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Caxias do Sul mantém o empreendedorismo e a qualidade

O crescimento da Universidade de Caxias do Sul, a UCS, é fruto das oportunidades da região da Serra Gaúcha. Criada em 1967, ela teve seu maior crescimento nos últimos anos, desde que focou seus cursos nas necessidades locais e espalhou unidades de ensino por toda a região. A UCS descentralizou sua estrutura de forma a […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.

O crescimento da Universidade de Caxias do Sul, a UCS, é fruto das oportunidades da região da Serra Gaúcha. Criada em 1967, ela teve seu maior crescimento nos últimos anos, desde que focou seus cursos nas necessidades locais e espalhou unidades de ensino por toda a região. A UCS descentralizou sua estrutura de forma a atender alunos nas cidades próximas. Em Bento Gonçalves, por exemplo, oferece curso de produção moveleira. Em Caxias, uma economia multifacetada, há desde tecnologia em polímeros e automação industrial a cursos de moda e estilo.

Com 38 cursos de graduação e mais de 32 000 alunos (eram 19 900 em 2000), a UCS tem oferecido cursos de extensão inéditos, como um de produção de queijos italianos para o produtor local agregar valor ao seu produto. Até a pesquisa universitária visa o desenvolvimento da região. Na área de vinho, por exemplo, o instituto de biotecnologia estuda formas de reduzir a acidez característica dos vinhos da região. A economia regional demanda conhecimento e qualificação , diz o reitor Luiz Antonio Rizzon. A própria universidade procurou qualificar seus 1 200 professores. Hoje, 65% deles são mestres ou doutores.

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Já consolidada e com as exportações indo de vento em popa, a indústria local mergulhou de cabeça em programas de qualidade nos anos 90. Caxias detém 20% dos certificados em ISO 9000 do estado , diz Luiz Ildebrando Pierry, coordenador executivo do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade, PGQP.

A excelência da indústria local está atraindo investidores estrangeiros interessados em conquistar o mercado brasileiro e, ao mesmo tempo, abrindo as portas de novos mercados para as empresas de Caxias. O escritório do advogado Zulmar Neves, um dos maiores da região, intermediou seis parcerias entre empresas da serra e estrangeiras nos últimos dois anos e, no momento, está envolvido em outras três negociações. O empresário da serra está aprendendo a conviver com sócios e aproveitar as vantagens da parceria, como abertura de novos mercados , diz Neves. Ele estima que das quase 7 000 empresas do ramo industrial de Caxias, 50 possuam parceiros estrangeiros.

Quem imagina que os antigos controladores das empresas hoje sob comando estrangeiro vão para casa vestir o pijama e aproveitar o dinheiro, esqueça. Ali, a roda da economia não pára de girar. João Cláudio Pante, ex-dono da Hidrover, nem bem vendeu a empresa -- a parte de cilindros para os americanos da Hyco e a parte de válvulas para os dinamarqueses da Sauer Danfoss --, arranjou um parceiro italiano e abriu a BP Hidráulica para produzir comandos hidráulicos.

A questão do design também está ligada, de certa forma, à internacionalização. Ficou para trás o tempo em que se copiava o que se via nas feiras , diz o arquiteto caxiense Paulo Bertussi que, há três anos, trabalha com design industrial estimulado pelo que está sendo chamado na cidade de design estratégico. Uma região exportadora não pode copiar. Junto com o empreendedorismo e a diversidade, o design é outro fator que ajuda a manter a prosperidade desse pólo.

Inovar em todos os sentidos tem sido a tônica da atual fase de expansão da economia local. A Nautos, dona de mais de 90% do mercado brasileiro de ferragens para veleiros - Caxias não tem rio nem mar, nem lagoa, mas lá está a única empresa do ramo da América Latina - equipa os barcos dos velejadores olímpicos, de Amir Klink e de Lars e Torben Grael entre outros, e exporta para mais de 20 países. Desde 1997, a empresa, que tem foco justamente na inovação, abriu uma central de distribuição na Europa. Agora estamos prestes a fechar uma parceria com um grande grupo europeu , diz Hamilton Angonese, diretor comercial e um dos sócios da empresa. Com o acordo, a Nautos deve dobrar seu faturamento até 2005. Hoje, a empresa tem 30 funcionários e fatura três milhões de dólares, mas está entre as cinco do ramo no mundo com a linha mais completa e foi a primeira a lançar em plástico uma peça, o moitão, que em todo mundo é feita em inox.

É com essa criatividade que empresas de todos os portes estão ganhando mercado, especialmente no ramo de utilidades domésticas, um dos que mais tem crescido na cidade. A Luxia, tradicional fabricante de lava-louças comerciais (para bares e restaurantes), resolveu entrar no mercado doméstico, com máquinas compactas, depois que a também caxiense Enxuta faliu. Durante dois anos, a empresa aperfeiçoou o produto e chegou à revolucionária lavadora Ecofast, com ciclo de apenas três minutos. O ciclo normal das lava-louças que estão no mercado é de uma hora e meia , diz Alcioni Dalla Giustina, presidente da empresa. A lavadora recém lançada pode lavar a louça de apenas uma pessoa, gasta menos água do que utilizando a pia e muito menos energia que as concorrentes. A Luxia está produzindo 1 000 unidades por mês, mas a demanda é tão grande - além do varejo, empresas da região, como Dell Anno e Florense vão vendê-la junto com suas cozinhas - que uma expansão está sendo providenciada para que a produção chegue a 5 000 máquinas em janeiro.

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