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Dívida de grandes produtores ameaça expansão da soja

O setor está sobrecarregado por uma montanha de dívidas, pelo excedente global de soja e pela recessão mais longa do Brasil em um século

Colheita de soja: crise de crédito pode ter mais impacto na desaceleração da expansão da soja no Brasil do que a própria queda dos preços (Camila Domingues/Palácio Piratini)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2016 às 21h36.

Como muitos produtores de soja do Brasil, Nelson Vigolo está sentindo a dor da queda brusca após o boom da commodity .

Nas últimas duas décadas, os produtores do coração agrícola do país tomaram empréstimos de bilhões de dólares para transformar o cerrado em terra cultivável, parte da transformação do Brasil em um gigante exportador de alimentos.

Com a alta dos preços, as vendas de soja para ração animal e óleo de cozinha ao exterior se transformaram nas maiores do mundo.

Em poucos anos, a área da fazenda de Vigolo, no Mato Grosso, tinha se multiplicado por 15, para 150.000 hectares, ou quase duas vezes a cidade de Nova York.

Agora, o setor está sobrecarregado por uma montanha de dívidas, pelo excedente global de soja e pela recessão mais longa do Brasil em um século. Alguns produtores não contam com dinheiro suficiente para plantar ou estão cancelando planos de expansão.

A empresa de Vigolo, Grupo Bom Jesus, entrou com pedido de recuperação judicial no mês passado e disse que devia cerca de R$ 2 bilhões (US$ 590 milhões) que não podia pagar. Pelo menos 10 grandes produtores deram calote ou procuraram reestruturar dívidas nos últimos 12 meses e mais empresas podem vir a ter o mesmo destino.

“Durante os anos de expansão das commodities, havia essa euforia em torno da demanda crescente por alimentos -- nós precisávamos produzir mais para alimentar o mundo”, disse Vigolo, 53, que bancou a metade da expansão de sua empresa com empréstimos. “O sentimento era de que isto iria durar”.

A crise de crédito pode ter mais impacto na desaceleração da expansão da soja no Brasil do que a própria queda dos preços. A produção da próxima safra, que começa com o plantio em outubro, pode ter o menor aumento em oito anos, com uma adição de apenas 500.000 hectares, segundo a Agroconsult, consultoria do setor com sede em Florianópolis.

É menos da metade do total de 1,1 milhão de hectares adicionado um ano antes, quando foram semeados 33,3 milhões de hectares, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

O Grupo Bom Jesus está entre as empresas que estão reduzindo a produção. Vigolo disse que deverá plantar 10 por cento menos nesta safra. Outra grande produtora, a Vanguarda Agro, está reduzindo na mesma proporção, descartando as áreas menos produtivas da Bahia em um momento em que busca reestruturar R$ 842 milhões em empréstimos bancários.

Outras duas empresas, Grupo J. Pupin e Grupo Pinesso, deram calote de R$ 900 milhões e R$ 600 milhões em dívidas, respectivamente, nos últimos 12 meses.

Há um certo alívio a caminho, proveniente de tradings e fabricantes de químicos e fertilizantes, cujos negócios dependem dos produtores rurais.

Elas estão oferecendo parcerias com bancos e assumir uma fatia maior do risco de financiamento, segundo três executivos com conhecimento direto do assunto que pediram anonimato porque os acordos de empréstimo são privados. Um executivo disse que a participação do financiamento do setor poderá subir para 40 por cento neste ano, contra 25 por cento no ano passado.

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Como muitos produtores de soja do Brasil, Nelson Vigolo está sentindo a dor da queda brusca após o boom da commodity .

Nas últimas duas décadas, os produtores do coração agrícola do país tomaram empréstimos de bilhões de dólares para transformar o cerrado em terra cultivável, parte da transformação do Brasil em um gigante exportador de alimentos.

Com a alta dos preços, as vendas de soja para ração animal e óleo de cozinha ao exterior se transformaram nas maiores do mundo.

Em poucos anos, a área da fazenda de Vigolo, no Mato Grosso, tinha se multiplicado por 15, para 150.000 hectares, ou quase duas vezes a cidade de Nova York.

Agora, o setor está sobrecarregado por uma montanha de dívidas, pelo excedente global de soja e pela recessão mais longa do Brasil em um século. Alguns produtores não contam com dinheiro suficiente para plantar ou estão cancelando planos de expansão.

A empresa de Vigolo, Grupo Bom Jesus, entrou com pedido de recuperação judicial no mês passado e disse que devia cerca de R$ 2 bilhões (US$ 590 milhões) que não podia pagar. Pelo menos 10 grandes produtores deram calote ou procuraram reestruturar dívidas nos últimos 12 meses e mais empresas podem vir a ter o mesmo destino.

“Durante os anos de expansão das commodities, havia essa euforia em torno da demanda crescente por alimentos -- nós precisávamos produzir mais para alimentar o mundo”, disse Vigolo, 53, que bancou a metade da expansão de sua empresa com empréstimos. “O sentimento era de que isto iria durar”.

A crise de crédito pode ter mais impacto na desaceleração da expansão da soja no Brasil do que a própria queda dos preços. A produção da próxima safra, que começa com o plantio em outubro, pode ter o menor aumento em oito anos, com uma adição de apenas 500.000 hectares, segundo a Agroconsult, consultoria do setor com sede em Florianópolis.

É menos da metade do total de 1,1 milhão de hectares adicionado um ano antes, quando foram semeados 33,3 milhões de hectares, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

O Grupo Bom Jesus está entre as empresas que estão reduzindo a produção. Vigolo disse que deverá plantar 10 por cento menos nesta safra. Outra grande produtora, a Vanguarda Agro, está reduzindo na mesma proporção, descartando as áreas menos produtivas da Bahia em um momento em que busca reestruturar R$ 842 milhões em empréstimos bancários.

Outras duas empresas, Grupo J. Pupin e Grupo Pinesso, deram calote de R$ 900 milhões e R$ 600 milhões em dívidas, respectivamente, nos últimos 12 meses.

Há um certo alívio a caminho, proveniente de tradings e fabricantes de químicos e fertilizantes, cujos negócios dependem dos produtores rurais.

Elas estão oferecendo parcerias com bancos e assumir uma fatia maior do risco de financiamento, segundo três executivos com conhecimento direto do assunto que pediram anonimato porque os acordos de empréstimo são privados. Um executivo disse que a participação do financiamento do setor poderá subir para 40 por cento neste ano, contra 25 por cento no ano passado.

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