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EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

A indústria de bens de capital no Brasil cresceu estimulada pelo modelo de substituição de importações que vigorou até o fim dos anos 80. Quando o mercado foi aberto à importação, no início da década de 90, o setor era extremamente diversificado e tinha um índice de nacionalização de 96%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq). Muitas empresas, porém, não contavam com índices de produtividade e capacitação tecnológica suficientes para competir com os importados. O resultado foi que uma série de produtos teve sua fabricação substancialmente reduzida no país. "Passamos a ter muitas falhas no tecido industrial", diz Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq. "O Brasil praticamente não fabrica mais rolamentos, correias e elementos de transmissão." No ano passado, a importação de bens mecânicos alcançou quase 10 bilhões de dólares, deixando a balança do setor com um déficit de mais de 5 bilhões de dólares.

Há, por outro lado, áreas da indústria de bens de capital com competitividade internacional crescente. Em geral, são aquelas que aproveitam vantagens comparativas do mercado local, como as de equipamentos para a indústria do petróleo e as de máquinas agrícolas. Esse é, inegavelmente, um caminho para o crescimento. Graças às condições favoráveis do Brasil no agronegócio, a subsidiária gaúcha do grupo americano Agco, um dos maiores fabricantes mundiais de tratores e colheitadeiras, tem se destacado. Dona da marca Massey Ferguson, a empresa, com sede em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, faturou 323 milhões de dólares em 2001, 30% a mais que no ano anterior. O desempenho se deve tanto ao mercado interno -- estimulado pela excelente safra de grãos -- quanto pelo aumento das exportações, responsáveis por quase um terço do faturamento da Agco.

Até 1996, a linha Massey Ferguson era produzida no Brasil pela Maxion. A empresa, então pertencente ao grupo Iochpe, era licenciada, com acesso restrito à tecnologia e custo de desenvolvimento elevado. Com a venda da operação para a Agco, abriram-se as portas dos centros tecnológicos do grupo no mundo. A empresa passou a funcionar nos moldes de uma montadora de automóvel, utilizando uma plataforma mundial da marca e fazendo adaptações para cada mercado. Como a fábrica gaúcha já tinha uma equipe forte de desenvolvimento de produto e trabalhava com técnicas japonesas e conceitos modernos desde 1987, começou a sobressair no grupo. No ano passado, a matriz da Agco, que não fabrica tratores, apenas colheitadeiras, deixou de importar as máquinas da filial inglesa e passou a buscá-las no Brasil. "Não se muda da Inglaterra para o Brasil só porque é mais barato fazer aqui. A China tem custo baixo, mas não tem qualidade", diz Normélio Ravanello, superintendente de operações da Agco na América do Sul. "Temos um produto bom, melhores processos e serviços."

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