Exame Logo

Santander lista dez razões para manter a cautela sobre a recuperação mundial

Apesar de o pior da crise já ter passado, banco acredita que a retomada da economia mundial será lenta

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2009 às 12h35.

Nos últimos 90 dias, o Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, teve uma recuperação de 31% e chegou a atingir o nível em que operava em outubro, época em que a crise internacional se agravou.

A recuperação da bolsa teve como ponto de partida as perspectivas mais positivas sobre a economia mundial, mas, de acordo com o Departamento de Pesquisa Econômica do Santander, ainda é preciso manter cautela.

Veja também

O desempenho dos principais mercados globais, bem como as projeções para a atividade econômica, geram uma sensação de que o pior da crise já passou. Apesar disso, os analistas do banco acreditam que o momento ainda não é de otimismo, já que uma recuperação palpável deve ser lenta, frágil e repleta de incertezas ao seu redor.

Cautela deve permanecer

Para o Santander, os investidores não devem permitir que os sinais de recuperação observados nos últimos tempos lhe subam à cabeça e façam nascer um sentimento de otimismo além do que a realidade recomendaria.

"Parece ter se formado a expectativa de uma recuperação rápida e sustentável, que não nos parece realista e, por isso, em nossa opinião, é baixa a probabilidade de continuidade do ciclo favorável para as bolsas de valores e para os preços de commodities, com implicações para a moeda brasileira", explicam os analistas.

Os dez motivos

A corretora do Santander aponta dez principais razões para que a cautela continue presente em relação à euforia que o mercado vem demonstrando. A primeira é referente à existência ainda de incertezas em relação ao sistema bancário caso as projeções de perdas se mostrem corretas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que as perdas dos bancos com a crise devem superar 4 trilhões de dólares. Mesmo que as instituições se mostrem solventes, as condições de crédito não devem voltar à liquidez anterior, tendo como base experiências passadas de outros países - e esse seria o segundo motivo para o pessimismo.

Além disso, os estoques de imóveis nos Estados Unidos continuam altos e os preços caem, atingindo a inadimplência e a riqueza da população. Apesar de serem parte da solução da crise, os impulsos fiscais divulgados por países do mundo para reanimar as economias devem trazer mais endividamento no médio prazo, o que aumentará o risco soberano para nações desenvolvidas, a inflação e os juros de longo prazo.

O quinto e o sexto motivo para a cautela são os indicadores econômicos ainda ruins. O banco considera que a visão de que o mundo começa a se recuperar se sustenta mais na melhora da expectativa dos empresários do que em fatos reais. Segundo o Santander, recessões sincronizadas e com crises financeiras costumam ser mais profundas e mais longas do que a média.

O sétimo motivo é o forte aumento do desemprego no mundo, uma tendência que deve demorar a ser revertida. O banco também vê como problema a dependência excessiva da economia chinesa e a crença de que as ações governamentais serão suficientes para gerar aumento da demanda doméstica. E há ainda o risco de crises soberanas nos países emergentes, em especial no leste europeu, onde também há dúvidas sobre a solvência do sistema financeiro.

Por fim, os analistas explicam que o retorno do equilíbrio global exigirá que economias antes poupadoras, como a China, o Japão e a Alemanha, passem a consumir, o que demanda tempo, uma vez que as nações antes gastadoras, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Espanha, serão obrigadas a poupar.

Sinais de melhora

De acordo com relatório da corretora, os sinais de que houve uma melhora no cenário nos dois últimos meses são diversos, a começar pelos indicadores de risco, que estão praticamente nos mesmos patamares anteriores à quebra do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimentos dos Estados Unidos. Isso mostra a confiança nas medidas governamentais, em especial no sentido de assegurar a solvência dos bancos.

A expectativa de recuperação da economia mundial também pode ser observada na queda dos juros bancários, no desempenho do mercado de ações e na melhora dos preços das commodities.

A alta no preço do petróleo em 2009 se encaixa em tal quadro. Quando a crise financeira se aprofundou no ano passado, a cotação do barril despencou de quase 150 dólares para menos de 40 dólares em Londres. Contudo, somente em maio, o óleo bruto já acumula valorização de cerca de 20% e no ano a variação fica positiva em mais de 40%.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame