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Com cenário conturbado, bancos privados projetam PIB menor para 2018

Itaú Unibanco baixou sua projeção de 2% para 1,7%, e Bradesco reduziu sua expectativa de 2,5% para 1,5%

Bradesco: a depreciação cambial, a greve dos caminhoneiros e o aperto das condições financeiras foram apontadas pelo banco como razões para a mudança de projeções (Adriano Machado/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de junho de 2018 às 21h43.

Última atualização em 8 de junho de 2018 às 21h51.

Com a volatilidade dos mercados e o cenário local conturbado, os bancos anunciaram em relatórios nesta sexta-feira, 8, redução em suas projeções de Produto Interno Bruto ( PIB ) para 2018. O Itaú Unibanco baixou sua projeção de 2% para 1,7% e de 2019 de 2,8% para 2,5%, devido ao aperto das condições financeiras e impacto da paralisação dos caminhoneiros. Já a expectativa do Bradesco para o crescimento do PIB caiu um pouco mais: de 2,5% para 1,5% em 2018.

Em maio, o Itaú já havia cortado a estimativa de crescimento do PIB deste ano de 3% para 2% e de 2019 de 3,7% para 2,8%. Segundo o banco, o reflexo da greve sobre o PIB ocorre sobre dois canais: o impacto direto na oferta agregada (-0,1 ponto porcentual) e o efeito na demanda agregada pela queda na confiança de consumidores e empresários (-0,1 ponto). Na oferta, o Itaú avalia que o principal impacto será na produção industrial.

Em linha com a redução da projeção do PIB, o banco também revisou as estimativas para a taxa de desemprego e para as contas públicas. A taxa de desemprego, segundo o relatório, foi elevada de 12,1% para 12,2% no fim de 2018 e de 11,5% para 11,8% em 2019. Já o desemprego médio segue em 12,3% para 2018, mas subiu de 11,7% para 12% em 2019. Em 2017, a taxa média foi de 12,7%.

Já o Bradesco disse em relatório quea volatilidade dos preços dos ativos no Brasil deve levar a um crescimento econômico mais modesto em 2018."Além dos dados de curto prazo mais fracos, ainda devem aparecer nos indicadores o efeito da depreciação cambial, impactando tanto investimentos quanto o consumo das famílias; a greve dos caminhoneiros, com impacto majoritário sobre o PIB do segundo trimestre; e o aperto das condições financeiras, com elevação do risco país e da curva de juros futuros", explica o texto.

No documento, o banco também reafirma que alterou projeção para a inflação em 2018, passando a esperar que o resultado do IPCA seja de 3,9%, contra uma estimativa anterior de 3,5%. A nova previsão considera dólar a R$ 3,60 no fim do ano e uma Selic estável em 6,5% ao ano até o fim de 2018.

"O cenário econômico, é verdade, segue volátil, mas acreditamos que ainda persistem fundamentos mais positivos do que negativos. Em outros episódios de choque cambial, o país possuía enorme déficit externo, inflação acima da meta e preços represados, o que constituía uma política econômica de baixa consistência", pondera o relatório.

O Bank of America Merrill Lynch também cortou a projeção de crescimento do PIB do Brasil para 2018 e agora espera expansão de 1,5%. A previsão anterior era de crescimento de 2,1%. "O cenário para a eleição deste ano se tornou mais incerto e a perspectiva para a recuperação da economia piorou", destaca relatório.

Esta é a segunda revisão que o banco faz no PIB do Brasil em pouco menos de 20 dias. No dia 16 de março, a projeção para 2018 havia sido cortada de expansão de 3% para 2,1% após uma série de indicadores da atividade mostrarem números mais fracos que o esperado.

"A greve dos caminhoneiros representa um choque negativo para uma economia que já está se recuperando mais lentamente do que o previsto", observa o relatório divulgado hoje. Os reflexos da greve também podem repercutir na corrida presidencial, que já mostra que candidatos ligados ao governo com baixa intenção de voto nas pesquisas eleitorais.

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