Economia

Crise americana pode congelar salários no mundo todo

Pesquisa em 80 países mostra que 30% das empresas pretendem adiar reajustes salariais para contornar o efeito da desaceleração

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h07.

Depois das empresas ligadas a crédito imobiliário e dos grandes bancos de investimento, a próxima vítima da crise financeira nos Estados Unidos pode ser o bolso dos trabalhadores no mundo todo. O alerta vem de uma pesquisa realizada com 1003 empresas de 80 países, entre eles o Brasil, pela consultoria de gestão empresarial Hay Group, com sede nos Estados Unidos.

Segundo o levantamento, os representantes de 30% das companhias afirmaram que já estão congelando ou devem congelar os salários base de seus funcionários, como parte das medidas adotadas para reduzir o impacto da desaceleração da economia americana. A percepção de que a crise começa a assustar os executivos é reforçada por outra constatação da pesquisa, a de que embora a maioria dos entrevistados ainda não tenha sentido os efeitos da crise sobre o desempenho das empresas que representam, 16% deles prevêem que suas companhias sofrerão impacto negativo diante da turbulência financeira.

A situação é mais extrema na região formada por América Central e América do Sul. Nessa área, 61% dos executivos ouvidos disseram que já decidiram ou estão considerando se decidir, em breve, por manter os salários base nos níveis atuais, enquanto 47% afirmam já ter em andamento mudanças nos programas de incentivos variáveis de curto prazo, como bonificações e participações nos lucros.

Executivos são os mais afetados

Em meio ao ambiente de incertezas econômicas, os executivos são os profissionais mais afetados por congelamento de salários. Das empresas que dizem já ter decidido estabilizar os salários base, na região formada pela América Latina menos o México, 45% delas escolheram o nível hierárquico mais alto como alvo da medida.

Logo em seguida aparecem os gerentes, também afetados em 45% dos casos. Profissionais de postos de suporte devem sofrer com o congelamento em 18% dos casos, mesma porcentagem de empresas que devem adiar os reajustes para todas as categorias.

Quando se trata das empresas que ainda estão considerando a possibilidade de congelamento, a situação se inverte. Os empregados com maior risco de entrarem na lista dos "sem-aumento"são os profissionais de suporte e de nível intermediário, citados por 64% das companhias.  

Ainda no universo das empresas que pretendem congelar salários, 16% chegam a prever demissões de funcionários, enquanto outros 21% avaliam essa possibilidade.

Esse pessimismo dos executivos latino-americanos, no entanto, teve pouca influência sobre o resultado global, uma vez que apenas 17 companhias da região participaram do estudo, das quais três são brasileiras.

No Brasil, a grande maioria dos analistas do cenário econômico têm previsto um impacto relativamente pequeno da crise financeira sobre a economia nacional. O país estaria mais protegido do que nas crises anteriores, graças a fatores como o aumento das reservas em moeda estrangeira e o crescimento robusto do mercado interno.

Além dos salários e dos bônus, também os benefícios oferecidos aos funcionários devem sofrer ajustes. Entre os participantes da pesquisa no mundo todo, 27% afirmaram que já modificaram ou pretendem modificar os benefícios de saúde dos funcionários, tais como os planos privados. Outros 21% dizem estar considerando mudanças nas aposentadorias e pensões dos empregados..

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