Economia

Conta corrente tem superávit recorde de US$ 11,7 bilhões em 2004

Tendência é de declínio do saldo positivo nos próximos anos, devido ao crescimento das importações

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

O balanço de pagamentos divulgado pelo Banco Central (BC), nesta quinta-feira (20/1), surpreendeu positivamente o mercado. O saldo recorde da balança comercial, que fechou 2004 em 33,7 bilhões de dólares, ajudou o Brasil a registrar outra marca histórica no ano passado. O saldo das transações correntes atingiu 11,7 bilhões de dólares, o maior já registrado pelo país e praticamente o dobro dos 6,1 bilhões de dólares obtidos em 2002 o recorde anterior. A cifra representa 1,94% do Produto Interno Bruto (PIB) e também é a maior porcentagem de que se tem notícia.

O mercado já esperava um resultado positivo, mas o desempenho ficou acima das projeções. No último Relatório de Mercado de 2004, elaborado pelo BC, as instituições financeiras estimavam um superávit de 10,7 bilhões de dólares. É preciso lembrar, ainda, que esse número nem de longe lembra o pessimismo com que os economistas iniciaram o ano passado. Em janeiro, a expectativa era de um déficit de 3,5 bilhões de dólares na conta corrente, pressionado por um saldo comercial bem menor 19,15 bilhões.

As projeções negativas do começo do ano passado ignoravam inclusive o bom desempenho da conta corrente em 2003, quando o país registrou um superávit corrente de 4,2 bilhões de dólares, ou 0,82% do PIB. As expectativas foram se revertendo à medida em que as exportações confirmaram a tendência de crescimento neste ano, aliada à capacidade do governo de controlar seus gastos. Para os analistas, o resultado recorde mostra que o governo foi bem-sucedido no ajuste das contas públicas.
Os investimentos estrangeiros diretos (IED) também superaram as projeções, com 18,2 bilhões de dólares. O montante foi 80% maior que os 10,1 bilhões que ingressaram no Brasil no ano retrasado. A cifra também ficou acima dos 16,2 bilhões calculados pelo mercado para 2004.

Outro ponto positivo é o aumento das exportações, que fortalecem as reservas internacionais. Em 1999, por exemplo, o Brasil precisaria do equivalente a 5,5 anos de suas exportações para pagar sua dívida externa. Em dezembro de 2004, esse prazo baixou para 2,5 anos, o que demonstra uma melhora importante na solvência externa, ou seja, na capacidade de o governo pagar as contas em moeda estrangeira.

Recuo esperado

Em 2005, o país não deve repetir os números recordes do ano passado. A tendência para os próximos dois anos é de recuo do saldo das transações correntes até atingir um patamar negativo em 2007. Os analistas ressaltam, porém, que essa queda já é esperada e não trará nenhum prejuízo para a economia nem afastará investidores do país.

"Nada disso é preocupante, porque mostra apenas a expansão da economia e um robusto ajuste nas contas públicas", afirma o economista Júlio Callegari, do banco JP Morgan. Para este ano, o mercado projeta um superávit em conta corrente bem menor, da ordem de 3 bilhões de dólares. O recuo é justificado pelo esperado crescimento das importações, que reduzirá o saldo comercial para 26,1 bilhões, de acordo com as estimativas.

Com a economia em expansão e o mercado interno recuperando-se, a tendência é que as importações de bens de capital, insumos, matérias-primas e bens de consumo aumentem. "A única coisa que pode nos preocupar é se as exportações não continuarem crescendo num ritmo adequado", diz Callegari.

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