Economia

Carvão será 1º produto cubano a ser exportado aos EUA em 50 anos

Segundo o presidente da Reneo Consulting, a operação "marca o começo de uma nova era de comércio entre EUA e Cuba"

Bandeiras de Cuba e Estados Unidos: países vivem momento histórico na retomada de relações comerciais (Enrique De La Osa/Reuters)

Bandeiras de Cuba e Estados Unidos: países vivem momento histórico na retomada de relações comerciais (Enrique De La Osa/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 19h46.

Havana - A empresa Coabana Trading LLC, subsidiária da Reneo Consulting, importará aos Estados Unidos carvão vegetal de marabu produzido em Cuba após um acordo assinado nesta quinta-feira com a empresa estatal Cuba Export, o que abre as portas do mercado americano à ilha pela primeira vez em mais de 50 anos.

A operação "marca o começo de uma nova era de comércio entre EUA e Cuba", afirmou o presidente da Reneo Consulting, Scott Gilbert, citado em comunicado da empresa no qual anuncia a assinatura do acordo.

A previsão é que o carvão de marabu, obtido a partir de uma planta de origem africana considerada espécie invasora na ilha, comece a chegar no início deste ano aos EUA, onde será introduzido no mercado pela Fogo Charcoal, uma filial da Susshi International.

O acordo, um dos mais repercutidos dentro do processo de normalização de relações entre os dois países iniciado em dezembro de 2014, foi assinado nesta quinta-feira em Havana e foi divulgado posteriormente através da imprensa oficial.

Assinaram o acordo Gilbert, por parte da empresa americana, e a diretora geral da Cubaexport, Isabel O'Reilly, segundo a agência estatal "Prensa Latina", que detalha que a primeira exportação inclui dois contêineres com 20 toneladas de carvão vegetal, a um preço de US$ 420 a tonelada.

"É um momento verdadeiramente memorável", disse Gilbert, que destacou que o carvão de marabu é reconhecido como "o melhor carvão artesanal do mundo" e se mostrou feliz que os americanos poderão comprá-lo, como já fazem há muitos anos os consumidores da Europa e de outras regiões.

Para Gilbert, a operação é um "perfeito exemplo" de uma associação mutuamente beneficente, já que o marabu é uma planta invasora que se estendeu por grandes superfícies de terrenos férteis da ilha, por isso sua conversão em carvão servirá também para despejar esses campos para cultivos agrícolas.

O carvão é produzido por cooperativas privadas cubanas que com este acordo ganham acesso a um crescente mercado "a menos de cem milhas", o que representa "o primeiro passo do que deve se transformar em uma florescente troca comercial" bilateral com uma grande variedade de produtos como mel e café.

O executivo reconheceu que o embargo econômico e comercial que os EUA mantêm sobre Cuba ainda "limita severamente" as possibilidades, e se referiu a essa medida como "as restrições comerciais e de viagens mais severas" que os americanos já impuseram sobre um país.

"Esta fracassada relíquia da Guerra Fria deveria ser relegada ao lixo da história, ao qual pertence", disse Gilbert, que recomendou aos que discordem de seus argumentos uma viagem a Cuba para interagir com a população e assim poder emitir uma opinião fundamentada.

"Enquanto isso, faremos tudo o que pudermos para expandir nossas relações econômicas com o povo cubano", disse.

Além dos países europeus, Arábia Saudita, Síria, Turquia e Israel são até o momento alguns dos principais receptores do carvão vegetal cubano.

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