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Crise política na Itália preocupa Europa e gera temor

A inesperada decisão de Monti de pedir demissão após a aprovação dos orçamentos para o próximo ano e a retirada de Berlusconi do apoio ao governo tecnocrata

Silvio Berlusconi: a incerteza política na Itália também pode afetar diretamente a Espanha (©afp.com / Giuseppe Cacace)
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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 16h31.

Roma - A Europa temia nesta segunda-feira que o anúncio da renúncia de Mario Monti em 2013 e a possibilidade de retorno de Sílvio Berlusconi ao poder gerasse um novo período de forte turbulência financeira na região, o que afetaria ainda mais a delicada situação da economia global.

A inesperada decisão de Monti de pedir demissão após a aprovação dos orçamentos para o próximo ano e a retirada de Berlusconi do apoio ao governo tecnocrata, na sexta-feira, geraram fortes turbulências nos mercados.

A Bolsa de Milão apresentava queda de mais de 2% no início desta sessão, com as ações dos bancos sendo as mais afetadas, com quedas entre 4 e 5%. Os demais mercados europeus também recuavam e a taxa de risco italiana, que na semana passada havia recuado para menos de 300 pontos pela primeira vez desde março, disparou nesta segunda-feira para os 360 pontos.

O número, no entanto, é pequeno se comparado à cifra recorde de 600 pontos obtida há um ano.

O regresso de Berlusconi ao cenário político e suas críticas às severas medidas adotadas pelo tecnocrata Monti, em geral aplaudidas pela União Europeia, fizeram ressurgir os temores de novo caos na Itália, reavivando as lembranças do período no qual o país era visto como um possível candidato a deixar o euro.

O presidente da República, Giorgio Napolitano, o único que tem o poder de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, tinha um cenário traçado, que previa eleições para abril.

A situação agora mudou profundamente e muitos editorialistas e comentaristas acreditam que as eleições serão realizadas dois meses antes, em fevereiro, ao menos 40 dias depois da dissolução do Parlamento.


Uma possibilidade que poderia beneficiar Berlusconi, de 76 anos, que espera celebrar ao mesmo tempo eleições municipais, em regiões cruciais como Lácio, onde se encontra Roma, e na Lombardia, cuja capital é Milão, um de seus feudos eleitorais.

Berlusconi, que havia anunciado sua aposentadoria em várias ocasiões, tentará agora retornar ao cenário político, mas as sondagens apontam apenas 15% das intenções de votos para ele. A proposta do ex-primeiro-ministro para reativar seu eleitorado seria uma campanha contra Monti e suas medidas de austeridade, além de tentar impedir o triunfo do líder da coalizão de esquerda, Pierluigi Bersani, eleito há duas semanas, que é até agora o grande favorito, com mais de 30% das intenções de voto.

Para alguns especialistas, Monti, ex-comissário europeu e professor de economia, de 69 anos, poderia ser o grande rival de Berlusconi, caso quisesse.

Alguns editores consideram a hipótese de que Monti adiantou sua saída para refletir sobre a possibilidade de se apresentar para as eleições com o apoio de uma lista de moderados.

Em uma entrevista ao jornal La Repubblica, Monti admitiu que estava "muito preocupado" com os riscos de uma guinada populista, assim como com a possibilidade de uma tempestade financeira, o que levaria a Itália a perder "novamente sua credibilidade".

"Eu sempre pensei que Monti ainda poderia ser útil para o país, mas é melhor ficar fora da briga", disse Bersani, indiretamente lançando sua candidatura à presidencia da república.

"Ele recuperou a confiança na Itália e foi fundamental para manter a estabilidade na área do euro", reconheceu nesta segunda-feira em Oslo o presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, pouco antes da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.

A incerteza política na Itália também pode afetar diretamente a Espanha, conforme alertou o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos.

"Monti vai desempenhar um papel importante após as eleições, como chefe de governo ou como presidente. As tensões de mercado deverão se acalmar quando suas intenções ficarem claras", disse Cedric Thellier, economista do banco Natixis.

A influente Igreja Católica, por sua vez, chamou de "irresponsável" uma parte da classe política italiana que só pensa em ocupar o poder "enquanto estes estão em chamas", disse o presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Angelo Bagnasco.

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Roma - A Europa temia nesta segunda-feira que o anúncio da renúncia de Mario Monti em 2013 e a possibilidade de retorno de Sílvio Berlusconi ao poder gerasse um novo período de forte turbulência financeira na região, o que afetaria ainda mais a delicada situação da economia global.

A inesperada decisão de Monti de pedir demissão após a aprovação dos orçamentos para o próximo ano e a retirada de Berlusconi do apoio ao governo tecnocrata, na sexta-feira, geraram fortes turbulências nos mercados.

A Bolsa de Milão apresentava queda de mais de 2% no início desta sessão, com as ações dos bancos sendo as mais afetadas, com quedas entre 4 e 5%. Os demais mercados europeus também recuavam e a taxa de risco italiana, que na semana passada havia recuado para menos de 300 pontos pela primeira vez desde março, disparou nesta segunda-feira para os 360 pontos.

O número, no entanto, é pequeno se comparado à cifra recorde de 600 pontos obtida há um ano.

O regresso de Berlusconi ao cenário político e suas críticas às severas medidas adotadas pelo tecnocrata Monti, em geral aplaudidas pela União Europeia, fizeram ressurgir os temores de novo caos na Itália, reavivando as lembranças do período no qual o país era visto como um possível candidato a deixar o euro.

O presidente da República, Giorgio Napolitano, o único que tem o poder de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, tinha um cenário traçado, que previa eleições para abril.

A situação agora mudou profundamente e muitos editorialistas e comentaristas acreditam que as eleições serão realizadas dois meses antes, em fevereiro, ao menos 40 dias depois da dissolução do Parlamento.


Uma possibilidade que poderia beneficiar Berlusconi, de 76 anos, que espera celebrar ao mesmo tempo eleições municipais, em regiões cruciais como Lácio, onde se encontra Roma, e na Lombardia, cuja capital é Milão, um de seus feudos eleitorais.

Berlusconi, que havia anunciado sua aposentadoria em várias ocasiões, tentará agora retornar ao cenário político, mas as sondagens apontam apenas 15% das intenções de votos para ele. A proposta do ex-primeiro-ministro para reativar seu eleitorado seria uma campanha contra Monti e suas medidas de austeridade, além de tentar impedir o triunfo do líder da coalizão de esquerda, Pierluigi Bersani, eleito há duas semanas, que é até agora o grande favorito, com mais de 30% das intenções de voto.

Para alguns especialistas, Monti, ex-comissário europeu e professor de economia, de 69 anos, poderia ser o grande rival de Berlusconi, caso quisesse.

Alguns editores consideram a hipótese de que Monti adiantou sua saída para refletir sobre a possibilidade de se apresentar para as eleições com o apoio de uma lista de moderados.

Em uma entrevista ao jornal La Repubblica, Monti admitiu que estava "muito preocupado" com os riscos de uma guinada populista, assim como com a possibilidade de uma tempestade financeira, o que levaria a Itália a perder "novamente sua credibilidade".

"Eu sempre pensei que Monti ainda poderia ser útil para o país, mas é melhor ficar fora da briga", disse Bersani, indiretamente lançando sua candidatura à presidencia da república.

"Ele recuperou a confiança na Itália e foi fundamental para manter a estabilidade na área do euro", reconheceu nesta segunda-feira em Oslo o presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, pouco antes da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.

A incerteza política na Itália também pode afetar diretamente a Espanha, conforme alertou o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos.

"Monti vai desempenhar um papel importante após as eleições, como chefe de governo ou como presidente. As tensões de mercado deverão se acalmar quando suas intenções ficarem claras", disse Cedric Thellier, economista do banco Natixis.

A influente Igreja Católica, por sua vez, chamou de "irresponsável" uma parte da classe política italiana que só pensa em ocupar o poder "enquanto estes estão em chamas", disse o presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Angelo Bagnasco.

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