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Conheça as estratégias de investimento de GM e Lenovo para o Brasil

A exemplos de outras gigantes internacionais, empresas planejam expandir suas operações no país em 2008

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

Embaladas pela melhor fase da economia brasileira em três décadas e pela promessa de ganhos significativos, mesmo num período de incertezas na economia mundial, multinacionais dos mais diversos setores têm demonstrado interesse em aumentar sua participação no Brasil.

Segundo pesquisa exclusiva feita por EXAME com 136 presidentes de empresas de capital estrangeiro instaladas no país, 90% das companhias ampliaram suas operações no Brasil, nos últimos cinco anos e a grande maioria acredita que a economia brasileira está melhor hoje do que há cinco anos. Exemplos desse otimismo no cenário brasileiro são as gigantes Lenovo, fabricante chinesa de computadores, e a americana General Motors, maior empresa automobilística do mundo.

Veja a seguir como as duas companhias pretendem expandir suas vendas no Brasil em 2008.

 

* Lenovo elege o Brasil como um dos mercados prioritários

Gladinston Silvestrini

Ao emergir como um mercado consumidor cada vez mais vigoroso, o Brasil sobe na lista de prioridades de investimento de companhias multinacionais. A Lenovo, quarta maior fabricante mundial de PCs, está definindo detalhes para ampliar a produção no Brasil, de olho no segmento dos consumidores domésticos, que fez do país o quinto maior mercado do mundo de computadores e notebooks no ano passado. "Mais de 5,7 milhões de brasileiros compraram seu primeiro computador no ano passado", diz Marcelo Medeiros, gerente geral da Lenovo no Brasil. "Despertamos cada vez mais interesse." Medeiros afirma que a empresa ainda estuda se vai aumentar a produção de forma terceirizada ou investir numa unidade própria. Hoje 90% dos computadores da marca vendidos no Brasil são produzidos pela fábrica da Flextronics em Jaguariúna, no interior paulista - os 10% restantes são importados. No país, a empresa atua até agora apenas no segmento corporativo. O aumento na produção vai se destinar a atender o mercado de computadores e notebooks pessoais. "O Brasil não é hoje o quinto maior mercado da companhia justamente porque não atuamos neste segmento", afirma o gerente geral da empresa no país. "Espero conseguir atender o varejo ainda este ano. Isso pode nos garantir uma taxa de crescimento de três dígitos ao ano."

No começo de fevereiro, Medeiros esteve reunido com dezoito dos principais executivos da Lenovo na sede da companhia, na Carolina do Norte, Estados Unidos. "Também recebemos cada vez mais visitas de executivos de diversas partes do mundo para conhecer nossa operação", diz ele. Prova do interesse da Lenovo no mercado brasileiro  é que no final de janeiro, durante a apresentação aos investidores dos resultados da companhia no terceiro trimestre fiscal, o Brasil foi citado sete vezes num período de pouco mais de meia hora pelo CFO, Wong Wai Ming, e pelo presidente William Amelio. O mercado brasileiro foi apontado como um dos grandes responsáveis pelo crescimento de 10,4% nas vendas no continente americano e um dos mercados emergentes que devem continuar sustentando o crescimento da empresa nos próximos trimestres. A empresa não revela seus números do mercado brasileiro.

 

* GM confirma novo investimento no Brasil

Gladinston Silvestrini

Depois de atingir a marca recorde de 2,46 milhões de veículos vendidos no ano passado, as montadoras também vêem estrada livre para investimentos no país. A General Motors, por exemplo, aplicou no ano passado cerca de 440 milhões de dólares em investimentos para ampliar a produção nas fábricas de São Caetano do Sul e em Gravataí, no Rio Grande do Sul. No ABC paulista, a produção vai passar de 200 000 veículos ao ano para 250 000 veículos ao ano com a implantação do terceiro turno - é a primeira vez na história que a GM produz em três turnos no País. No Rio Grande do Sul, onde a empresa produz os modelos Celta, Prisma e Corsa, a capacidade de produção passou de 120 000 carros ao ano para 240 000 carros ao ano. 

Para sustentar o crescimento agora e nos próximos anos, a GM também implantou o segundo turno de trabalho na estamparia, em Mogi das Cruzes, e está tratando dos últimos detalhes para aplicar 350 milhões de dólares numa fábrica com capacidade para produzir 120 000 motores por ano no norte de Santa Catarina. A unidade deve ser construída em Joinville ou em Araraquari, próximas do porto de São Francisco do Sul. "O investimento vai sair, só estamos definindo o local", diz José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM no Brasil.

O volume de investimentos demonstra o tamanho da confiança no atual momento do mercado brasileiro por parte do comando da montadora, hoje nas mãos de executivos que conheceram bem o que a economia do país teve de pior e de melhor ao longo dos últimos anos. Richard Wagonner, presidente do conselho de administração e presidente executivo da GM mundial, comandou a operação brasileira no início dos anos 90, ainda nos tempos de inflação alta e mercado fechado.

Fritz Henderson, vice-presidente do conselho e principal executivo da área financeira do grupo, foi o presidente da companhia no Brasil entre 1997 - antes o melhor ano em termos de vendas no Brasil - e 2000, quando as montadoras já haviam entrado num longo período de prejuízos. "Eles conhecem muito bem a nossa realidade e sabem que é preciso agilidade e flexibilidade para acompanhar o mercado brasileiro", afirma Pinheiro Neto. "Depois de 1998, que foi um ótimo ano para nós, tivemos prejuízos salgados até 2006. Desde então, estamos no lucro. E acreditamos que o mercado seguirá aquecido por um bom tempo."

 

 

 

 

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