Economia

De olho na economia dos EUA, empresas de crédito online reduzem riscos

Economistas consultados pela Reuters viram chance de 25% de recessão na economia dos EUA nos próximos 12 meses

Desaceleração também não é certeza. Na sexta-feira, o JPMorgan Chase, o maior banco do país em ativos, diminuiu os temores de uma recessão depois que registrou lucros trimestrais melhores do que o esperado (Thomas Peter/Reuters)

Desaceleração também não é certeza. Na sexta-feira, o JPMorgan Chase, o maior banco do país em ativos, diminuiu os temores de uma recessão depois que registrou lucros trimestrais melhores do que o esperado (Thomas Peter/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 15 de abril de 2019 às 15h59.

Última atualização em 15 de abril de 2019 às 16h03.

Nova York — Empresas de crédito online dos Estados Unidos como LendingClub, Kabbage e Avant estão examinando a qualidade dos empréstimos, assegurando financiamento de longo prazo e cortando custos, enquanto os executivos se preparam para o que eles temem ser a primeira recessão econômica do setor.

Uma recessão pode trazer perdas crescentes de crédito, crises de liquidez e custos mais altos de financiamento, testando modelos de negócios em um setor relativamente emergente.

Os credores 'peer-to-peer' (entre pares) e digitais surgiram em grande parte após a Grande Recessão de 2008. Ao contrário dos bancos, que tendem a ter depósitos de baixo custo e mais estáveis, essas empresas de crédito online contam com financiamento do mercado, que pode ser mais difícil em tempos de estresse.

Seus métodos de verificação também incluem muitas vezes a análise de dados não tradicionais, como o nível de educação dos mutuários. Embora as plataformas vejam isso como uma força, elas ainda precisam ser testadas em tempos de crise.

"Isso é muito importante para nós", disse Scott Sanborn, presidente-executivo do LendingClub, em entrevista, referindo-se à possibilidade de uma recessão. "Não é uma questão de 'se', é 'quando' e não está a cinco anos de distância."

Sanborn e executivos de cerca de meia dúzia de outras dessas empresas online, que conversaram com a Reuters, disseram que o agravamento dos indicadores econômicos e as previsões os tornaram mais cautelosos.

Suas preocupações são o mais recente sinal de que a crise dos EUA está próxima. Economistas consultados pela Reuters em março viram uma chance de 25% de recessão nos EUA nos próximos 12 meses. Mais recentemente, alguns executivos disseram que uma decisão do Federal Reserve de suspender o aumento das taxas de juros reforçou esses temores.

"Estávamos vendo economistas levantando alguns sinais de alerta, e estávamos seguindo os sinais do Fed e eles estavam se tornando mais brandos", disse Bhanu Arora, o chefe de empréstimos ao consumidor do banco de Chicago, Avant. "Queríamos estar preparados e prontos."

Para posicionar-se melhor para a recessão, a Avant apresentou um plano no final do ano passado que inclui o aperto das exigências de crédito para os segmentos identificados como de maior risco, disse Arora.

Para ter certeza, os executivos disseram que ainda não estão vendo sinais gritantes de problemas em suas carteiras de empréstimos.

Uma desaceleração também está longe de ser certa. Na sexta-feira, o JPMorgan Chase, o maior banco do país em ativos, diminuiu os temores de uma recessão depois que registrou lucros trimestrais melhores do que o esperado, impulsionados pelo que descreveu como sólido crescimento econômico dos EUA.

Se uma desaceleração ocorrer, no entanto, ela separaria as empresas de crédito online mais fortes das mais fracas.

"Todas essas plataformas diferentes dizem que podem verificar seus possíveis clientes de maneira única", disse Robert Wildhack, analista da Autonomous Research. "Esta será a primeira chance que temos para ver quem está certo e quem poderia estar pegando atalhos."

Acompanhe tudo sobre:CréditoDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve System

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto