CMN fixa a meta de inflação em 5,5% para o próximo ano
O Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmou em 5,5% a meta de inflação para o próximo ano e fixou em 4,5% a meta para 2005 - ambas com intervalo de tolerância de 2,5% para mais ou para menos. A meta de 2004 foi considerada pelo CMN como compatível com um crescimento de 3,5% do Produto Interno […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmou em 5,5% a meta de inflação para o próximo ano e fixou em 4,5% a meta para 2005 - ambas com intervalo de tolerância de 2,5% para mais ou para menos. A meta de 2004 foi considerada pelo CMN como compatível com um crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. A projeção de crescimento do PIB de 2,5% para este ano, que consta da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), será reavaliada nas próximas semanas. O sistema de metas da inflação baliza a política econômica do governo federal e utiliza como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na prática, o CMN oficializou na reunião desta terça-feira (24/6) a adoção de uma meta já ajustada em janeiro de 2003. Para lembrar: no início deste ano, as metas para a inflação deste ano e do ano que vem foram alteradas. A meta de 2004 passou de 3,75% para 5,5%. Segundo Juan Pedro Jensen, economista da Tendências Consultoria Integrada, o que o CMN fez hoje foi elevar as metas de inflação: O CMN adotou uma banda de 2,5% sobre uma meta já ajustada e sinalizou que o atual governo aceita uma taxa de inflação mais alta do que a estabelecida pelo governo anterior , diz Jensen. A leitura final que podemos fazer é que o governo elevou as metas de inflação. A reação do mercado à medida, acredita o analista da Tendências, vai depender da postura e do nível de compromisso que o Banco Central adotar em relação ao controle da inflação.
Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB, considerou a decisão salutar: insistir em uma meta não realizável é um engano , diz Abate. Números não factíveis também atraem desconfiança. Na avaliação do economista, o governo poderia até ter elevado a meta para 6,5%, com a banda de 2,5%, e ainda assim estaria perseguindo uma inflação menor do que a registrada no ano passado. Para sustentar sua defesa, Abate lembra que o CMN elevou em duas ocasiões a metas de inflação na gestão de Fernando Henrique Cardoso e que o Banco Central de Armínio Fraga trabalhou para perseguir as novas metas.
Em relatório divulgado no início da noite, o banco de investimentos Credit Suisse First Boston (CSFB) interpretou a decisão do CMN como um sinal de queda na taxa básica de juros. "Caso o Banco Central, conforme esperamos, mantenha uma atuação mais conservadora no que se refere à busca da meta de inflação para 2004 (5,5%), atribuímos alta probabilidade de corte nos juros na próxima reunião do Copom, em 23 de julho", diz o texto. Se o BC, por outro lado, admitir o teto de 8% para a inflação pode provocar nova onda de desconfianças. Nesse cenário, diz o CSFB "há riscos de o Banco Central ser forçado a interromper prematuramente o ciclo de baixa de juros, ou mesmo elevar os juros, caso pretenda cumprir a meta estabelecida para 2004."
O governo justifica sua posição logo após a reunião: Fixamos a meta do próximo ano em 5,5% porque os agentes econômicos já trabalham com essa meta e as expectativas caminham na direção da trajetória estabelecida , disse Antônio Palocci, ministro da Fazenda. Segundo Palocci, a convergência da curva de inflação projetada pelo governo com as expectativas de mercado deverá ocorrer em junho do próximo ano.
Embora o ministro tenha dito que a meta ajustada de 8,5% para 2003 não foi abandonada, admitiu que será difícil cumpri-la Tínhamos uma expectativa em relação a curva de inflação e acreditou-se que ela passaria pelos 8,5% ao final deste ano , disse. Essa meta revelou-se ambiciosa demais. Pallocci afirmou ainda que no longo prazo o governo buscará uma inflação próxima dos 4%. Dados do ministério da Fazenda indicam que em 2002 a média das metas de inflação entre países subdesenvolvidos foi de 3,8% e entre países desenvolvidos, de 2,2%.
O CMN também manteve Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) em 12% (soma de uma inflação de 6,25% com um risco Brasil de 5,75%) e tomou outras medidas em relação ao sistema financeiro e à safra agrícola que serão divulgadas amanhã.