China tem em fevereiro primeiro déficit comercial em 3 anos
País fechou o mês de fevereiro com um déficit comercial de 9,15 bilhões de dólares
Reuters
Publicado em 8 de março de 2017 às 08h46.
Pequim - A China registrou seu primeiro déficit comercial em três anos em fevereiro uma vez que as importações de commodities que vão de minério de ferro a petróleo subiram bem mais que o esperado para alimentar um boom da construção.
A leitura das importações reforçou a crescente visão de que a atividade econômica na China acelerou nos dois primeiros meses do ano. Isso pode dar às autoridades chinesas mais confiança para avançar com dolorosas reformas estruturais.
"Suspeitamos que isso reflete amplamente o impulso aos valores de importação do recente salto na inflação dos preços de commodities, mas também sugere que a demanda doméstica permanece resiliente, disse em nota Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
As importações da China subiram 38,1 por cento ante o ano anterior, maior aumento desde fevereiro de 2012, mostraram dados oficiais nesta quarta-feira, enquanto as exportações caíram inesperadamente 1,3 por cento.
Isso deixou o país com um déficit comercial de 9,15 bilhões de dólares para o mês, informou a Administração Geral de Alfândega.
O déficit inesperado acontece no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, eleva a atenção para o persistente e grande superávit comercial da China com os Estados Unidos. Em entrevista à Reuters no mês passado, Trump declarou a China a "grande campeã" da manipulação cambial para tornar suas exportações mais baratas.
Muitos analistas, entretanto, atribuem o raro déficit a distorções provocadas pelas celebrações do Ano Novo Lunar, que começou no final de janeiro este ano mas caiu em fevereiro em 2016. Muitas empresas fecham por uma semana ou mais e a produção industrial e operações nos portos podem ser afetadas de forma significativa.
"Todos os déficits desde 2005 têm sido ou no mês do Ano Novo Lunar ou em um dos meses próximos à data do Ano Novo Lunar", escreveu em nota o economista-chefe do ING Tim Condon.
Ainda assim, os dados combinados de janeiro e fevereiro mostram que o comércio da China subiu 13,3 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, sugerindo melhora real na demanda doméstica e externa.
Analistas consultados pela Reuters esperavam que as exportações chinesas subissem 12,3 por cento, com as importações aumentando 20 por cento, produzindo um superávit comercial de 25,75 bilhões de dólares em fevereiro.