diante das incertezas associadas ao mecanismo de transmissão da política monetária, e considerando que os efeitos das reduções de juros desde setembro de 2005 ainda não se refletiram integralmente na economia, o Copom avalia que a decisão contribuirá para aumentar a magnitude do ajuste a ser implementado", afirma a nota.
A queda de 0,25 ponto era a aposta da maioria dos analistas de mercado. Mas, após a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nesta segunda-feira (22/1), parte dos economistas passaram a esperar um ritmo maior de corte. A expectativa era sustentada na pressão política que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, exerceu publicamente sobre o presidente do BC, Henrique Meirelles, durante a apresenta das medidas do PAC. Em público, Mantega dirigiu o seguinte comentário ao titular do BC: "o mercado está esperando uma redução da taxa Selic. Viu, Meirelles?" Durante esta quarta-feira (24/1), o presidente do BC negou que sofresse pressões para aumentar o passo no corte de juros.
A decisão contrariou a indústria e o comércio. Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo afirma que a decisão contraria o discurso do governo em prol da aceleração da economia. "Nem parece que o Copom integra o mesmo governo que, há apenas dois dias, anunciou um grande e abrangente programa voltado à expansão do PIB. É paradoxal", diz o texto.
A Federação do Comércio do Rio de Janeiro também criticou a decisão do BC. "Essa rigidez na condução da política monetária e o esforço fiscal de nada adiantam enquanto não houver melhoria na eficiência dos gastos públicos", declara a entidade.
Na próxima quinta-feira (1º/2), o Copom divulgará a ata da reunião, na qual serão expostos os motivos para a decisão de hoje. O último relatório de mercado do Banco Central, publicado nesta segunda-feira (22/1), mostra que as instituições financeiras consultadas esperam que a Selic termine 2007 em 11,50% ao ano.