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Crescimento baixo é problema sério para o Brasil, diz Fitch

A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do Brasil, o que não significa que terá mudança da nota

Fitch Ratings: "A perspectiva estável indica que a probabilidade de o Brasil ter alteração é menor do que 70%", explica diretor da agêrncia, Rafael Guedes (Brendan McDermid/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 18h48.

São Paulo - O crescimento baixo é um problema "sério" para o Brasil, diz o diretor da Fitch Rafael Guedes. Segundo ele, esse é um dos pontos para se observar à frente.

A agência de risco tem até julho para apresentar uma revisão da nota do Brasil, o que não significa que terá mudança da nota. "A perspectiva estável indica que a probabilidade de o Brasil ter alteração é menor do que 70%", explica Guedes.

"Mas o comitê que define as notas precisa se reunir pelo menos uma vez por ano, até julho", diz.

Segundo ele, quando o rating do Brasil foi afirmado no ano passado, já havia uma deterioração na economia, mas ele diz contar, de outro lado, com uma série de passos para a melhora do ambiente.

Entre os pontos positivos, ele citou a comunicação do BC, que era errática, mas "melhorou significativamente"; o câmbio, que mostra uma movimentação mais próxima das condições de mercado; e as intervenções do BC, via swap.

Apesar de dizer que um dos pontos fracos na classificação são as finanças públicas - o setor externo é positivo -, o superávit fiscal anunciado, que ele ressalta que "talvez seja mais baixo" do que seria necessário, é suficiente "para manter a trajetória da dívida estável ou levemente em queda", diz.

Ele citou ainda como positivo os benefícios fiscais não estendidos para 2014 e que alguns deles estão sendo retirados.

Entre os pontos negativos, ele citou o nível de investimento baixo. "O Brasil tem problemas de investimentos muito grave", disse. E isso se reflete, entre outras coisas, no baixo crescimento.

Segundo ele, por conta disso, o balanço para a questão macroeconômica é levemente negativo no Brasil, mas ainda "não o suficiente para que haja alteração na nota", completa. Ele falou durante evento do EMTA, na sede do HSBC, em são Paulo.

São Paulo - Janeiro é o mês no qual os órgãos internacionais fazem suas previsões para os próximos anos. Nesta quarta-feira, foi a vez do Banco Mundial . O título do relatório é "Lidando com a normalização das políticas nos países de renda alta" e grande parte dele é dedicado a mostrar que os emergentes vão ter que suar para manter a estabilidade em um mundo que caminha para taxas de juros mais altas. A economia brasileira é citada algumas vezes. Veja os destaques a seguir:
  • 2. As eleições podem impedir reformas...

    2 /8(Elza Fiúza/ABr)

  • Veja também

    Para o Banco Mundial, a mudança nas condições globais de financiamento significa que "manter uma política de o-mesmo-de-sempre não é mais uma opção" para os emergentes .  O risco de complacência, no entanto, é alto. A implementação de reformas já é um desafio político em circunstâncias normais, mas fica ainda mais difícil "por causa das eleições em muitos daqueles países mais testados na última estação." África do Sul , Tailândia, Turquia, Indonésia e Índia são colocadas neste grupo, junto com o Brasil.
  • 3. ... mas o crescimento deve acelerar em 2016

    3 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

  • A estimativa do Banco Mundial é que a economia brasileira vai crescer 2,4% em 2014 e 2,7% em 2015 - nada muito além dos cerca de 2,2% registrados em 2013. A partir daí, deve haver uma nova aceleração: a previsão para 2016 é de 3,7% de expansão. Vale notar que órgão errou a projeção para o Brasil nos últimos anos. Para 2011, a previsão era de 4,4% e o país cresceu 2,7%. Para 2012, a estimativa era de 3,4%.e o crescimento foi de 0,9%.
  • 4. A confiança do investidor e do consumidor está em queda...

    4 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

    O otimismo do empresário despencou 38 pontos percentuais ao longo de 2013, de acordo com pesquisa da consultoria Grant Thornton. Na opinião do Banco Mundial , "a confiança do consumidor e do investidor ficou mais fraca devido à fraqueza da gerência macroeconômica e às políticas intervencionistas do governo, ao mesmo tempo que os termos de troca deterioraram-se."
  • 5. ... mas a Copa e as Olimpíadas vão dar um empurrão

    5 /8(Dado Galdieri/Bloomberg)

    O Banco Mundial acredita que os investimentos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 , junto com um aumento das exportações, vão compensar os efeitos da queda de preço de commodities e do aperto nas condições de financiamento global. R$ 25,5 bilhões serão investidos só na Copa, de acordo com o governo federal. No Rio de Janeiro , os eventos esportivos fizeram dobrar os investimentos nos últimos 6 anos.
  • 6. O crédito depende demais do governo...

    6 /8(Tânia Rêgo/ABr)

    O Banco Mundial nota que em países como Brasil, Turquia e China, o crédito subiu mais de 20 pontos percentuais no PIB desde 2007. Isso não é o problema, e sim uma dependência excessiva do crédito estatal - como é o nosso caso: " bancos estatais foram responsáveis por 50% do crédito por liquidar no Brasil em meados de 2013, acima dos 33% em 2008 e a primeira vez que este patamar é atingido desde a onda de privatizações em 1999."
  • 7. ... mas não a agricultura

    7 /8(EXAME)

    O relatório do Banco Mundial sugere que o corte de subsídios agrícolas pode abrir espaço para outras prioridades fiscais, além de aumentar a produtividade . O Brasil, no entanto, já lidou com essa questão há muito tempo: em um gráfico com 14 países que mostra a porcentagem do PIB destinada para subsídios agrícolas, aparecemos na última posição. A Indonésia lidera, com 3,5%. Em países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão, o número gira em torno de 1%.
  • 8 /8(USP Imagens)

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