O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa de juros básica da economia para 16% ao ano, o menor patamar desde março de 2001. A redução em 0,25 ponto percentual foi sem viés, ou seja, uma nova mudança poderá ocorrer somente na próxima reunião do comitê nos dias 18 e 19 de maio.

O corte confirmou as expectativas do mercado e mostrou que o comitê percebeu que a inflação não estava descontrolada ou sob o risco de fortes pressões. Em nota à imprensa, o BC divulgou: "Avaliando as perspectivas para a trajetória da inflação, o Copom decidiu por unanimidade reduzir a taxa Selic para 16% ao ano, sem viés".

Na avaliação de Marcelo de Ávila, economista-chefe da GlobalStation Markets, a redução indica que o Banco Central (BC) ainda está focado no centro da meta de inflação de 5,5% para 2004, ignorando a margem de tolerância. "Enquanto continuar a teimosia de se estabelecer uma meta de inflação ambiciosa, a recuperação econômica do Brasil não virá tão naturalmente quanto o governo vem afirmando", diz Ávila em boletim.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, a queda não cria condições favoráveis para um processo de retomada da atividade econômica como o setor industrial desejava. O "excesso de cautela" do Copom mantém, na avaliação de Monteiro Neto, a taxa real (juros deflacionados) em 10% ao ano, uma das mais altas do mundo. "Ela não se justifica no momento atual da inflação", afirmou.

Em nota à imprensa, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horacio Lafer Piva, reafirmou a insatisfação da organização com o ritmo lento de redução dos juros mas num tom menos vigoroso que das últimas notas. "(A redução) nos parece aquém da que poderia ser efetivada diante dos indicadores da economia interna e de um ambiente externo que, no momento, mantém-se sereno."

Taxa de juros Selic - série histórica

2004
Abril	16% ao ano
Março	16,25% ao ano
Fevereiro	16,5% ao ano
Janeiro	16,5% ao ano

2003
Dezembro	16,5% ao ano
Novembro	17,5% ao ano
Outubro	19% ao ano
Setembro	20% ao ano

Fonte: BC
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