Canal de Suez bloqueado atrasa cerca de US$ 400 mi por hora em mercadorias
Ainda não é possível saber se a operação para retirar o navio encalhado do Canal de Suez vai demorar dias ou semanas
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2021 às 08h19.
Última atualização em 26 de março de 2021 às 16h56.
Rebocadores e dragas eram usados nesta sexta-feira para tentar desencalhar o porta-contêineres de 400 metros de comprimento que bloqueia há quatro dias o Canal de Suez , mas ainda não é possível saber se a operação para abrir novamente a rota comercial chave entre Europa e Ásia vai demorar dias ou semanas.
O bloqueio do Canal de Suez está atrasando cerca de 400 milhões de dólares por hora em mercadorias, de acordo com dados de transporte e empresa de notícias Lloyd’s Lista.
O Lloyd’s calculou o valor aproximado de mercadorias que são transportadas através do Suez todos os dias: o tráfego no sentido oeste do canal em cerca de 5,1 bilhões de dólares por dia, e o tráfego no sentido leste em cerca de 4,5 bilhões de dólares por dia.
O incidente, que aconteceu na terça-feira, provocou grandes engarrafamentos, com dezenas de navios bloqueados nas duas extremidades e na zona de espera situada na metade do canal. Também causou grandes atrasos nas entregas de petróleo e de outros produtos.
Desde quarta-feira, a Autoridade do Canal de Suez (SCA, egípcia) tenta desencalhar o navio Ever Given, de mais de 220.000 toneladas.
"Estão utilizando rebocadores e dragas para romper as rochas e tentar liberar a embarcação", afirmou à AFP uma fonte da empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do cargueiro.
O Canal de Suez, que separa a África da Ásia, é uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo. Cerca de 12% do comércio global total passa por ele.
A SCA informou que será necessário retirar entre 15.000 e 20.000 metros cúbicos de areia para chegar a entre 12 e 16 metros de profundidade, o que permitirá trazer novamente à tona o colossal porta-contêineres.
Mohab Mamish, assessor do presidente egípcio Abdel Fatah al Sisi para o setor portuário, afirmou na quinta-feira à AFP que a navegação seria retomada "em 48 ou 72 horas no máximo".
"Tenho experiência em várias operações de resgate deste tipo e, como ex-presidente da Autoridade do Canal de Suez, conheço cada centímetro do canal", disse Mamish, que supervisionou a recente ampliação da via marítima, muito movimentada.
Mas algumas horas antes, a empresa holandesa Smit Salvage advertiu que a operação poderia demorar "dias ou até semanas".
A empresa que explora o navio, Evergreen Marine Corp, com sede em Taiwan, encomendou da Smit Salvage e da empresa japonesa Nippon Salvage um "plano mais eficaz" para desencalhar o navio. Os primeiros especialistas chegaram na quinta-feira.
A Smit Salvage já participou em grandes operações de resgate, como o submarino nuclear russo Kursk e o cruzeiro italiano Costa Concordia.