Economia

Com Lula ou Alckmin, orientação da economia será mantida, dizem especialistas

O ex-ministro Mailson da Nóbrega e a analista de rating Lisa Schineller afirmam que linha será a mesma adotada nos últimos anos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

O Brasil ainda esperará até 29 de outubro para conhecer o nome daquele que comandará a economia nos próximos quatro anos, mas a orientação econômica que o eleito assumirá já é conhecida. Pelo menos é o que pensam especialistas, que apontam uma continuidade da política atual tanto em caso de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, quanto do  ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que concorre pelo PSDB.  

Apesar de se declarar surpreso pela chegada da eleição presidencial ao segundo turno, o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega diz não se preocupar com o impacto que o resultado da votação dos brasileiros terá na economia. Para ele, o país segue hoje a mesma política adotada há 12 anos, com o início do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, e assim permanecerá - independentemente de quem saia vitorioso nas urnas no fim deste mês. "Eu acho que nós vamos completar 16 anos de mesma gestão macroeconômica", declara.

O ex-ministro, hoje sócio-diretor da Tendências Consultoria, afirma que o Brasil entrou em uma rota de estabilidade, e mantém no governo Lula a busca pela austeridade exercida nos mandatos anteriores do PSDB. Daí a crença de que o novo presidente usará as mesmas rédeas para guiar a economia daqui para a frente. Por isso também os brasileiros não têm visto nervosismo no mercado quanto ao novo governante.

"Houve uma evolução institucional na política fiscal e na política monetária dos anos 80 para cá, e isso tornou a condução da economia mais transparente. Assim os especialistas adquiriram a habilidade de prever o comportamento do BC e do Tesouro, como nos países mais maduros", declara. Ainda que houvesse espaço para "voluntarismos" de um novo presidente, a solidez atual do país não permitiria abusos - decisões populistas que pusessem os esforços econômicos a perder acabariam acarretando problemas como estouro da inflação, por exemplo, que minariam a popularidade do novo governante, diz o ex-ministro.

Mas caso o governo Lula seja reeleito, haverá um desafio pela frente, diz Mailson da Nóbrega. Uma questão que terá de ser enfrentada pelo atual ministro da Fazenda, Guido Mantega - também sob a suposição de que ele será mantido no cargo -: "Mantega tem de aprender a dizer ';não';. Ele ainda não mostrou suas convicções e se entrar no novo mandato precisará impedir gastos excessivos do governo". Ainda não se sabe quem assumirá a Fazenda em um possível governo de Alckmin, e Mailson não ousa apostar em um perfil. "No PSDB há desde aqueles que acreditam em um país institucionalmente mais moderno até aqueles que defendem intervenções do governo na economia", diz.

"Prudência"

A analista de rating do Brasil da Standard & Poor';s, Lisa Schineller, não entra em apostas sobre quem será o novo chefe da Fazenda brasileira a partir de 2007, mas também garante que a manutenção da política atual é praticamente certa. Para ela, o mercado sempre prefere aquilo que já conhece, e por já ter lidado com governos do PT e do PSDB, só espera uma orientação: "prudência econômica".

"O PSDB tem mais experiência, trabalhou mais com economistas do setor privado. Mas o PT também já mostrou que merece confiança, colocou gente talentosa no Banco Central para comandar a economia", diz a analista.

Ela lembra que o país ainda tem a enfrentar, nos próximos quatro anos, leões como os juros, "ainda altos, apesar de terem servido para reduzir a inflação", e o endividamento público, hoje ao redor de 50% do Produto Interno Bruto - em economias que já atingiram o grau de investimento, a dívida fica em aproximadamente 30% da riqueza produzida pelo país, diz Lisa.

Mas os fundamentos da economia brasileira estão sólidos, na opinião da analista, e devem impedir reações mais bruscas do mercado durante o segundo turno das eleições. "Pode até haver volatilidade nas próximas três semanas, enquanto os investidores recebem mais informações sobre as propostas dos candidatos. Mas isso passará logo", afirma.

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