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Carros bicombustíveis do Brasil impactam mercado mundial de açúcar

Especialistas afirmam que o incentivo brasileiro ao álcool combustível pode elevar o ritmo de consumo global de açúcar

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h56.

Lançados em março de 2003, os carros bicombustíveis brasileiro, que podem funcionar com álcool ou com uma mistura de álcool e gasolina, exercerão um forte impacto na demanda mundial de açúcar nos próximos dez anos. Segundo Martin Todd, diretor da LMC International, consultoria especializada em agricultura, a tecnologia de bicombustível do Brasil contribuirá para aumentar o mercado global de açúcar a uma taxa média anual de 2,5%, até 2015.

Segundo declarações de Todd ao jornal britânico Financial Times, a taxa prevista indica uma aceleração do consumo em relação ao período de 1991 a 2003, quando a demanda expandiu-se ao ritmo de 1,5% por ano. A média de crescimento, porém, ficará abaixo dos 3% anuais registrados entre 1980 e 1991. Foi na década de 80 que o Brasil apresentou a tecnologia do carro a álcool, que enfrentou um relativo declínio com a crise de oferta de etanol no início dos anos 90.

A produção de etanol para os motores a combustão deverá aumentar a distância entre o Brasil, maior produtor mundial de açúcar, e seus principais concorrentes, como a Tailândia, Índia e Austrália. Segundo o Financial Times, Jonathan Drake, gerente da divisão mundial de negócios de açúcar da Cargill, estima que o Brasil poderá responder por cerca de 60% do comércio mundial dessa commodity agrícola nos próximos dez anos. Mesmo com parte da safra de cana-de-açúcar desviada para a produção de etanol, o país poderá também triplicar suas exportações no período, alcançando 37,1 milhões de toneladas de açúcar em 2014.

O jornal britânico lembra que o Brasil é o maior mercado para veículos automotores da América do Sul e que a tecnologia de bicombustível já responde por 30% das vendas de carros novos. Segundo os produtores de açúcar, cerca de 3 bilhões de dólares estão sendo investidos para que o setor eleve em 40% a produção de etanol, hoje em 15 bilhões de litros por ano, a fim de atender a demanda dos carros bicombustíveis (leia também reportagem de EXAME sobre as dificuldades da indústria automotiva).

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