Desemprego: a taxa mais baixa nas últimas décadas pode favorecer Trump nas eleições legislativas de novembro (Oli Scarff/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de outubro de 2018 às 16h21.
A taxa de desemprego nos Estados Unidos alcançou em setembro seu nível mais baixo desde dezembro de 1969, embora o nível de criação de empregos tenha se desacelerado.
A um mês das disputadas eleições legislativas de meio de mandato, o novo dado é positivo para o presidente americano, Donald Trump, que atribui a si mesmo todo o sucesso do crescimento econômico. O Partido Republicano pode sofrer um revés, porém, diante da decepção dos eleitores.
O desemprego chegou a 3,7%, o nível mais baixo em 48 anos, contra 3,9% do mês anterior, segundo dados do Departamento do Trabalho.
Apesar da taxa de desemprego mais baixa, os empregadores não agrícolas adicionaram apenas 134 mil novas vagas líquidas - menos do que os analistas esperavam.
O furacão Florence, a tempestade que atingiu o litoral norte-americano em 14 de setembro, causou transtornos generalizados para indivíduos e empregadores, mas não foi possível determinar até que ponto isso pode ter reduzido a criação de postos em setembro, disseram as autoridades.
Os economistas esperavam que a criação de empregos desacelerasse, mas apenas a 184 mil, mesmo com o efeito furacão, diante das 270 mil novas vagas líquidas criadas em agosto.
Empregados temporariamente impossibilitados de trabalhar durante desastres naturais podem ser deixados de fora da pesquisa mensal de empregos do governo, especialmente trabalhadores de meio período que não receberam pagamento durante a semana da pesquisa, o que significa que os números podem se recuperar no mês seguinte a uma tempestade.
"A economia está seguindo a toda velocidade", disse o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, à imprensa, acrescentando que espera que a economia possa manter o "ritmo muito bom" de criação de empregos.
O economista da agência classificadora S&P Global Satyam Panday observou que a média de três meses para ganhos de emprego foi de 190 mil, ligeiramente abaixo da taxa de 201 mil do ano passado. Mas isso ainda é "impressionante, dado o estágio maduro da expansão atual", disse ele em nota analítica.
Enquanto isso, a taxa de participação na força de trabalho se manteve estável, em 62,7%, enquanto o número de desempregados caiu em 270 mil, a 6 milhões, com a maior queda entre as mulheres adultas.
O salário por hora subiu 0,3% no mês e é 2,8% maior do que no mesmo mês do ano passado, pouco acima da inflação.
Com o desemprego em níveis inéditos desde que Richard Nixon ocupava a Casa Branca, o relatório de setembro também assegurou que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) continuará aumentando as taxas de juros.
A última vez que a taxa de desemprego dos Estados Unidos foi tão baixa precedeu mais de uma década de crise econômica ligada ao aumento dos preços e a esforços para controlá-los.
Os aumentos salariais foram modestos, contudo, o que confunde os economistas e permite que o Fed se mova gradualmente.
"Ninguém no Fed acha que o desemprego próximo a 3% seja sustentável", disse Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics, em nota aos clientes.