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Diretora-gerente do FMI é julgada na França por negligência

Lagarde é acusada de "negligência" na gestão de um caso que envolve o empresário e ex-ministro socialista Bernard Tapie

Christine Lagarde: seu julgamento se estenderá até 20 de dezembro (Philippe Wojazer/Reuters)
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AFP

Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 15h42.

O julgamento da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), Christine Lagarde, por uma suposta negligência que originou um importante desvio de dinheiro público quando ocupava o posto de ministra da Economia da França teve início nesta segunda-feira, em Paris.

Ex-ministra da Economia da França (2007-2011), Lagarde sempre afirmou ter "agido de boa fé" e sua defesa anunciou que pedirá o adiamento do julgamento.

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Se for considerada culpada, ela pode ser condenada a até um ano de prisão e a pagar multa de 15.000 euros (15.900 dólares).

Em um programa de TV transmitido no domingo, Lagarde, de 60 anos, disse que estava "serena e determinada".

"Tentei fazer meu trabalho o melhor possível dentro dos limites do que sabia", disse Lagarde ao canal France 2.

"A negligência é um delito não intencional. Penso que todos somos um pouco negligentes em alguma parte da vida", completou.

Qualquer que seja a sentença, este caso pode arranhar a imagem desta advogada especializada em negócios que, após passar pelo ministério da Economia, tornou-se uma das mulheres do mundo.

Reconduzida este ano à frente do FMI, Lagarde disse que se licenciaria da instituição durante o julgamento.

A diretora-gerente do FMI é julgada por uma jurisdição excepcional, a Corte de Justiça da República (CJR), criada com o propósito de julgar os ministros e ex-ministros por delitos cometidos no exercícios de suas funções.

Desde que foi criada, em 1993, a CJR condenou três membros do governo. No início do mês, a Justiça francesa condenou o ex-ministro da Fazenda do presidente socialista François Hollande, Jérôme Cahuzac, por fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

O caso Tapie

Lagarde é acusada de "negligência" na gestão de um caso que envolve o empresário e ex-ministro socialista Bernard Tapie.

Este último considerava ter sido prejudicado pelo banco público Crédit Lyonnais durante a venda da marca esportiva Adidas em 1994.

Agora com 73 anos, Tapie era dono da empresa de artigos esportivos entre 1990 e 1993, mas perdeu o controle da mesma quando se declarou em falência.

Então, ele vendeu a empresa ao banco estatal Crédit Lyonnais por 315,5 milhões de euros em fevereiro de 1993. O banco voltou a vendê-la no ano seguinte por 701 milhões de euros, o que levou Tapie a afirmar que tinha sofrido um calote.

Para resolver a disputa judicial iniciada por Tapie contra o banco, Lagarde, que havia sido nomeada ministra da Economia em 2007, na Presidência de Nicolas Sarkozy, optou por recorrer a uma arbitragem privada, contrariando o critério de um órgão consultivo.

Em 2008, os três juízes arbitrais concederam a Tapie uma indenização de 404 milhões de euros, procedentes de fundos públicos.

Mas a justiça civil anulou a sentença arbitral no início de 2015, por considerar que ocorreu uma fraude. Tapie foi condenado a devolver os 404 milhões de euros.

A justiça francesa acusa Lagarde por "negligência e precipitação" no caso, que "privou o Estado de uma oportunidade de evitar o desvio dos fundos".

Em sua alegação, ela afirma que o recurso da arbitragem foi preparado antes de sua entrada no governo e que não tinha relações pessoais com os personagens do caso.

De fato, Lagarde não atuou na escolha, muito polêmica, dos árbitros.

Seu julgamento se estenderá até 20 de dezembro.

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