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China anuncia retirada de tarifas sobre a soja e carne suína dos EUA

China impôs tarifas de 25% sobre esses produtos em julho de 2018, em resposta a outros impostos por Washington no ano passado

Soja: China anunciou a retirada de tarifas sobre parte da soja e carne suína importada dos Estados Unidos (Scott Olson / Equipa/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 09h52.

Última atualização em 6 de dezembro de 2019 às 15h47.

Pequim — Em gesto positivo, a China informou nesta sexta-feira que vai abrir mão de tarifas sobre alguns embarques de soja e carne suína dos Estados Unidos, no momento em que os dois lados tentam fechar um acordo para acabar com sua guerra comercial.

As isenções de tarifas foram baseadas em pedidos de empresas individuais para importações de soja e carne suína dos EUA, disse o Ministério das Finanças em comunicado, citando uma decisão do gabinete do país. O ministério não especificou as quantidades envolvidas.

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Diversas fontes do setor privado nos Estados Unidos e na China interpretaram o anúncio como confirmação oficial de isenções tributárias sobre até 10 milhões de toneladas de soja e um volume desconhecido de carne suína que as fontes disseram ter sido oferecido a importadores mais cedo este ano.

A China tinha adotado as tarifas como uma contramedida às taxas impostas por Washington devido a alegações de que a China rouba e força a transferência de propriedade intelectual dos EUA a empresas chinesas. A taxação foi de 25% sobre soja e carne suína, em julho de 2018, com alíquotas adicionais de 10% sobre suínos e 5% sobre soja em setembro deste ano.

A isenção acontece em meio a negociações entre EUA e China para concluir a "fase um" de um acordo para afastar a guerra comercial que tem afetado os mercados financeiros, as cadeias de oferta e o crescimento econômico global.

Inicialmente, esperava-se que um acordo fosse alcançado no mês passado, mas ambos os lados ainda negociam questões importantes, como quais tarifas serão revertidas e o tamanho das compras agrícolas que a China está disposta a fazer junto aos EUA.

Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha dado um tom otimista quanto ao progresso das negociações na quinta-feira, uma nova rodada de tarifas norte-americanas, impostas a cerca de 156 bilhões de dólares em importações chinesas, está prevista para entrar em vigor em pouco mais de uma semana, no dia 15 de dezembro.

Segundo uma fonte do setor, que pediu para não ser identificada devido à sensibilidade do assunto, as isenções tarifárias anunciadas pela China são um sinal de comprometimento do país com o acordo.

"O objetivo (desse movimento) é expandir as compras e tranquilizar os EUA", disse uma fonte chinesa que assessora Pequim nas negociações comerciais.

"Isso deve ser interpretado como um sinal positivo. Apesar das diversas dificuldades políticas que os dois lados enfrentam, cooperação econômica e comercial e ações para conter a escalada da guerra comercial são do interesse de ambas as partes."

Safra do Brasil

No início da disputa tarifária, as taxas impostas por Pequim à soja norte-americana chegaram a levar o fluxo da mais valiosa exportação agrícola dos EUA a uma virtual interrupção, embora a China tenha oferecido isenções a compradores nos últimos meses.

No entanto, tais isenções jamais foram detalhadas publicamente e, de acordo com um analista, já teriam terminado. As novas exceções, assim, podem ter vindo tarde demais.

"As entregas para dezembro já estão bastante grandes, e em seguida vamos entrar na safra do Brasil", disse Darin Friedrichs, analista sênior de commodities da INTL FCStone na Ásia.

"Neste momento, há um espaço limitado para novas compras de soja dos EUA."

As isenções para a carne suína devem atrair maior demanda, uma vez que a criação chinesa de porcos foi dizimada por surtos de peste suína africana, e o país se vê a menos de dois meses do Ano Novo Lunar, período de pico de consumo da proteína na China.

Um segundo assessor do governo chinês disse que as isenções são adequadas para Pequim, pois ajudam a atender à demanda do mercado local por tais produtos e, ao mesmo tempo, a reduzir o superávit comercial com os EUA.

"Podemos muito bem comprar soja dos EUA ao invés da do Brasil. Na verdade, o Brasil está nos vendendo o que era comprado dos EUA, e eles até aumentaram os preços antes de vender para a gente. Nesse caso, é melhor comprarmos dos EUA", afirmou.

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