Economia

Confirmadas as projeções do Focus, Lula 3 pode registrar menor inflação desde o Plano Real

Algum otimismo paira sobre o mercado e já há analistas considerando que a inflação de 2023 tem potencial de ficar dentro do teto da meta, de 4,75%

 (Divulgação/Divulgação)

(Divulgação/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 28 de julho de 2023 às 16h40.

O governo Lula 3 pode conquistar a menor inflação acumulada em quatro anos desde o início do Plano Real, em 1994, se as projeções do Boletim Focus do Banco Central (BC) se confirmarem (veja gráfico). Com a melhora do ambiente econômico e o avanço do arcabouço fiscal e da reforma tributária no Congresso, o mercado espera que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine 2023 em 4,90%. Para 2024, a estimativa é de 3,90%. Para 2025 e 2026, a expectativa é de 3,5%.

Algum otimismo paira sobre analistas de mercado e governo, e já há quem considere que a inflação de 2023 pode ficar dentro do teto da meta, 4,75%. Em fevereiro, por exemplo, o mercado esperava que o IPCA fecharia este ano em 5,90% e em 4,02% em 2024. Para 2025, a estimativa era de 3,80% e de 2026, 3,75%.

Vale lembrar que a ancoragem das expectativas, perseguida pelo BC, e os bons resultados da inflação corrente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sugerem que a diretoria da autoridade monetária tem espaço cortar os juros em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 1 e 2 de agosto.

Pressão por queda de juros

Como mostrou a EXAME, a redução das estimativas de inflação do mercado e a queda do IPCA-15 já levaram parte dos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a defender internamente um corte de 0,75 ponto percentual para estimular a economia e a concessão de crédit0.

A avaliação interna é a de que o governo fez o dever de casa: o Ministério da Fazenda demonstra cuidado com as contas públicas, a ala política está construindo uma base no Congresso com o embarque do Centrão à gestão petista e só faltaria a queda de juros para acelerar a atividade econômica, o que fará a arrecadação de tributos crescer. Na prática, isso dará sustentação ao arcabouço fiscal e ao equilíbrio das contas públicas.

A pressão do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e dos ministros sobre a diretoria do BC, que hoje tem dois indicados pela gestão petista, deve aumentar nos próximos dias.

Inflação menor e crescimento maior

Além da redução da inflação, o mercado e governo espera um crescimento econômico maior. As expectativas, que eram inferiores a 1%, já estão acima de 2%. Enquanto o Ministério da Fazenda projetou uma elevação de 2,5%, a mediana do mercado está em 2,24%.

Economistas que revisaram os cálculos após a surpresa do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre estimam que o carregamento estatístico garantirá que a atividade econômica tenha uma expansão contratada de 2,3%.

Menor inflação, maior crescimento e redução dos juros também devem ter um efeito positivo sobre a trajetória de crescimento da dívida pública. As estimativas apontavam que o endividamento superaria os 80% do PIB e foram revisadas para algo entre 76% e 78%.

Apesar do bom momento econômico, o dever de casa do governo não está completo. Ainda é necessário concluir as votações do arcabouço fiscal, da reforma tributária e a equipe econômica precisa encontrar receitas garantir que o cumprimento da meta de resultado fiscal de 2024, de zerar o déficit público.

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoJurosSelicLuiz Inácio Lula da SilvaIPCA

Mais de Economia

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

BID faz acordo com Coreia do Sul e vai destinar US$ 300 milhões em financiamento para América Latina

Alckmin: reforma tributária vai ampliar investimentos e exportações

Mais na Exame