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O efeito da queda da renda As despesas com alimentação em casa foram responsáveis por 18% do consumo total nas cidades brasileiras em 2002, segundo a empresa de pesquisa Target Marketing. Em segundo lugar vieram os gastos com a manutenção do lar: 16%. Os gastos com transportes urbanos somaram 5%. Em 2003, a estimativa é […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

O efeito da queda da renda

As despesas com alimentação em casa foram responsáveis por 18% do consumo total nas cidades brasileiras em 2002, segundo a empresa de pesquisa Target Marketing. Em segundo lugar vieram os gastos com a manutenção do lar: 16%. Os gastos com transportes urbanos somaram 5%.

Em 2003, a estimativa é que o consumo urbano no país some 264 bilhões de dólares, o que representaria queda de 11% em relação ao ano anterior.

Calculados em reais, os valores mostram movimento inverso: passaram de 759 bilhões em 2002 para 884 bilhões em 2003. Mas a causa do aumento em reais tem nome: inflação. O IGP-DI medido pela FGV foi de 20% no período de 12 meses, de setembro a setembro. A reposição dos salários não acompanhou a inflação, e a perda da renda afetou diretamente o consumo. A renda média em setembro de 2003 havia caído 14,6% nas seis áreas metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, em relação a setembro do ano anterior. Os gastos da classe A representam 23,7% do consumo urbano.

Os da classe B, 34,6%. Consumidores da classe C são responsáveis por 26% do mercado.

D e E somam 15,7%.

Salvo pela exportação

As turbulências cambiais de 2002 e a crise econômica na Argentina atingiram em cheio o mercado de carros importados.

As importações caíram de 178 000 em 2001 para 104 000 unidades em 2002 -- ou seja, 41%.

Nos tempos de câmbio fixo, esse número já chegou à casa dos 410 000 veículos. Metade dos carros importados pelo Brasil vem da Argentina.

Para as exportações, no entanto, a desvalorização cambial teve efeito benéfico. A Anfavea, a associação das montadoras, estimou que as vendas externas do setor devem alcançar 5 bilhões de dólares em 2003, ante 4,1 bilhões no ano anterior. Estados Unidos e México são os principais mercados, com 24% e 22%, respectivamente, do volume total vendido.

Se as exportações estão em alta, o mercado interno segue complicado. De 1997 a 2002, as vendas de carros novos caíram quase 20% no país.

Os motivos são conhecidos: queda da renda, juros altos. Em 2003, o consumo continuou em baixa.

As vendas de janeiro a setembro caíram 9,7%, se comparadas com o mesmo período do ano anterior. Com a recuperação da economia do fim do ano, estima-se que a queda diminua para 3% a 5%.

Uma trinca na construção

O consumo de cimento é um indicador importante do nível de atividade da indústria de construção civil -- e os números de 2002 mostram que a situação do setor não tem sido nada boa. O consumo, que se concentra na Região Sudeste (com 50,7% do total nacional), caiu 5,9% entre 1999 e 2002. No mesmo período, o preço da saca de cimento subiu 154%. O PIB da construção civil caiu 2,5% em 2002, de acordo com o IBGE.

As previsões para 2003 são ainda piores. Segundo o Sindicato das Indústrias de Construção Civil de São Paulo (Sinduscon- SP), o setor deve fechar o ano com queda de 7,9% na atividade. Na formação do PIB, a construção civil representava 10,13% em 1998 e em 2003 deve ter ficado abaixo de 7%. "A baixa taxa de investimento do país afeta diretamente a construção civil", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente da entidade.

O setor de energia elétrica registrou em 2002 um leve aumento no consumo total.

Mas, mesmo um ano depois do racionamento, o gasto doméstico de energia continuou em queda. Eram 83 600 gigawatts-hora por residência em 2000. Em 2001, o consumo caiu para 73 600. E, em 2002, foi anotada uma nova queda, para 72 700 gigawatts-hora por casa.

Reforço no leite

Depois de quatro anos em queda, o consumo de leite em pó por habitante subiu de 0,69 para 0,77 quilo em 2002 -- um aumento de 11,5%. O crescimento se deve ao aumento no consumo nas regiões Norte e Nordeste (que produzem pouco leite e são responsáveis por metade do mercado de leite em pó) e na região metropolitana do Rio de Janeiro. "O preço do frete para o Norte e o Nordeste é o mesmo para 1 litro de leite tipo longa-vida e para 1 quilo de leite em pó, que produz 8 litros com a adição de água. O leite em pó fica mais atrativo para o consumidor", afirma Jacques Gontijo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Leite Desidratado (Abild) e vice-presidente da Itambé. "E a região do Grande Rio não tem um leite fluido de boa qualidade." A Nestlé é a maior produtora de leite em pó do país, com 48% do mercado.

A Itambé vem em seguida, com 18%. Segundo a Abild, o mercado de leite em pó movimenta 2,5 bilhões de dólares por ano. A entidade espera um incremento de 5% no volume comercializado em 2003. Devido ao aumento de preços no ano, o faturamento do setor deve crescer 15%.

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O efeito da queda da renda

As despesas com alimentação em casa foram responsáveis por 18% do consumo total nas cidades brasileiras em 2002, segundo a empresa de pesquisa Target Marketing. Em segundo lugar vieram os gastos com a manutenção do lar: 16%. Os gastos com transportes urbanos somaram 5%.

Em 2003, a estimativa é que o consumo urbano no país some 264 bilhões de dólares, o que representaria queda de 11% em relação ao ano anterior.

Calculados em reais, os valores mostram movimento inverso: passaram de 759 bilhões em 2002 para 884 bilhões em 2003. Mas a causa do aumento em reais tem nome: inflação. O IGP-DI medido pela FGV foi de 20% no período de 12 meses, de setembro a setembro. A reposição dos salários não acompanhou a inflação, e a perda da renda afetou diretamente o consumo. A renda média em setembro de 2003 havia caído 14,6% nas seis áreas metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, em relação a setembro do ano anterior. Os gastos da classe A representam 23,7% do consumo urbano.

Os da classe B, 34,6%. Consumidores da classe C são responsáveis por 26% do mercado.

D e E somam 15,7%.

Salvo pela exportação

As turbulências cambiais de 2002 e a crise econômica na Argentina atingiram em cheio o mercado de carros importados.

As importações caíram de 178 000 em 2001 para 104 000 unidades em 2002 -- ou seja, 41%.

Nos tempos de câmbio fixo, esse número já chegou à casa dos 410 000 veículos. Metade dos carros importados pelo Brasil vem da Argentina.

Para as exportações, no entanto, a desvalorização cambial teve efeito benéfico. A Anfavea, a associação das montadoras, estimou que as vendas externas do setor devem alcançar 5 bilhões de dólares em 2003, ante 4,1 bilhões no ano anterior. Estados Unidos e México são os principais mercados, com 24% e 22%, respectivamente, do volume total vendido.

Se as exportações estão em alta, o mercado interno segue complicado. De 1997 a 2002, as vendas de carros novos caíram quase 20% no país.

Os motivos são conhecidos: queda da renda, juros altos. Em 2003, o consumo continuou em baixa.

As vendas de janeiro a setembro caíram 9,7%, se comparadas com o mesmo período do ano anterior. Com a recuperação da economia do fim do ano, estima-se que a queda diminua para 3% a 5%.

Uma trinca na construção

O consumo de cimento é um indicador importante do nível de atividade da indústria de construção civil -- e os números de 2002 mostram que a situação do setor não tem sido nada boa. O consumo, que se concentra na Região Sudeste (com 50,7% do total nacional), caiu 5,9% entre 1999 e 2002. No mesmo período, o preço da saca de cimento subiu 154%. O PIB da construção civil caiu 2,5% em 2002, de acordo com o IBGE.

As previsões para 2003 são ainda piores. Segundo o Sindicato das Indústrias de Construção Civil de São Paulo (Sinduscon- SP), o setor deve fechar o ano com queda de 7,9% na atividade. Na formação do PIB, a construção civil representava 10,13% em 1998 e em 2003 deve ter ficado abaixo de 7%. "A baixa taxa de investimento do país afeta diretamente a construção civil", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente da entidade.

O setor de energia elétrica registrou em 2002 um leve aumento no consumo total.

Mas, mesmo um ano depois do racionamento, o gasto doméstico de energia continuou em queda. Eram 83 600 gigawatts-hora por residência em 2000. Em 2001, o consumo caiu para 73 600. E, em 2002, foi anotada uma nova queda, para 72 700 gigawatts-hora por casa.

Reforço no leite

Depois de quatro anos em queda, o consumo de leite em pó por habitante subiu de 0,69 para 0,77 quilo em 2002 -- um aumento de 11,5%. O crescimento se deve ao aumento no consumo nas regiões Norte e Nordeste (que produzem pouco leite e são responsáveis por metade do mercado de leite em pó) e na região metropolitana do Rio de Janeiro. "O preço do frete para o Norte e o Nordeste é o mesmo para 1 litro de leite tipo longa-vida e para 1 quilo de leite em pó, que produz 8 litros com a adição de água. O leite em pó fica mais atrativo para o consumidor", afirma Jacques Gontijo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Leite Desidratado (Abild) e vice-presidente da Itambé. "E a região do Grande Rio não tem um leite fluido de boa qualidade." A Nestlé é a maior produtora de leite em pó do país, com 48% do mercado.

A Itambé vem em seguida, com 18%. Segundo a Abild, o mercado de leite em pó movimenta 2,5 bilhões de dólares por ano. A entidade espera um incremento de 5% no volume comercializado em 2003. Devido ao aumento de preços no ano, o faturamento do setor deve crescer 15%.

O sucesso das Tubainas

O consumo de refrigerantes no país se manteve praticamente estável em 2002 em relação ao ano anterior. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes (Abir), a tendência se mantém em 2003, mesmo com a renda em queda. "As líderes de mercado lançaram muitas marcas que fizeram sucesso, o que deve ajudar o setor a escapar do vermelho neste ano", diz Cláudia Jeunon, diretora da Abir. Estima-se que 23% dos refrigerantes comercializados no Brasil tenham preços mais competitivos devido à sonegação de impostos.

A sonegação se concentra nos fabricantes dos refrigerantes regionais (ou tubaínas, como ficaram conhecidos), donos de 30% do mercado total.

O Brasil tem cerca de 3 500 marcas de refrigerante, produzidas em 750 fábricas, e é o terceiro maior mercado mundial. Mesmo assim, o consumo per capita (63,52 litros por ano) é menor que o do México (88,79). O consumo de cerveja também teve pequena variação em 2002 -- caiu de 35,5 para 35 litros por habitante.

Já as vendas de chocolate, depois de quatro anos consecutivos de queda, tiveram um ligeiro aumento em 2002: passaram de 0,64 para 0,65 quilo por habitante.

A verdade do vinho

Embora nunca se tenha falado tanto em vinhos finos, importados, sommeliers e degustações, é o consumo do popular vinho de mesa que aumenta no Brasil. As vendas de vinhos finos caíram 10% nos últimos seis anos, e a participação dos importados nesse mercado saltou de 35% para 49% no mesmo período. Já o consumo de vinho de mesa por habitante passou de 0,26 para 0,42 litro por ano. "Com a queda da renda, os consumidores migram do vinho fino para o vinho comum", diz Danilo Cavagni, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Além disso, as empresas passaram a vender os antigos produtos de garrafão em garrafas normais, de 750 mililitros, estimulando o consumo dos vinhos comuns.

Quando se compara o consumo brasileiro com o de outros países, fica patente que o hábito de beber vinho não está disseminado na população. No Chile, em média, cada consumidor sorve 13,38 litros de vinho por ano.

O consumo per capita de outras bebidas também é baixo no Brasil. São 34,96 litros de cerveja por habitante, ante 81,30 na Grã-Bretanha e 73,98 na Austrália. No caso do uísque, os britânicos bebem, em média, um volume dez vezes maior que os brasileiros.

Cuidado pessoal se sustenta

Nos últimos cinco anos a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos apresentou crescimento médio de 5% ao ano, passando de um faturamento de 5,9 bilhões de reais em 1998 para 9,6 bilhões em 2002.

O desempenho coloca o país entre os sete maiores mercados do mundo no setor. Um dos produtos que têm impulsionado o crescimento é o papel higiênico. De 1994 a 2002, o consumo de papel higiênico quase dobrou. Além disso, os fabricantes começaram a apostar em produtos mais sofisticados e de rentabilidade maior.

A Santher, maior fabricante do país, hoje coloca nas gôndolas até rolos com cheiro de baunilha. Mesmo assim, o consumo per capita brasileiro ainda é menos da metade do registrado em países como Espanha e Canadá. Já no caso de fraldas descartáveis e absorventes higiênicos, após uma explosão ocasionada pelo Real, o consumo praticamente estacionou. O mercado não cresce há quatro anos e o consumo per capita é quase um terço do registrado na Austrália.

A estagnação do mercado de absorventes vem de 1997. Nesse período, o consumo girou em torno de 23 unidades por ano por habitante.

Dentes mais saudáveis

O consumo de produtos de higiene bucal continuou crescendo em 2002, segundo as pesquisas da empresa de consultoria ACNielsen, que cobrem 85,9% da população do país. O brasileiro troca de escova de dentes duas vezes mais rápido do que o argentino. O consumo de escovas segue aumentando ininterruptamente desde 1994, início do Plano Real. Em média, cada brasileiro atualmente compra 0,86 unidade por ano, ante 0,5 oito anos atrás um aumento de consumo de 72%. Outro produto cujas vendas não param de crescer é o fio dental.

Em 2001, o consumo de fio dental aumentou 36% em comparação com o ano anterior e, em 2002, apresentou variação menor, com crescimento de 0,7 metro por habitante.

A média per capita fechou em 10,9 metros de fio em 2002, o triplo do que era consumido em 1994. O único artigo de higiene bucal que não teve aumento de vendas em 2002 foi a pasta de dentes. O número médio caiu de 410 para 400 gramas por habitante. Mesmo assim, o brasileiro continua consumindo mais creme dental do que canadenses e dinamarqueses. Como acontece com as escovas de dente, o brasileiro também consome duas vezes mais creme dental do que os argentinos.

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