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Celulares sustentam vendas do varejo

Enquanto outras linhas apresentam redução de até 20%, os aparelhos celulares aumentam sua participação no faturamento das grandes redes varejistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

Se o Dia das Crianças não trouxe a alegria que o varejo esperava - as vendas no estado de São Paulo foram cerca de 5,9% inferiores às de 2002 - e a linha de crédito a juros baixos concedidos pelo governo ainda não tirou do atoleiro a venda de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, pelo menos um produto está aliviando a dor de cabeça dos varejistas: o telefone celular. "É a vedete do momento e o único produto que está sustentando o comércio", diz Marcel Solimeo, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Os números das grandes redes de varejo do país confirmam. Na Casas Bahia, a maior rede de lojas de eletroeletrônicos e móveis do país, com 338 lojas, a venda de celulares deverá representar cerca de 14% do faturamento de 5 bilhões de reais estimado para este ano. Em 2002, esse percentual foi de cerca de 8%. Isso significa vendas de 2 milhões de aparelhos, o dobro do que vendeu no ano passado. Enquanto isso, a venda de produtos da linha branca na rede sofre com uma queda de 20%.

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No Extra, do grupo Pão de Açúcar, e no Magazine Luiza, a situação não é diferente. "Só não vendemos mais em agosto porque faltou celular", diz Jeanloui Germano, responsável pela área de celular do Extra. Naquele mês, com a ajuda do Dia dos Pais, a rede vendeu 112 mil aparelhos - um crescimento de 125% em relação ao mesmo mês de 2002. "O nosso melhor mês até agora", diz Germano. Para todo o ano de 2003, a expectativa é que a receita obtida com a venda do produto seja 85% maior que a registrada em 2002. No Magazine Luiza, a expectativa é ainda mais ambiciosa. "Estamos esperando um crescimento de 150% em relação ao ano passado", diz Julio César Trajano Rodrigues, responsável pela área de telefonia da rede.

Os fabricantes de aparelhos não estão menos satisfeitos. "Se a coisa melhorar, estraga", diz Cesar Keller, diretor de marketing da Nokia. Para não correr o risco de não faturar por falta de produto, a Siemens já se armou para o Natal. Em setembro, a empresa contratou cerca de 100 pessoas para trabalhar na sua fábrica em Manaus. Segundo Paulo Stark, diretor de aparelhos celulares, a expectativa da empresa é que a data responda por 40% da receita de venda de aparelhos em 2003. "Costumamos trabalhar com uma expectativa entre 30% e 35%, mas o desempenho das vendas até agora nos deixou mais otimistas", afirma Stark.

De acordo com uma recente pesquisa da International Data Corporation (IDC) do Brasil, foram vendidos 10,5 milhões de aparelhos celulares (o que gerou uma receita de 4,5 bilhões de reais). O número para este ano não deve ser tão diferente, de acordo com alguns fabricantes. Os mais otimistas falam em 12 milhões. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),o número de celulares em serviço no Brasil, em agosto deste ano, foi de 40 milhões 1 milhão a mais do que o número de telefones fixos em serviços. A maior parte dos usuários brasileiros - 73%, segundo a Anatel usa celular pré-pago. Entre as novas aquisições, o pré-pago também é a vedete, de acordo com o IDC. Do total de aparelhos comercializados no ano passado, 65% custou menos de 500 reais.

O perfil de consumo dos brasileiros torna os grandes varejistas os maiores vendedores de celulares atualmente, já que lojas como Casas Bahia e Magazine Luiza são o principal canal de vendas de aparelhos pré-pagos das operadoras. No Magazine Luiza, por exemplo, os pré-pagos respondem por 88% dos aparelhos vendidos. Nas Casas Bahia, por 95%. O varejo tem grande participação nas vendas. Outros canais, como lojas da própria operadora, vendem menos, mas trazem para a nossa base outro tipo de usuário, o do pós-pago , diz Flávia Barros, gerente de marketing da Oi, que tem 2,6 milhões de clientes. Para ela, o celular está na contramão do varejo brasileiro. Ele virou o produto do momento. Este ano, vendemos mais celulares em agosto do que em maio o que nunca aconteceu antes.

"As operadoras estão bombardeando os consumidores com propaganda", diz Lui, do Extra. "E o resultado disso é que o celular se transformou num símbolo de status, assim como um carro." A Portugal Telecom e a Telefônica, por exemplo, investiram 40 milhões de reais na divulgação da marca Vivo, criada em abril deste ano. A mesma quantia foi anunciada pela Claro, quando a Telecom Américas mudou de nome, em agosto. Se o marketing é forte e o produto pegou, dá para arriscar o palpite de que este será o melhor Natal dos celulares.

Colaborou Camila Guimarães

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