Economia

Cresce o nível de estudo no Brasil, mas ainda falta qualificação

Dados do IBGE mostram que a maioria dos desempregados concluiu o ensino médio, mas não conseguem uma vaga por falta de experiência ou qualificação profissional

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

O nível de estudo da mão-de-obra brasileira está aumentando. Em janeiro de 2003, 45,9% da população ocupada passaram 11 ou mais anos na escola. Em janeiro de 2005, a taxa havia subido para 49,6%. Embora esse dado seja positivo, o país ainda patina na formação de pessoal qualificado para as vagas que estão surgindo. Um dos exemplos de que não basta ampliar o número de anos nos bancos escolares, sem aumentar também a qualificação dos estudantes, é a elevada taxa de desemprego entre os que concluíram o ensino médio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46,2% dos desempregados, em janeiro, haviam concluído o colegial. Há dois anos, essa porcentagem era de 39%.

Para as empresas, a falta de profissionais qualificados significa uma maior dificuldade para incrementar seus planos de investimento. A Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, planeja recrutar 35 engenheiros ferroviários neste ano para ampliar suas operações de logística, mas não consegue encontrá-los. A solução tem sido recrutar formandos de outras áreas e treiná-los internamente (se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre a falta de mão-de-obra qualificada no país).

"O mercado de trabalho está ficando cada vez mais exigente", afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Essa exigência cria um impasse. De um lado, as empresas abrem vagas com requisitos difíceis de serem preenchidos pelos candidatos. De outro, os candidatos com maior nível de instrução escolar (não necessariamente, maior qualificação profissional) têm mais condições de esperar por uma vaga que seja adequada ao seu perfil. Boa parte do contingente de desempregados com ensino médio é composta por estudantes recém-formados sem um curso técnico ou experiência profissional, e por pessoas que podem contar com a retaguarda da família (como homens e mulheres casados cujo cônjuge trabalha).

Segundo o IBGE, dos 2,2 milhões de desocupados existentes em janeiro, 21% estavam em busca do primeiro emprego. E apenas 26,1% era os principais responsáveis pela renda da família. "Pessoas de menor escolaridade tendem a aceitar postos de menor remuneração, porque não têm reservas financeiras nem fonte de renda alternativa", diz Pereira.

Dados gerais

A pesquisa do IBGE, divulgada nesta sexta-feira (25/2), mostra também que o desemprego aumentou 0,6 ponto percentual em janeiro, atingindo 10,2% da população economicamente ativa, contra 9,6% em dezembro. A taxa, porém, ainda é menor que os 11,7% registrados no primeiro mês de 2004. Segundo Pereira, o aumento do desemprego no início do ano já era esperado, por ser um fenômeno sazonal. Com o fim das encomendas para atender ao período natalino, os trabalhadores temporários são dispensados. "Observando-se o comportamento sazonal, é possível dizer que o desemprego ainda pode subir até meados do ano", afirma.

O rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de 919,80 reais em janeiro, o equivalente a 3,5 salários mínimos. O valor é 2,2% maior tanto em relação a dezembro quanto a janeiro de 2004. Em Belo Horizonte, foi observada a maior alta dos salários médios 4,2%. Já em Recife, o rendimento caiu 2,3%.

A região metropolitana do Rio de Janeiro foi a única a apresentar queda do desemprego entre dezembro e janeiro, baixando de 8,5% para 7,4%. O aumento da renda média dos trabalhadores elevou a renda familiar e retirou do mercado uma parcela da população que buscava emprego para completar o orçamento da família. "Além disso, a população ocupada está migrando para as áreas mais dinâmicas da economia local, como o turismo", diz Pereira.

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