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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.
Após uma saraivada de críticas dos empresários, a proposta do Ministério da Fazenda de reduzir a tarifa de importação de diversos setores produtivos também começa a receber ressalvas de integrantes do próprio governo. Nesta segunda-feira (20/3), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que as medidas prejudicariam a produção e a criação de empregos, além de ser ineficaz para aquilo que a Fazenda a propôs: conter a valorização do real.
"A proposta colocada pela Fazenda tem um sentido que desconsidera a criação de empregos no Brasil, e que desconsidera também a viabilidade econômica de alguns setores que hoje não poderiam ser tão competitivos por força do custo Brasil", afirmou. Lançado no início do mês pela Fazenda, o corte de tarifas de importação pretende conter a valorização do real por meio do estímulo às compras externas, o que aumentaria a demanda por dólares e recuperaria a força da moeda americana frente ao real.
Para Furlan, porém, a idéia não resolveria o problema do câmbio. "É uma medida um pouco extremada, assim como os que acham que a simples queda dos juros é a solução para o Brasil. Não há uma solução singela. É preciso muito trabalho", disse.
Momento impróprio
Em meio às tentativas de se destravar as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), Furlan considera impróprio que o Brasil acene com uma redução unilateral de suas tarifas, o que comprometeria seu poder de barganha junto a outras nações. "Esta medida tem que estar ligada a alguma contrapartida dos outros países. Não se dá nada de graça", afirmou.
Além do cenário externo desfavorável, Furlan citou os problemas que atrapalham a competitividade das empresas brasileiras, como a burocracia, os gargalos logísticos e os juros altos. "Seria natural reduzir as tarifas de importação, à medida que ações internas dessem competitividade à indústria", disse.