Com a economia patinando, o Brasil do pleno emprego corre perigo?
Mesmo com economia desaquecida, o Brasil mantém o desemprego em baixa. Mas para que as vagas de trabalho não sejam atingidas, o país precisará voltar a crescer
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2012 às 06h12.
São Paulo - Para ficar em um bordão famoso, pode-se dizer que nunca houve tanto emprego na história deste país. Ou pelo menos o desemprego nunca esteve tão em baixa. O índice medido pelo IBGE atingiu em maio 5,8%, a menor média histórica para o mês desde que o número começou a ser medido, há 10 anos.
O Brasil vive o que alguns analistas chamam de “pleno emprego ”, embora a questão não seja consensual. “A crise internacional é conhecida pela população só pelo noticiário e pelos jornais”, comemorou ontem o ministro da Fazenda Guido Mantega. Em suma, os brasileiros vão muito bem, obrigado.
O problema é que as notícias sobre o desempenho fraco da economia brasileira e a dificuldade de vários setores pululam nos jornais. O PIB cresceu – ou quase parou – 0,2% no primeiro trimestre deste ano, depois de um desempenho já considerado ruim em 2011. O que só leva a pergunta: teria o Brasil descoberto a fórmula mágica para criar vagas mesmo enquanto a economia anda de lado?
Na visão do professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, não. “O que acontece é que demora para empresários contratarem depois que a economia cresce e para demitir depois que economia desaquece”, afirma o professor. “Se a situação atual permanecer, vai afetar o emprego”, acredita Leite.
Já há sinais de as coisas não vão tão bem. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged), vagas continuam sendo criadas, mas em ritmo menor que no ano passado. Até maio, em 2011, haviam sido criados quase 1 milhão e 50 mil de postos de trabalho. Este ano, foram 737 mil até o mês passado, uma queda de 30%.
Felizmente, a previsão de analistas é que as coisas melhorem antes de atingir os empregos. As projeções para o segundo semestre deste ano e para 2013 são mais otimistas, caso o cenário externo, notadamente a crise europeia, não degringole completamente.
Para a LCA Consultoria, o PIB vai voltar a crescer entre 3,5 e 4,5% em 2013, garantindo a estabilidade na relação entre o número de pessoas ingressando no mercado de trabalho e a criação de novas vagas. “Mesmo em um cenário adverso, a taxa de desemprego oscilaria entre 6 e 6,5% até o final da década”, afirma o economista da LCA, Fábio Romão.
A professora de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Celina Ramalho, concorda que a taxa de desemprego será mantida em patamares baixos. “Estão sendo feitos investimentos em formação bruta de capital fixo - ou seja, em bens de capital e máquinas - e este investimento em algum momento vai ter retorno no PIB e no desemprego”, acredita a economista.
Ainda que o Brasil escape de enfrentar o desemprego em um futuro próximo, é preciso lembrar que o principal desafio para o país nos próximos anos está na qualidade dessas ocupações, em grande parte informalizadas: cerca de 11 das 23 milhões de pessoas trabalhando hoje não têm carteira assinada. “Você pode ter condições satisfatórias para arrumar emprego, mas a qualidade desse emprego e a renda ainda são bastante discutíveis”, opina Fábio Romão, da LCA.
São Paulo - Para ficar em um bordão famoso, pode-se dizer que nunca houve tanto emprego na história deste país. Ou pelo menos o desemprego nunca esteve tão em baixa. O índice medido pelo IBGE atingiu em maio 5,8%, a menor média histórica para o mês desde que o número começou a ser medido, há 10 anos.
O Brasil vive o que alguns analistas chamam de “pleno emprego ”, embora a questão não seja consensual. “A crise internacional é conhecida pela população só pelo noticiário e pelos jornais”, comemorou ontem o ministro da Fazenda Guido Mantega. Em suma, os brasileiros vão muito bem, obrigado.
O problema é que as notícias sobre o desempenho fraco da economia brasileira e a dificuldade de vários setores pululam nos jornais. O PIB cresceu – ou quase parou – 0,2% no primeiro trimestre deste ano, depois de um desempenho já considerado ruim em 2011. O que só leva a pergunta: teria o Brasil descoberto a fórmula mágica para criar vagas mesmo enquanto a economia anda de lado?
Na visão do professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, não. “O que acontece é que demora para empresários contratarem depois que a economia cresce e para demitir depois que economia desaquece”, afirma o professor. “Se a situação atual permanecer, vai afetar o emprego”, acredita Leite.
Já há sinais de as coisas não vão tão bem. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged), vagas continuam sendo criadas, mas em ritmo menor que no ano passado. Até maio, em 2011, haviam sido criados quase 1 milhão e 50 mil de postos de trabalho. Este ano, foram 737 mil até o mês passado, uma queda de 30%.
Felizmente, a previsão de analistas é que as coisas melhorem antes de atingir os empregos. As projeções para o segundo semestre deste ano e para 2013 são mais otimistas, caso o cenário externo, notadamente a crise europeia, não degringole completamente.
Para a LCA Consultoria, o PIB vai voltar a crescer entre 3,5 e 4,5% em 2013, garantindo a estabilidade na relação entre o número de pessoas ingressando no mercado de trabalho e a criação de novas vagas. “Mesmo em um cenário adverso, a taxa de desemprego oscilaria entre 6 e 6,5% até o final da década”, afirma o economista da LCA, Fábio Romão.
A professora de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Celina Ramalho, concorda que a taxa de desemprego será mantida em patamares baixos. “Estão sendo feitos investimentos em formação bruta de capital fixo - ou seja, em bens de capital e máquinas - e este investimento em algum momento vai ter retorno no PIB e no desemprego”, acredita a economista.
Ainda que o Brasil escape de enfrentar o desemprego em um futuro próximo, é preciso lembrar que o principal desafio para o país nos próximos anos está na qualidade dessas ocupações, em grande parte informalizadas: cerca de 11 das 23 milhões de pessoas trabalhando hoje não têm carteira assinada. “Você pode ter condições satisfatórias para arrumar emprego, mas a qualidade desse emprego e a renda ainda são bastante discutíveis”, opina Fábio Romão, da LCA.